Capítulo VIII- Cerco Fechado

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— Ou? — a cortou, apreensivo.

— Namorados... — soltou.

A gargalhada alta ecoou pelos ouvidos de Greicy, a face diante de si ganhou um tom rubro pelo riso espalhafatoso, que havia atraído alguns olhares para a mesa onde estavam. A carranca formada no rosto da garota a deixava com uma expressão de poucos amigos, agora era ela quem queria entender as coisas. Após se recuperar do riso, Yan soltou:

— Minha nossa, tu é muito engraçada — riu mais um pouco.

— Eu falei sério, moleque — respondeu direta, sem seu riso de sempre.

— Ué, gosto de mulheres — cessou sua fala por um momento, pensando em Tyler e seus comportamentos um tanto suspeitos — e o Tyler, não me leve à mal mas, bem... tenho lá minhas desconfianças, mas se ele fosse gay, bi... sei lá, já teria se abrido comigo — encarou a garota, firmando uma mão em seu ombro — já que sou o melhor amigo dele.

Greicy assentiu, voltando a sorrir e praguejando Tyler aos quatro cantos em sua mente. Como podia ser tão cabeça oca a ponto de guardar aquele peso para si? O amigo nem havia demonstrado preconceito algum. Ela então se levantou, murmurando desculpa e beijando o rosto do garoto, em despedida, saindo do refeitório logo em seguida. Deixando Yan lá, sentado e confuso, com as dúvidas referentes à sexualidade do amigo ainda maiores. Como assim aquela garota achava que eram um casal? Nunca algo assim havia passado por sua cabeça; um por ser hétero, dois por não ter convicção da orientação do amigo. Mas já fazia algum tempo que gostaria de ter aquela conversa com ele, talvez aquela fosse a hora certa.

Teve então, seus pensamentos cessados com o vibrar do celular em seu bolso, indicando uma mensagem que acabara de receber de Tyler: Leva minha mochila na diretoria.


[Tyler]

Seus olhos já pesavam, tendo sua cabeça deitada no travesseiro. O tempo estava passando e ainda faltava cinco comprimidos e dez gramas para finalizar sua venda do mês. Estava feliz, por fim; sua mãe havia conseguido recuperar o trabalho, só precisavam se preocupar com o mês até ela receber. As duzentas e cinquenta lunas que Tyler iria conseguir ajudariam nisso, mas não resolveriam.

Seu celular, posto ao bidê do lado da cama, acendeu a tela, quebrando a treva daquele cômodo, iluminando-o parcialmente. Preguiçosamente deslizou o braço até alcançá-lo: uma nova mensagem. Franziu o cenho, a mensagem era de um comprador; seus olhos brilharam, uma mistura de apreensão com felicidade o tomou, fazendo-o iniciar um copioso digitar para a pessoa.

O desconhecido havia perguntado-lhe quanto de mercadoria ele tinha, e ao falar a quantia, ele quis levar tudo. Tyler não poderia ficar mais feliz que aquilo, seu coração aquiesceu no peito, já sentia-se parcialmente livre da tensão que estava sentindo naquele mês. Mas o sorriso mínimo fechou-se no momento que o desconhecido pediu para ele levar o produto até sua escola, no banheiro ao fundo do refeitório, onde quase ninguém ia por ser da antiga reforma do colégio, sendo um dos cômodos mais velhos do local. Porém ele precisava vender, tinha que acabar com aquele aperto em seu peito e se livrar daquele meio de ganhar dinheiro, não precisava mais daquilo. Suspirou alto, tomando o celular em mãos e respondendo positivamente, confirmando a venda na manhã seguinte. 

Estava feito.

Largando o aparelho no mesmo lugar de onde o tirou, Tyler se ajeitou na cama, fechando seus olhos. A mente barulhenta seguia em linha tênue consciência adentro, impossibilitando que dormisse de imediato, tendo então, que aguardar incontáveis minutos até que a trégua aparecesse e seus olhos obtivessem o descanso que tanto ansiavam.

Delitos (Romance Gay)Where stories live. Discover now