Capítulo 37 - Penúltimo

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Cogito ir até ela ver se está bem, mas então escuto passos. Encolho-me atrás da parede e a escuto se levantar.

– Você veio! – ela diz, parecendo aliviada. O som de um abraço se segue. – Essa foi a última vez, eu prometo. Você estava certo, eu devia ter acabado com isso há muito tempo já.

Percebo que não há motivo para minha presença e simplesmente dou meia volta e vou embora. Nesse tempo, não me importava mais com quem Chloe ficava ou deixava de ficar. Como disse, a paixão platônica foi se dissolvendo com o tempo.

O ambiente começa a ficar verde, e estou novamente no jardim do castelo. Emily corre até mim, e a pego no colo. Chloe sorri de um jeito envergonhado. Ela usa roupas de ginástica e salta de um pé para o outro como se estivesse com pressa. Foi a primeira vez que nos falamos. Ver aquele sorriso de perto trouxe à tona todas as horas em que passei observando-a brincar pela janela durante as aulas. E foi nesse dia que ela voltou para minha vida. Na verdade, ela entrou de cabeça, mas dessa vez, mais forte do que nunca e para ficar.

O verde se vai, e o branco do hospital toma espaço. Estou sentado ao lado da cama, Chloe deitada inconsciente por conta de um envenenamento que ninguém sabia de onde tinha vindo. Acaricio seus cabelos, odiando a palidez de seu rosto, que normalmente é cheio de cor para combinar com seus fios laranjas.

Ela finalmente se move, e como reflexo, aperta minha mão. Um calor atemorizante sobe meu braço até minha espinha, como um choque. Nunca me senti assim antes, com nenhuma garota, com ninguém. Esse foi o momento em que percebi que o que sentia por Chloe nunca iria passar, que o que sentia por ela não era algo passageiro.

Fecho os olhos e ela está em meus braços, está bem agora, feliz e saudável. Falamos de coisas aleatórias, como sempre, e Chloe faz os comentários mais aleatórios e adoráveis que já vi. Estamos felizes, estamos juntos. De repente, a voz pomposa da minha mãe começa a gritar de algum lugar. Viro-me a procura do som, e lá estamos, pós entrevista, quando descubro que duas das mulheres da minha vida haviam mentido para mim. Meu mundo cai, e os olhos de Chloe não parecem mais me banhar, e eu me afogo neles com tudo.

Finalmente chego ao agora, e olhos azuis de Chloe brilham ao longe. Ela acena tristemente, ainda segurando a porta do carro. Aceno de volta, sentindo o peso do que vivemos me puxar para meu próprio abismo.

Ela finalmente entra no carro, Romeu logo atrás, e eles partem para o aeroporto sob os gritos de despedida dos empregados.

[...]

– Imaginei que te encontraria aqui.

Clarissa aparece na porta da academia. Seguro o saco de boxe que acabei de socar e olho para ela, sem fôlego.

– Não fazem nem duas horas, Clarissa... Nem duas horas e já quero correr atrás dela.

– Então por que não corre?

– Sabe que é complicado. Vai entender quando se apaixonar.

– Deus me livre! Não vou amar ninguém. No máximo você, Emily e o pai... Talvez até Connor. Mas se disser isso a ele, eu te mato.

– E como está o pai, por falar nisso?

– Sobrevivendo, eu acho. – Ela se senta ao meu lado. – Acho que ele viveu tantos anos em função da mãe e da coroa que se esqueceu de como é realmente viver.

– Acho que todos nós, em algum ponto, também esquecemos. Essa vida na corte nos fez perder o senso de realidade. Só fui perceber o quão alheio estávamos há pouco tempo atrás.

– Que gracinha... O amor abriu seus olhos, irmão? – ela tira sarro.

– Você brinca porque não sabe o quanto isso é verdade.

A Impostora [Completo]Where stories live. Discover now