Capítulo 2

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Boa leitura! Espero que gostem!

* * *

  Eu ficava zangada com papai toda noite quando ele tirava um livro de mim, principalmente quando eu o terminava, tendo a possibilidade de nunca mais o ver.

  Então, papai comprou uma prateleira para colocá-los. Mamãe ficou uma fera, dizendo que ele estava gastando dinheiro com coisas inúteis, e que provavelmente daria ainda mais trabalho a ela, já que a prateleira deveria ser limpada com frequência para que os livros não fossem estragados.

  Ela não ficou menos descontente quando dissemos que nós mesmos limparíamos a prateleira. Ela não confiava mais em nós desde que falamos a mesma coisa sobre o cocô de BomBom, o cachorrinho que nós dois imploramos a ela para poder ter.

  Bem... No final foi ela quem acabou cuidando de tudo relacionado ao cãozinho. Eu e papai apenas brincávamos com ele e o ajudávamos a fazer ainda mais bagunça.

  Mamãe ficava muito nervosa. Tentava nos ignorar, mas não conseguia por muito tempo, já que em questão de segundos já estávamos aprontando de novo, e ela vinha para nos dar sermão.

  Mamãe não sorria com frequência, e nunca chorava. Papai dizia que ela era feita de pedra, em seguida levava um tapa no braço por parte de mamãe, eu achava aquilo tudo muito engraçado. Papai retirou o que disse, alegando que ela era elegante demais para ser feita de uma simples pedra, então disse que ela era feita de diamante, belo e inquebrável. Foi uma das poucas vezes em que ela sorriu. E foi, definitivamente, um dos sorrisos mais belos que eu já vi. Um sorriso de diamantes.

  Quando menos me dei conta, eu e papai já estávamos sorrindo também. Os diamantes de minha mãe não eram apenas belos e inquebráveis, também eram contagiantes, e eu gostava daquilo.

  Na semana seguinte seria meu aniversário. E eu já sabia o que aconteceria, o mesmo que acontece todos os anos. Meus priminhos viriam juntos de meus tios, porque aquele seria o dia ideal para brincar. Mas eu nunca brincava com meus primos, eles diziam que eu era muito nova para brincar com eles, e que eu apenas os atrasaria. Minha mãe me levaria para a igreja, e meu pai também, para agradecermos a Deus por mais um ano de vida. Ela fazia isso todos os anos mesmo eu não me lembrando dos meus primeiros aniversários. Eu ganharia uma boneca ou um ursinho de pelúcia cor-de-rosa.

  E foi basicamente isso o que aconteceu.

  Teria sido igual a todos os anos, se não fosse pela brilhante ideia de papai de me dar um livro. Mas não era um livro qualquer. Eram sete em um.

  Fiquei muito animada ao ver aquela capa escura com um leão dourado, os olhos azuis olhando fixamente para mim, bondosos e gentis.

  - Se você não achar As Crônicas de Nárnia a história mais incrível do mundo, eu te deserdo! - papai disse, tendo consciência de que naquela época eu não sabia o significado de "deserdar", eu apenas sorri e fui correndo para o quarto, ignorando minha mãe que gritava para mim continuar na tediante festinha. Eu apenas queria ler. Descobrir quem era aquele leão e porque ele me fascinava tanto.

  Antes de virar a capa fiquei pensando por um instante. Tive medo de gostar tanto daquele novo livro e acabar me esquecendo do coelho, do Chapeleiro e da Alice, então pus o livro no fim da cama. Nas pontinhas dos pés para conseguir o tamanho preciso para alcançar a prateleira, peguei o livro que continha um país de maravilhas em suas páginas, e o reli, com ainda mais entusiasmo que na primeira vez.

A menina que gosta de lerOnde histórias criam vida. Descubra agora