Paulo ficou surpreso ao ver Luciano na sala de espera dois meses depois.
— Então você voltou...decidiu recuperar o dente?
—Na verdade, o senhor disse que poderia dar um jeito pra mim. O dente não para de doer e às vezes fica inchado.
—Veio sozinho...onde está aquele seu amigo?—não conseguiu controlar a curiosidade.
—Ele não veio...vim sozinho e...Desculpe por aquele dia...eu sinto muito...me atrapalhei todo...não era pra fazer orçamento...na verdade, eu só preciso que olhe esse dente pra mim...desculpe por aquele dia...—repetiu atrapalhando-se todo.
Paulo notou a cicatriz recente próxima ao olho esquerdo. Ficou desconsertado quando notou que o rapaz percebera o seu olhar e tentava escondê-la com uma mecha dos cabelos, que estavam maiores.
Na cadeira, os cabelos levemente se afastaram e o dentista pode notar o quão próxima a cicatriz estava do olho direito do rapaz. Ficou imaginando o que teria provocado o ferimento tão arriscado à visão.
Virou-se pra pegar um aparelho e quase surpreendeu a mão que se afastou rapidamente e que se levantara para tentar ajeitar novamente a mecha sobre a cicatriz.
Paulo não disse nada, não sabia o que dizer. Os cabelos maiores eram usados para disfarçar a cicatriz recente.
Agora ele usava uma blusa branca, gola em V, calças jeans com algumas manchas de tinta e a mesma sandália marrom. Novamente, os pés lhe chamaram a atenção, pois ele, novamente, encolheu os dedos quando Paulo tocou no dente infeccionado.
Aqueles dedos pareciam pedir para serem beijados...pensou Paulo desviando relutante os olhos dos pés de Luciano.
— Não posso arrancar este dente...Se eu o arrancar, ele te fará muita falta no futuro. E aí terá que implantar outro que, acredite, vai ficar bem mais caro. Terá de ser feito um canal.— concluiu o dentista penalizado.
_Não...é caro demais. Então...Pode apenas obturar, doutor. Hoje, se possível, por favor.—novamente o rapaz baixou os olhos diante do olhar sério do médico. —Não posso passar mais uma noite em claro.
—Eu sinto muito. Isso não vai fazer a dor passar. Você tem três canais infeccionados nesse dente, precisará de antibióticos, inicialmente. Prometo prescrever um remédio pra dor, claro, enquanto esperamos a infecção acabar. Realmente não consigo imaginar como está se aguentando por tanto tempo...Isso deve estar doendo demais.—lamentou.
—Então...receio que seria melhor extraí-lo logo...só preciso me livrar dessa dor insuportável de uma vez por todas.—insistiu o rapaz desviando os olhos do rosto tão próximo.
—Luciano, eu não vou extrair o seu dente e antes que saia daqui e procure alguém que faça um serviço malfeito...Peço que fique. Insisto que o dente está forte, pode ser conservado e seria uma pena arrancá-lo. Talvez o fato de não ser você quem irá pagar seja o problema, mas insisto que discuta antes com o seu amigo e diga que eu posso dividir o pagamento...—arriscou Paulo aflito.
Como poderia deixá-lo ir embora daquele jeito? O dentista não se conformava.
—Agradeço a sua oferta, mas tenho outras dívidas mais urgentes, doutor. Só peço que me livre desse dente...—suplicou o rapaz._Por favor.
—O seu amigo...—voltou a falar Paulo.
—Ele não era meu amigo...era meu namorado...—sussurrou o rapaz como se temesse que alguém ouvisse.
Uma pausa se fez e o dentista não resistiu à próxima pergunta. Esperava receber a resposta que queria ouvir.
—Vocês...terminaram?
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JE LEEST
UMA SEGUNDA CHANCE-Romance Gay
RomantiekSinopse: Paulo se sentiu imediatamente atraído pelo rapaz tímido e com o semblante sofrido que adormeceu, exausto, em sua cadeira de dentista. Não teve pressa em acordá-lo para avisar que o exame já tinha terminado. Surpreendeu-se quando um homem de...