Feliz Natal, mamãe e papai

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[N.A: Shipps: Fralice e Nuna]

Dor, gritos e paredes brancas. Alice e Frank Longbottom tinham vagas lembranças assim. Quando a dor e os gritos finalmente acabaram, vieram as paredes brancas e seu silêncio. Todos os dias eram basicamente iguais, até uma grande árvore aparecer no quarto do casal Longbottom.

Grande, brilhante e enfeitada com bolas coloridas, atraía a atenção deles. Ao acordar, Alice gostava de ir à árvore e segurar um dos enfeites, principalmente dos vermelhos. Às vezes, Frank a acompanhava, apontando seus enfeites favoritos. As pessoas com roupas brancas que tomavam conta dos Longbottom deixavam-nos à vontade, mantendo olhares atentos sobre eles.

Enquanto Alice e Frank admiravam a árvore, uma senhora caminhava sem pressa, segurando a mão gorducha de seu neto. O menino, Neville, tinha na outra mão um avião de plástico, presente de Natal da avó, e brincava de fazer acrobacias.

Chegaram ao hospital St. Mungus, já decorado para a época natalina. A senhora resolvia a burocracia, Neville soltou-lhe a mão e até a árvore no meio salão, decorada com bolas, luzes e bonecos de neve. Furtivamente, o menino colocou um boneco de neve no bolso antes de voltar para junto da avó.

Seguiram até o quarto; na porta, Neville estancou, não conseguia dar nenhum passo. Reconhecia as pessoas naquele quarto. Mamãe e papai. Seus rostos tinham expressões confusas, como se também o reconhecessem, mas sem saber de onde. Encorajado pelo sorriso da avó, caminhou lentamente na direção da mãe e deu-lhe o boneco de neve surrupiado, com lágrimas nos olhos.

Augusta observava a cena com curiosidade, apreensão e emoção. Lembrava perfeitamente de como Alice e Frank esperaram ansiosos a chegada do filho; de como comemoraram seu primeiro Natal, com muitos biscoitos de gengibre, e lá estavam eles, encarando Neville perplexos, se esforçando para saber quem era aquele menino.

Alice se levantou e foi até a árvore, Neville e Frank fizeram o mesmo e assistiam enquanto ela escolhia a bola vermelha mais bonita que pudesse encontrar. Quando enfim encontrou uma que a agradasse, colocou na mão do menino, sorrindo.

"Obrigado, mamãe."

Os olhos de Alice marejaram. Frank segurou a mão da esposa e afagou a cabeça do menino.

"Mamãe", Alice murmurava, tentando entender o que aquilo significava.

Vendo que ela já estava muito emotiva, Augusta abaixou-se ao lado do neto e disse-lhe:

"Está na hora. Diga a eles que volta em breve."

Acenando, Neville disse:

"Feliz Natal, mamãe. Feliz Natal, papai. Eu volto logo", e deu a mão para a avó, deixando o quarto.

***

Os anos passaram, Neville cresceu, e embora ele e Augusta tivessem esperanças, Alice e Frank nunca melhoraram de vez, apenas avanços quase consideráveis, como reconhecer os rostos de Neville e Augusta e balbuciar seus nomes. E todos os anos, eles continuavam indo ao hospital no Natal, e Neville lhes dava de presente um enfeite tirado às pressas da árvore do andar inferior e ganhava uma bola vermelha brilhante. Agradecia e devolvia a bola à árvore da qual tirara o enfeite ao chegar.

Ele contava suas novidades para os pais, mesmo que não entendessem, mas se sentia melhor ao compartilhar as mudanças, como os N.O.Ms e N.I.E.Ms que obteve e seus medos sobre a guerra que viria, além da crescente paixão pela colega da Armada de Dumbledore, Luna Lovegood — Frank sorria com gentileza sempre que o filho mencionava o nome da menina.

Depois da guerra, Neville e Luna se casaram, e não passariam o Natal de outra forma que não fazendo uma visita ao St. Mungus. Seguiram todos os passos. Surrupiaram enfeites — Luna também queria presenteá-los — e ganharam enfeites também.

Ansioso, Neville apresentou Luna aos pais. Eles ecoaram o nome dela, com a voz confusa, e ele entendeu que haviam gostado dela. Frank pôs as mãos nos ombros de Luna, e sorrindo, disse:

"Cuida. Meu filho."

"Com certeza, senhor", a menina se pôs na ponta dos pés e beijou a testa do homem. "Tenha um bom Natal."

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