Monólogos de Magrí

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O cheiro do café que saía da chaleira impregnava o ar da casa quando Magrí desceu do quarto naquela manhã. Cumprimentou e deu um beijo nos pais que estavam de saída para o trabalho. Ainda se espreguiçando, deu bom dia para Joana e as outras empregadas da cozinha.

Preparou o café da manhã como de costume e foi para sala assistir TV enquanto comia. Esperava que ainda estivesse passando desenho animado, pois por mais que não fosse mais criança, ela nunca perdeu o costume de assistir as trapalhadas da turma do Looney & Tunes e do Papa Léguas.

Para sua decepção, não estava passando desenho naquela manhã. Ao contrário, o canal estava no noticiário matinal fazendo uma cobertura de um caso de assassinato que chocou a cidade de São Paulo. O repórter narrava:

- "Elias de Azevedo Júnior tinha 40 anos, casado e com dois filhos. Era formado em Matemática pela Universidade Federal de São Paulo e lecionou para o Ensino Fundamental e Médio por quase quinze anos. O professor trabalhava no Colégio Elite, escola localizada em um bairro nobre de São Paulo, por pouco mais de dois anos. O professor foi encontrado morto na calçada em frente à escola na última terça-feira. O repórter Solano Magal tem mais informações a respeito do caso. Bom dia, Solano..."

A reportagem prosseguiu, mas Magrí não conseguiu assistir e desligou a TV com as mãos trêmulas. O estômago revirava. Desistiu de terminar de comer o resto do café da manhã.

Não havia outro assunto no Colégio Elite a não ser o caso do professor Elias, mas não era somente isso que assombrava a menina.

Após a última reunião dos Karas, Magrí não conseguia mais dormir direito, com um único pensamento martelando na sua cabeça:

E se Crânio estivesse de fato certo sobre a morte do professor Elias?

A menina não conseguia lidar com a possibilidade se provar correta e ela ter deixado o amigo sozinho, correndo grande perigo de cair também nas mãos dos assassinos.

Por mais que ela concordou com Miguel que a teoria de Crânio era muito maluca, a garota não conseguia parar de pensar que o gênio dos Karas dificilmente errava.

Lembrou-se da última vez que falou com ele antes dele partir para o Mato Grosso atrás das pistas que tanto almejava.

Magrí temia que aquela poderia ter sido a última conversa que teve com Crânio.

***

O aeroporto de Congonhas estava muito cheio para um dia de semana devido as férias de Julho que se aproximava. Magrí esperava que não tivesse chegado muito tarde e Crânio já estivesse na sala próxima ao portão de embarque, porque daí não poderia entrar para falar com ele.

Era um dos seus raros dias de sorte, pois o gênio dos Karas ainda estava próximo ao guichê de check-in esperando ser chamado para o próximo vôo para o Campo Grande.

Com determinação, Magrí se aproximou dele. Foi nítida a surpresa no rosto do garoto quando a viu se aproximar. Antes mesmo que Crânio dissesse qualquer coisa, a menina desferiu:

- Crânio, não vai.

Ele deu um suspiro alto e franziu a testa a encarando como se ela fosse uma fórmula matemática difícil de resolver.

- Magrí... Miguel mandou você vir aqui?

- Não, eu vim por conta própria. Esquece isso, volta para casa.

O garoto fechou a cara.

- Eu não vou descansar até eu descobrir quem matou o professor Elias, Magrí. Ninguém vai me impedir, nem mesmo você.

Canção Vintage (Crânio & Magrí - Os Karas)Where stories live. Discover now