Capítulo 2: Conhecendo o desconhecido

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AUDREY ESTAVA EM UMA PEQUENA E ESTREITA CAVERNA DE TETO BAIXO QUE SE alongava e aumentava conforme se adentrava mais no grande espaço entre a abertura da caverna e onde suas paredes se encontravam, a frente de uma fogueira onde as brasas estalavam, em um vermelho vivo ela as observava, vendo as chamas crepitando e fazendo sua luz dançar na parede descendo e subindo, estava sentada em uma rocha não tão grande, sobre a qual nem percebia a ardencia em suas pernas finas pois estava completamente perdida em seus pensamentos. Por que ela cometera a loucura de salvar uma pessoa que ela nunca havia visto?

Ela o encarava enquanto ele estava deitado a menos de tres metros dela, seu peito nu subia e descia acelerado, estava sem a camisa depois dela arrancar-lhe para estudar aquele ferimento e descobrir o que poderia ser feito, depois de limpa-lo, ela costurou de uma ponta a outra, imaginando que se acordado ela lhe arrancaria as mãos por faze-lo.

Enquanto em sua mente um turbilhão de perguntas se formavam com uma velocidade assustadora, Audrey flagrou-se pensando naqueles olhos negros e perguntando a si mesma se não havia imaginado que eram tão bonitos, ou mesmo, tão escuros. Pareciam quase sobrenaturais.

Ela não precisou esperar mais muito tempo até ver aquele homem se levantar com dificuldade e tentar se sentar ereto até tossir e com a mão procurar o ferimento em seu abdômen, ela observou em silêncio, procurando desesperadamente um contato visual com aqueles olhos dos quais não conseguia parar de pensar. Ele parecia não haver notado sua presença até que ela se mexeu e estremeceu respondendo as pernas doloridas que pediam socorro devido ao desconforto da rocha. Ela percebeu então, um par de olhos que a lembraram a noite, sempre tão escura mesmo enquanto escondia um brilho fascinante. Ela sentia o chão se abrindo abaixo de seus pés, enquanto o mundo girava mais rápido, seu estômago se apertou. Ela fechou com força os olhos. Aquele estranho pigarreou e ela encolheu-se. Quando levantou a cabeça seus olhares se encontrarem. Ela sabia que esse era o momento de jogar aquele rio de perguntas sobre ele, mas pacientemente perguntou:

- Eu poderia saber seu nome? - A respiração de Audrey ficou presa na garganta quando ela ouviu a voz em um tom grave mas sedoso quando ele respondeu:

- Eu me chamo Khian, e espero que possa também possa saber o seu... - ele suspirou – Nome.. Quero dizer, saber seu nome. - Um sorriso torto se abriu em seus lábios carnudos, uma sombra de diversão mesclada com alívio dançou em seus olhos enquanto ele a encarava esperando uma resposta. Ele se mexeu desconfortávelmente sobre o tecido velho ao que estava em cima, engolindo em seco.

- Audrey. - Ela sentia as maçãs do rosto ficarem quentes quando rubor subiu as bochechas e sua garganta se tornou áspera.

- Seu nome é tão lindo quanto você.

O que ele estava fazendo? Ela esperava algo como obrigado por me carregar até aqui e por salvar minha vida e não ser cortejada enquanto ele mantinha um sorrisinho no rosto como se aquilo fosse sempre a primeira coisa que fazia ao abrir os olhos.

E que olhos...

Ela esfregou a ponta dos dedos nas têmporas na intenção de afastar o pensamento e tentar se concentrar em não falar todas aquelas perguntas de uma só vez.

- Khian, o que aconteceu com você? Quero dizer.. esse corte? - Ela pensou ter visto uma sombra em seus olhos quando fez tal pergunta, mas antes que Audrey pudesse identificar o era ele respirou tranquila e profundamente e respondeu:

- Se eu lhe contar tal história você não acreditaria em só uma palavra dela. - ele olhou-a nos olhos. Ela não sabia se poderia ou não acreditar, mas sabia que aqueles olhos escondiam coisas, muitas coisas.

- Tudo bem, então apenas me diga.. como veio parar aqui? Eu nunca o vi na aldeia onde moro, você não tem um rosto que se esqueceria fácil. - ela engoliu em seco.

- Eu venho de terras distantes, eu estava fugindo de alguns problemas quando ganhei isso.. - disse apontando para o corte em seu abdômen. - Então pela espada flamejante você me salvou, e nossa, você é uma boa costureira.

O que ele queria dizer com "pela espada flamejante"? Era como se fosse uma oração aos deuses ou seja lá no que ele crê. Poderia dizer-se que ele acreditava em uma religião peculiar.

Ainda fazia piadas como se salvar sua vida fosse algo que Audrey não poderia dar-se o luxo de negar ao fazer. Como ele podia fazer parecer que ela era uma criança imatura perto do que ele achava que era quando ele não sabia nada sobre ela? O calor da raiva subia por seu pescoço e Audrey serrou os punhos.

- Me desculpe por interromper seus pensamentos que definitivamente são mais importantes que minhas perguntas, mas você se importaria se eu fizesse algumas? - Audrey acabará de descobrir que seu rosto era como uma lousa que esboçava todos seus pensamentos como em desenhos, pra quem quisesse ver.

- Uma pergunta, por outra.

- Tudo bem. Irei começar. Porque ajudou uma pessoa a qual não conhece e que poderia bem ser um lunático assassino?

- É uma boa pergunta.. ajudei como ajudaria qualquer outra pessoa.- essa era uma meio verdade, mas ela simplesmente não conseguiria não ajuda-lo, sentia-se atraída a salvar a vida daquele estranho, e quanto mais pensava nisso, mais louco parecia.

- Minha vez. Como isso aconteceu?

- Isso você diz, esse corte? - Ela assentiu e ele continuou - Como lhe disse, eu estava fugindo de algumas confusões e bom, elas me encontraram e eu ganhei isso.

- É uma boa história.

- Minha última pergunta. Como você agiria se eu dissesse que esperei lhe encontrar minha vida toda? - Audrey arregalou os olhos em reflexos involuntários e segurou a vontade instantânea de gargalhar.

Que tipo de pessoa diria isso a alguém que nunca viu na vida? Ele não a conhecia, nunca o fez, como poderia dizer isso? A não ser que..

- Que você é louco.

Ela tinha certeza que existe uma história que não acreditaria por trás disso.

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⏰ Last updated: Jan 18, 2018 ⏰

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