CAPÍTULO 2-LUCIANO VOLTA AO CONSULTÓRIO DE PAULO

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Paulo ficou surpreso ao ver Luciano na sala de espera dois meses depois.

— Então você voltou...decidiu recuperar o dente?

—Na verdade, o senhor disse que poderia dar um jeito pra mim. O dente não para de doer e às vezes fica inchado.

—Veio sozinho...onde está aquele seu amigo?—não conseguiu controlar a curiosidade.

—Ele não veio...vim sozinho e...Desculpe por aquele dia...eu sinto muito...me atrapalhei todo...não era pra fazer orçamento...na verdade, eu só preciso que olhe esse dente pra mim...desculpe por aquele dia...—repetiu atrapalhando-se todo.

Paulo notou  a cicatriz recente próxima ao olho esquerdo. Ficou desconsertado quando notou que o rapaz percebera o seu olhar e tentava escondê-la com uma mecha dos cabelos, que estavam maiores. 

Na cadeira, os cabelos levemente se afastaram e o dentista pode notar o quão próxima a cicatriz estava do olho direito do rapaz. Ficou imaginando o que teria provocado o ferimento tão arriscado à visão.

Virou-se pra pegar um aparelho e quase surpreendeu a mão que se afastou rapidamente e que se levantara para tentar ajeitar novamente a mecha sobre a cicatriz.

Paulo não disse nada, não sabia o que dizer. Os cabelos maiores eram usados para disfarçar a cicatriz recente.

Agora ele usava uma blusa branca, gola em V, calças jeans com algumas manchas de tinta e a mesma sandália marrom. Novamente, os pés lhe chamaram a atenção, pois ele, novamente, encolheu os dedos quando Paulo tocou no dente infeccionado.

 Aqueles dedos pareciam pedir para serem beijados...pensou Paulo desviando relutante os olhos dos pés de Luciano.

  — Não posso arrancar este dente...Se eu o arrancar, ele te fará muita falta no futuro. E aí terá que implantar outro que, acredite, vai ficar bem mais caro. Terá de ser feito um canal.— concluiu o dentista penalizado.

_Não...é caro demais. Então...Pode apenas obturar, doutor. Hoje, se possível, por favor.—novamente o rapaz baixou os olhos diante do olhar sério do médico. —Não posso passar mais uma noite em claro.

—Eu sinto muito. Isso não vai fazer a dor passar. Você tem três canais infeccionados nesse dente, precisará de antibióticos, inicialmente. Prometo prescrever um remédio pra dor, claro, enquanto esperamos a infecção acabar. Realmente não consigo imaginar como está se aguentando por tanto tempo...Isso deve estar doendo demais.—lamentou.

 —Então...receio que seria melhor extraí-lo logo...só preciso me livrar dessa dor insuportável de uma vez por todas.—insistiu o rapaz desviando os olhos do rosto tão próximo.

 —Luciano, eu não vou extrair o seu dente e antes que saia daqui e procure alguém que faça um serviço malfeito...Peço que fique. Insisto que o dente está forte, pode ser conservado e seria uma pena arrancá-lo. Talvez o fato de não ser você quem irá pagar seja o problema, mas insisto que discuta antes com o seu amigo e diga que eu posso dividir o pagamento...—arriscou Paulo aflito.

 Como poderia deixá-lo ir embora daquele jeito? O dentista não se conformava.

—Agradeço a sua oferta, mas tenho outras dívidas mais urgentes, doutor. Só peço que me livre desse dente...—suplicou o rapaz._Por favor.

—O seu amigo...—voltou a falar Paulo.

—Ele não era meu amigo...era meu namorado...—sussurrou o rapaz como se temesse que alguém ouvisse.

Uma pausa se fez e o dentista não resistiu à próxima pergunta. Esperava receber a resposta que queria ouvir.

—Vocês...terminaram?

UMA SEGUNDA CHANCE-Romance GayWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu