Capítulo 1

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- Papai e mamãe estão brigando de novo - suspiro sentindo as lágrimas caírem. - Sabe, eles brigam muito mais desde que você foi embora. A única coisa com a qual concordam é que vão se divorciar, mas já arranjaram outro motivo, agora brigam para ver quem vai ficar com a minha guarda - soluço. - Eu não aguento mais sabe, eu às vezes penso em ir ficar com você. Você era tão forte, tão diferente de mim que sou fraca e não aguento os desafios da vida, não aguento ficar sem você.

Está bem frio, encaro meus braços começando a ficarem roxos.

- Sabe, acho que vou acabar mesmo indo ficar com você, desde que foi embora não tenho ligado muito para mim ou minha saúde, não como direito e não ligo para o que acontece comigo tem até uns garotos pegando no meu pé, mas não me importo. Eu não quero que algo aconteça comigo, mas não tenho mais disposição para continuar.

Continuo chorando, fico assim por quase meia hora até resolver voltar para casa.

Quando chego me forço a comer, sei que meu irmão não quer que eu acabe como ele, coloco um casaco e deito na cama quente esperando o corpo aquecer também, todo dia faço isso. Talvez eu esteja me torturando, mas não tenho certeza.

Espero a última luz apagar e pulo a janela, o corpo já vai sozinho em direção ao cemitério. Paro ao lado do túmulo dele e ali deito para dormir.

- EI ESTÚPIDA - grita um garoto vindo em minha direção. - JÁ NÃO MANDAMOS VOCÊ PARAR DE VIR AQUI? ESSE É O NOSSO LUGAR.

O encaro sem dizer nada e ele me empurra, estou fraca então caio no chão.

- POR QUE NÃO REAGE? - ele me chuta. - REAJA, SUA MERDINHA.

- ELA ESTA PRATICAMENTE MORTA TAMBÉM - Outro grita e começam a rir.

- Olha, esse é nosso último aviso, saia daqui ou vamos acabar com você.

Não ligo para eles, afinal, o que podem fazer? Não vou deixar de vir aqui, é o único local onde consigo dormir. Encosto a cabeça no túmulo e durmo.

"- O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI DE NOVO? - pergunta, meu irmão, irritado.

- Dormindo - falo.

- Durma em casa. Olhe as roupas que está usando, desse jeito vai morrer de hipotermia.

- Realmente não quer que eu vá praí com você? Mamãe e papai estão me matando - rio fraco.

- Sem piadas, por favor. Não, não quero que você venha, quero que reaja, que viva, e que pare de vir por um tempo, eu não consigo descansar em paz.

- Certo, certo, vou parar de vir - falo baixando a cabeça.

- Ei - ele suspira. - Não é que não queira estar com você, mas você tem que viver com gente viva, tem que viver. Onde estão seus amigos?

- Que amigos? - pergunto. - Você é meu amigo.

- E o Michael?

- Ele e o irmão se mudaram, foram fazer o ensino médio numa cidade maior.

- Não importa - ele diz. - Me prometa, prometa que vai tentar ao máximo, que vai lutar contra isso, que vai se defender desses idiotas e acima de tudo, que vai sobreviver"

- E-eu...

- PROMETA.

- Okay, eu prometo - aceito num suspiro sem saber se vou mesmo conseguir.

- E sobre mais cedo, tudo vai se acalmar com o tempo, você consegue sobreviver a isso, você também é forte e tem um ótimo coração, não deixe o mundo corromper você.

- O-okay...

- E por último, ninguém mexe com a minha irmã, não deixe aqueles imbecis fazerem o que quiserem com você."

Sinto as coisas começarem a embasar, o tempo que passamos juntos foi muito pouco.

- NÓS MANDAMOS VOCÊ SAIR NÃO FOI - diz uma dos garotos de mais cedo me chutando.

- EU NÃO VOU SAIR DESSA DROGA DE LUGAR SÓ PORQUE VOCÊS GAROTOS MIMADOS QUEREM QUE EU SAIA, SEUS MERDAS - vou sair porque meu irmão pediu.

Eles se assustam por eu ter gritado.

- E como você vai nos impedir? - ele puxa meu cabelo com força e mordo seu braço.

- Sua idiota - ele me dá um tapa e depois me carrega e me atravessa em seu ombro.

- ME SOLTA - tento inutilmente me soltar, bato nele, mas estou muito fraca devido aos vários dias sem comer ou dormir direito.

Ele entra na floresta correndo, eu odeio essa floresta com todas as minhas forças.

- ME SOLTA, SEU IDIOTA - começo a bater nele.

- Só mais um pouco.

Depois de alguns segundos ele me joga no chão, aqui é mais escuro do que onde estávamos.

- O que vai fazer com ela John? - Um dos antigos amigos do meu irmão, Carlos, pergunta.

- Não sei ainda - ele sorri.

- Não vai bater nela, certo?

- Não sei, eu devo?

- Ela é só uma garota.

- Uma garota que me mordeu - ele diz com raiva.

- Não deixa de ser uma garota, ela só está triste com a morte do irmão - agradeço a ele por distraí-lo.

Sorrateiramente me arrasto para trás, o bastante para levantar e começo a correr que com toda minha força.

- PEGUEM ELA, SEUS IDIOTAS - ele dá um murro em Carlos, mas não tenho tempo para me sentir culpada.

Corro o mais rápido que consigo, com minhas pernas fracas, por mim, pelo meu irmão.

Tento de tudo, virar bruscamente, mudar a direção, até penso em subir numa árvore, mas seria meu fim, eles provavelmente fariam mais rápido. E estão muito próximos de me alcançarem, quando vejo uma casa velha, praticamente em ruínas.

Mesmo sendo uma ideia ridícula, entro pensando em sair pela janela mas eles não vem atrás de mim, ao invés disso, fecham a porta.

- O QUE ESTÃO FAZENDO? - grito.

- O CARLOS NÃO VAI TE AJUDAR AGORA, NÓS ESTAMOS DANDO UM JEITO NELE - ouço um barulho forte e grito, a casa e a floresta estão escuras, não consigo achar uma saída do local.

- PAREM COM ISSO - bato na porta com toda a minha força.

- O QUE VAI FAZER? ESTÁ PRESA AI DENTRO, DO JEITO QUE É FRACA NUNCA VAI CONSEGUIR SAIR. ADEUS.

- ESPEREM - grito mas não ouço mais nada lá fora.

Saio andando com as mãos nas paredes em busca de uma abertura, mas não encontro, não é possível que não tenha uma saída.

Respiro fundo tentando ficar calma. Eu prometi a meu irmão que iria sobreviver, não posso desistir desse jeito. Então vou para onde acho que é a porta e começo a jogar meu corpo contra ela. Eu vou sair daqui.

The Curses of Schwarzwald Cursed Soul (myg) (CONCLUÍDA) [SENDO REPOSTADA]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang