Prólogo: Na teia da Aranha

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   O som dos passos apressados sobre as folhas secas e galhos quebrados parecia sumir, enquanto a chuva aumentava sua intensidade. O vestido de tecido grosso começava a ficar ensopado, dificultando a corrida. A garota corria como se sua vida dependesse disso, e dependia, na verdade.

   Por um momento, naquela mata fechada e úmida, tropeçou em seu vestido, caindo e rolando morro abaixo, onde daria em uma estrada. Sua perna ardia e as lágrimas começavam a brotar de seus olhos. Os latidos dos cães não eram mais ouvidos por si, apenas relinchos insistentes.

   Usou um pouco de força para enxergar a visão embaçada de algo luminoso em sua frente. As únicas coisas que conseguia distinguir eram cavalos e um cocheiro. Sua respiração estava entrecortada, e sentia-se cansada demais para fazer algo. Então apenas desmaiou.

   Seus olhos se abriram devagar, e então finalmente conseguiu visualizar algo. Um teto branco, decorado com pequenos e delicados desenhos. Seus olhos se arregalaram, dando-se conta da grandiosidade do ambiente. Rapidamente sentou-se, sentindo sua garganta seca. Seu corpo repousava sobre uma cama grande, de seda. Vestia apenas uma camisola, deixando-a mais leve.

   Não pode ser, pensou. Ele deve ter me encontrado e...

   Seus pensamentos foram interrompidos quando visualizou uma mulher de pele morena, longos cabelos trançados platinados e olhos violetas, sair pela porta do quarto, deixando-a ainda mais confusa.

— O-Onde estou? — Perguntou a si mesma, olhando o quarto. Tirou o lençol de cima de si e levantou-se, sentindo a ardência de antes da perna. Havia um corte, porém não sangrava, como se tivesse sido cuidado há um tempo. Andou com dificuldade até a janela do quarto, tentando olhar algo do lado de fora. Porém, o temporal não permitia. — Ele não pode ter me achado...não pode. — Dizia a si mesma, com medo. Nem percebeu quando a porta foi novamente aberta.

— Ele quem? — Virou-se rapidamente, encarando a pessoa que havia entrado no cômodo. Era um garoto jovem, porém, aparentava ser mais velho do que ela. Vestia uma roupa um tanto extravagante e usava botas. Os fios loiros em sua cabeça contrastavam com seus intensos olhos azuis. Deu um sorriso ladino. — Vejo que acordou.

— Q...Quem é você? — Perguntou, dando um passo para trás, encostando-se na janela. Agradeceu aos céus por aquela camisola cobrir seu braço até o cotovelo e por sua barra ir até os joelhos. — Como me achou?

   O loiro pareceu medí-la de cima a baixo, como se quisesse disseca-la aos poucos. Sua expressão mudou para um sorriso. — Não foi difícil sabe, você caiu na frente da minha carruagem. O que foi um tanto quanto rude. — Começou a andar na direção da menina, que mantinha seu olhar fixo ao do garoto. Estava com medo, muito medo. Mas tinha que admitir que ele era bonito, e tinha um olhar hipnotizante. Quando se deu conta, estavam a uma distância mínima. — Você tem belos olhos.

   Comentou, fazendo com que ela arfasse com a audácia do garoto. Sentia seu sangue subir às bochechas, ficando corada. Ele riu.

— Eu...— Tentou formular alguma frase, mas simplesmente não conseguia. — tenho que ir embora.

— Você não vai a lugar algum. — Disse, mudando a expressão rapidamente. O sorriso encantador que ela havia presenciado antes, se transformou em uma carranca. — Eu te achei. Você é minha.

— Eu não sou uma coisa, milorde. — Falou. — Não pode me tratar como tal.

   Repentinamente sentiu um forte aperto em seu braço, fazendo-a grunhir de dor. — Você não tem que escolher nada. Caiu em frente à minha carruagem como um trapo velho, e me fez trazê-la até minha mansão. Acha que tem algum direito de me responder?

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2017 ⏰

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