"Valorize quem te ama"

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  Ela era a típica namorada ciumenta, sem estabilidade emocional. Já estávamos namorando a um bom tempo, e ela brigava por qualquer coisa, eu sempre dava um jeito de trazê-la de volta, acalmar ela, mas nesse dia eu não estava bem e acabamos brigando por causa de uma porcaria de celular, "não larga esse celular nem quando eu tô aqui" ela também gostava de dizer que eu mudei, que já não dava mais atenção pra ela como antes, e que já nem sabia se eu ainda a amava.. Isso me entristeceu pois sempre fiz tudo por ela, mas em um ato de infantilidade, tratei-a com muita indiferença como se ela fosse um "tanto faz" "quer ir vai," "não faz diferença pra mim" e foi o que ela fez...
Arrumou as coisas dela e pediu pra que eu a levasse na estação de metro que era a algumas quadras da minha de casa.. Eu disse que não, que se ela fosse não precisaria voltar nunca mais. Ela olhou pra mim com os olhos cheios de lágrimas, pegou a mochila com as poucas roupas que tinha trazido pra passar o final de semana e saiu pela porta..
Eu pensei um pouco, levantei e fui até o portão, só que ela já estava longe, na ponta da rua. Vi suas pernas curtinhas, passos rápidos, levantando o ombro que estava a alça da mochila e aquela puxadinha que ela costumava dar na calça quando o jeans era justo, ela olhou pra trás por um longo segundo antes de virar a esquina.
Aquela, foi a última vez que eu a vi...
Dois dias depois sabe o que ela era pra mim? Desaparecida. Não chegou em casa.
A mãe pensou que tinha passado o final de semana comigo mas ela voltou no mesmo dia que chegou.. Bateu o desespero!!! Que não teve nem tempo de durar muito, porque algumas horas depois a mãe dela ligou pra minha casa dizendo que a culpa pela filha dela estar no necrotério público era minha.
Foi assaltada no caminho da estação, levou 2 facadas, uma no meio da mão, provavelmente pra se defender e uma no pescoço, fatal. Levaram só o celular.
Cada palavra da reportagem que eu lia no jornal era como se fosse uma facada na minha alma. Chorei por dois dias. Perdi o emprego, pois não tinha capacidade de ir trabalhar, parei com os estudos, me tranquei no meu quarto onde passei os próximos 7 meses dormindo e torcendo pra nunca mais acordar, indo ao banheiro, sem vontade de comer, tentei me suicidar duas vezes... Mas isso só me rendeu alguns pontos e dor, muita dor..
A dor das feridas não era nada comparado a dor do arrependimento que eu sentia, por não ter corrido mesmo descalço até o fim da rua atrás dela e dizer "amor volta pra casa, ta frio aqui" ou qualquer coisa que fizesse ela voltar.. que trouxesse ela de voltar pra mim, daria qualquer coisa pra ouvir as reclamações dela outra vez, que no fundo era só porque ela queria minha atenção, ou porque se importava comigo, provavelmente mais do que qualquer pessoa, é muito ruim quando você comete um erro, mas é horrível quando você sabe que nunca terá chance de conserta-lo.
Eu só quero dizer pra você que está lendo isso, que se você tem uma garota só sua que te ama, que não mede esforços pra estar com você, não deixe ela partir. Nunca. Segure ela com todas as tuas forças, abrace ela sempre que puder e diga que a ama, que ela é a coisa mais preciosa na tua vida, como eu não tive chance de fazer. Caso contrário, se um dia você deixá-la partir, você vai viver como eu, vazio e cheio de saudades dela.
Em uma noite fria de julho deixei minha namorada sair de casa sozinha, pra estação pegar o metrô.
Ela nunca mais voltou...


Autor Desconhecido  

Reflexões de Charlles PhetterWhere stories live. Discover now