Monólogos de Magrí

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A garota apertou os nós dos dedos com a garganta querendo se fechar. Era uma mistura de raiva com tristeza. Crânio conseguia ser tão teimoso e cabeça dura quanto ela quando queria.

- Você não percebe se a sua teoria estiver correta, você estará sozinho correndo perigo?

- Eu já pensei nisso e não me importo. Sinceramente Magrí, nem tente...

A garota se aproximou mais e segurou as mãos de Crânio com os olhos cheios de lágrimas. O que quer que ele fosse dizer, morreu na garganta. Estava desarmado e sua determinação de outrora esquecida.

- Nem mesmo se eu implorar para você não ir? Eu tenho um mal pressentimento sobre essa viagem. Eu estou... - ela engoliu em seco - Estou com medo de você não voltar.

Crânio a abraçou consolando-a. Por um momento realmente fraquejou e considerou deixar toda aquela história para a polícia resolver. Mas o seu senso de justiça acabou falando mais alto quando se lembrou do cadáver do professor e da esposa, agora viúva, chorando quando foi visitá-la.

Não era justo que os culpados por aquele crime saíssem impune, enquanto que ele poderia fazer alguma coisa ao menos para ajudar a polícia a prender os verdadeiros assassinos.

A verdade é que mesmo estando seguro de que as pistas estavam no Pantanal, tentava não pensar muito nas consequências daquela investigação. E se precisasse de ajuda?

Ainda abraçado a Magrí, por mais confiante que se sentisse, o contato daquela garota sempre bagunçava a sua linha raciocínio, como acontece quando ocorre um pane no sistema. Sabia que iria magoá-la, mas não tinha nenhuma escolha.

Antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa a ela, os alto falantes do aeroporto avisaram para todos os passageiros do próximo vôo a Campo Grande se dirigirem aos portões de embarque. Magrí o soltou e a troca de olhares que tiveram foi o suficiente para ela entender que Crânio não ia voltar atrás. Havia mágoa nos olhos bonitos da menina.

Rapidamente, evitando o olhar de decepção dela, Crânio rabiscou em um pedaço de papel do bolso da calça um número de telefone e entregou a Magrí.

- Se você quiser falar comigo enquanto eu estiver fora, pode ligar para a fazenda da minha tia. Se eu descobrir alguma coisa, você vai ser a primeira saber. Prometo.

Magrí guardou o número no bolso do macacão jeans e abraçou o garoto de novo, dizendo:

- Prometa que vai me ligar.

A voz de Crânio saiu abafada pelos cabelos macios da moça.

- Prometo.

Ele deu um beijo rápido na testa da menina, pegou a mochila e maleta que levava e saiu com pressa em direção ao portão. Se tivesse demorado mais um segundo com Magrí, teria mesmo desistido de tudo aquilo e voltado para casa.

Quando foi que se deixou convencer tão facilmente por alguém? O garoto mal se reconhecia. Aqueles pensamentos dominaram sua mente durante todo o vôo. O caso do professor Elias ficando assim esquecido, enquanto Magrí preenchia e bagunçava qualquer raciocínio que tivesse.

No táxi voltando para casa, Magrí olhava para o céu nublado de São Paulo como se fizesse uma oração, para que todos os anjos celestes protegessem aquele garoto tão especial. Ele ficaria bem, estava certa disso, mas seu coração tinha medo.

Tinha medo de perdê-lo.

***

O ginásio do Colégio Elite estava quase vazio quando Magrí chegou para a aula de ginástica de olímpica naquela manhã.

Canção Vintage (Crânio & Magrí - Os Karas)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن