Capítulo 16 - Não me JULGUE

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Mulheres são moldadas pela sociedade para corresponder aos estereótipos padrões, independente do que tivesse feito em sua vida, permanecia sendo uma mulher nos olhos da sociedade. Não importava seus feitos, o que importava era como estava o casamento, como manter o cabelo sedoso e o porquê de suas unhas não estarem feitas.

Ser mulher é permanecer lutando para não se deixar ser modificada, todos os dias.

Só que lutar cansa.

Lutar em um ambiente hostil cansa mais ainda.

Em todos os lugares seria assim, é claro. Só que não sabia se tinha a mesma força das outras pessoas — das outras estilistas — e, ao mesmo tempo, não queria ser fraca a ponto de deixar se esvair. Queria ter seu estilo, sua forma de pensar, queria tentar e isso tudo parecia ser ainda mais complicado com o passar do tempo. O mercado de trabalho soava de forma rigorosa e ridícula, comporte-se como uma dama ou esteja fora dele.

Roupas, beleza, peso, tudo deveria ser padronizado. Detestava tanto aquelas coisas que já não se lembrava por que um dia quis entrar naquele rumo, apesar de que não sonhava com o termo arrependimento. Não, eram ossos do ofício, pequenas tristezas que deveria acatar e superar para alcançar o seu objetivo.

A moda era uma parte de si, trabalhar com aquilo era seu sonho e estava realizando-o — mesmo que aos poucos — , não tinha direito de reclamar. Um pouco mais de esforço, só mais um pouco, e poderia ter tanta liberdade quanto as suas superiores.

Ser tão respeitada e livre quanto sonhou ser.

Fechou os olhos. Não queria olhar para frente, não queria se ver.

É que não queria estragar a imagem daquela menina que um dia foi — não, sua antiga eu era bonita, interessante, sabia lidar com os problemas e achava as coisas bem mais simples. Não, sua antiga eu não estaria chorando de frente ao espelho por simplesmente não poder descolorir um cabelo para pintar de novo.

Ela já teria ido ao shopping, comprado alguma coisa e jogado no cabelo para manter a cor. Costumava ser mais esperta no passado, adultos costumam fazer tempestades em copos de água — adolescentes também, mas isso não vinha ao caso.

Ao mesmo tempo, adolescentes não precisavam se importar com todas as outras coisas — o julgamento sobre ser uma boa mãe nunca existiu na sua adolescência — , eles não ligam para o quão longe seus pés estão do chão e quem sabe seja por isso que consigam dar saltos tão altos.

Quem sabe seja por isso que conseguem voar.

Agora que pensava sobre o que tinha conquistado até então, notou que quase tudo foi por mérito da personalidade sonhadora que possuiu um dia, não fosse por seu passado, nunca teria alcançado coisas como: o estágio na Sales, a bolsa de estudos em Paris ou Luan.

Nunca teria chegado a lugar nenhum.

Adolescentes não pensam se algo é impossível ou trará consequências, são impulsivos, apenas fazem e deixam que o tempo entregue o que tiver que entregar. Julgamentos dos adultos? Isso era a típica coisa da qual eles costumavam rir e escrever algum texto da internet sobre se aceitar como é. Adolescentes podem ser cruéis e terem mentes de adultos, claro, já tinha sido uma, só que não era algo que os definisse. Ou, pelo menos, não definiu a sua fase.

Não me TOC [COMPLETO]Where stories live. Discover now