That tear up my reputation

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05/07/2005 -- Praia da Sereia.

Valmir, Luis e Edimilson. Os três nomes conhecidos desde de pequenos por toda a cidade. O trio era famoso desde época de escola, por suas pegadinhas. Tocavam nos shows de talentos, paqueradores que eram. Luis e Edimilson eram amigos desde pequenos, Valmir chegou depois do oitavo ano, mas parecia amizade de anos. De vidas, ousava dizer a dona Lúcia, que ninguém sabia, mas era uma garotinha que foi adotada por Teresa. A mesma que se apaixonou pela sereia décadas atrás. Tez adotou Lúcia em 1961, morreu em 1982. A menina, em 2005, tinha seus 48 anos e era dona de uma vendinha de legumes, frutas e vegetais, que ela mesmo plantava. Ela sabia bem que o trio amava suas maçãs. Muito sensitiva e sábia, podia se dizer conhecida do mundo todo. Ela não soube pela mãe sobre Kauany, mas a própria sereia foi atrás dela antes de sumir no mundo. Ou deveria dizer mar?

Mas disso, ninguém sabia. Depois do roubo do Ka Lei, Tereza foi quase que apagada da história. Dona Lúcia era só a senhora da vendinha. Sentia a energia de cada um dos três meninos, e Valmir sempre a fez ter gosto de alumínio na boca. Voltando o foco aos rapazes, Ana tinha seus onze anos quando eles saíram com o barco para fazer a maior pesca do ano. Outros marinheiros haviam ido junto, como o pai de Bárbara, entre moradores que hoje não seguem mais a profissão, culpa desse acidente. Em 2005, Ana já tinha seus onze anos, e Vitória, dez. O grupo navegava tranquilamente, até a tempestade os atingir. Todos sabiam que no fundo o objetivo deles era achar alguma sereia, a lenda era tão forte na cidade a tanto tempo, eles sabiam que ficariam ricos se conseguissem provas. Mas infelizmente, uma tempestade terrível atingiu o grupo. O acidente em sí é confuso demais até para os que estava no barco. Valmir disse que a tempestade não era tão forte assim, mas alguma coisa bateu contra o barco. Luis jura que a única coisa que os atrapalhou foi uma onda muito forte que atingiu a lateral do barco. Edimilson diz que o problema maior foi o peso de alguma coisa na rede.

Eles estavam usando a rede para pegar um cardume que passava ali, o tempo já estavam ruim quando se aproximava do ponto de pesca do dia. Luis controlava o barco e Valmir era seu co-piloto, ótimo em se localizar e auxiliar o amigo. Edimilson era o que mexia na rede, com outros rapazes que vieram pra ajudar, dentre esse eu poderia citar vários nomes, que você ainda não conhece: Manuel, Welton e Guilherme. São os nomes que você precisa se lembrar. Eddie lembra bem do momento que algo grande se prendeu na corrente e tirou o equilíbrio do barco, sendo puxado em direção para a esquerda. Era como se algo tivesse entrado na rede e estivesse tentando se soltar.

-- Eddie, o que houve? -- Gritou Luis quando sentiu o barco ter um muito grande, um trovão invadiu o céu e uma onda bateu na lateral direita do barco. Tudo que havia ali no barco foi jogado para a esquerda. Algo bateu com força contra o casco, não era um barco grande, nem tão resistente, então o impacto se espalhou por todo o barco.

-- Alguma coisa prendeu na rede! -- Edi gritou, encarando os rapazes. -- Eu terei que cortar, mantenha o barco firme.

Os outros dois rapazes se esforçaram para isso acontecer enquanto Eddie puxou seu canivete e foi até a beirada do barco tentando alcançar a corda. Mas uma onda forte bateu no barco, fazendo ele ir ao mar. Assim que ganhou, as ondas ficaram mais fortes em volta dele. Ele se esticou para cortar a corda, que partiu com um pouco de dificuldade, mas o barco estabilizou, mas Edimilson ainda estava na água. Quando viu a rede não cair de imediato, olhou com mais atenção. Um brilho dourado estava ali, iluminando o oceano. Uma sereia de cauda dourada e cachos loiros, olhos cor de pedra de opala verde encararam o pescador. Esse nadou em sua direção, cortando o que a prendia. Estava quase sem fôlego quando terminou, a cauda dela não estava exatamente bem. Ela o segurou e o puxou.

Essa parte da história ele não se lembra, mas a sereia era Malu, mãe de Vitória. Não era pura, seu pai era híbrido e sua mãe sereia pura, aos poucos esses seres de cauda totalmente puros se tornaram raros. Ela bateu a cabeça contra o cais, e a cauda nas pedras. Um pedaço da pele, das escamas, se desprendeu e o ferimento sangrava muito. Por dificuldade ao nadar e o peso do homem, ele acabou com uns ferimentos no corpo, um corte na testa principalmente. Ela o deixou na gruta, onde foi encontrado dias depois. Infelizmente, os efeitos dos ferimentos tomaram conta dela. As sereias puras não morriam, porém, ela tinha sua parte humano. Isso a fazia mortal.

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