Flores sobre o túmulo

13 2 0
                                    

Levei anos na escuridão.

Não tantos.

Mas que me pareceram

Séculos de perecer.

Na completa escuridão.

Até que de mim,

Só restaram

ossos

ressequidos.

Algumas vezes sentia

O vento,

Outras o farfalhar suave

Das árvores.

E o canto

Dos animais.

Por cima do meu túmulo.

Odiava aquela pedra grande e inútil ao qual estava presa.

E isso que nossos mortos ganham.

Pedras, areia, madeira,

E alguns vermes, a dissipa-los.

Ah e é claro, em certos momentos lágrimas falsas.

E flores ainda mais inúteis.

Me roubaram tudo,

E tudo que me deram foi uma pedra, madeira, lágrimas falsas, e algumas flores.

Não quero nenhuma dessas coisas.

Não quero essa beleza inútil,

Que se vai mais rápido do que se desfez meu corpo deixando os ossos ressequidos a vista.

Só para me lembrar de que nada dura,

Da flor bonita,

Aos ossos duros.

Eu quero o sangue dos que me feriram de morte.

Mas pelo menos, as flores mortas deixam o perfume.

E uma tarefa inútil deixar flores que logo secam a um morto mudo.

E o que faria o morto com essas flores inúteis?

Mas pelo menos alguns recebem com sinceridade as flores, e as lágrimas.

O ente querido realmente acredita

Que é um grande e de alguma utilidade esse feito.

E apos se vai, como se tivesse vencido

Um árduo caminho.

Para depois voltar e continuar com sua tarefa inútil.

Nenhuma das lágrimas derramadas por mim foram verdadeiras,

De dor grande e latente.

E as flores, das mais baratas me eram jogadas, como uma esmola.

Esmola essa, que eu nunca quis.

E tão doce essa ironia.

E como doce, quero dizer

Amarga

Como a vida.

Aqueles que me mataram me trazerem flores.

Como se isso fosse um presente

Sendo que eles me tiraram tudo.

E só por mim choraram para que ninguém desconfiasse da morte estranha e inesperada que a garota tão jovem, teve.

O meu nome escrito no túmulo de pedra

Ainda mais, me ajuda a lembrar

Do que tenho que fazer.

Eu não consigo me afastar do meu túmulo.

Parece que a terra

E o ar,

Me puxam.

Como se quisessem de novo me sepultar.

Embora eu

só queira me vingar.

LA única coisa que aqui me agrada e o canto dos pássaros,
E o som das árvores.
Guardarei minha longínqua memória para o dia em que conseguir deixar meu túmulo.
Os dias passam quase como se não passasse.
E como se eu estivesse realizando algo e parasse e pensassem em coisas muito longe muito distantes.
E então retornasse sobressalta.
A onde eu estava e ao que realizava antes.
Foi como que dessa forma que sai da escuridão para meu túmulo.
Só que eu já estava lá.
O corpo não a consciência.
Foi como que acordar de um sonho pra um outro sonho.
Já que essa atmosfera em que me encontro e sobrenatural e irreal
Muito mais, do que de qualquer sonho.
Morrer e um adormecer
Para um Sono do qual não se acorda, mais.
Mas só que eu acordei do meu sonho escuro.
Mas não para a vida.
Mas para algo ainda mais surreal que a vida ou a morte.
Nem percebo quando o dia ou à noite chegaram.
Ou quando uma chuva torrencial passou
Deixando a terra em que resido toda revirada.
Ou quando um período seco passou deixando as plantas quase tão secas quanto os meus ossos.
E como se eu fosse de um instante a outro num pulo
As coisas passadas,
E as de agora.
As vezes o tempo nem passa de tão lento.
Os dias se misturam lentos, embaçados, impossíveis e irreais.
Essas flores hipócritas me doem tanto
Quando a flecha me atravessou as costas.
E como se me matassem de novo,
De novo,
E de novo.
Guardarei as flores dentro da minha ferida aberta que me atravessa.
Para que eu me lembre do meu ódio e da minha dor
Pulsantes.














A TempestadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora