2-A cautelosa investigação

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Nos dias que se seguiram, Elisa se engajou em uma minuciosa pesquisa pela internet e concluiu que a história do bosque era definitivamente estranha. Quando os primeiros exploradores chegaram ao lugar, encontraram as pequenas trilhas já pavimentadas cuidadosamente, o que cercou o lugar de grande superstição. Aquela região era evitada devido a diversos rumores sobre espíritos malignos que povoavam aquela área. A cidade começou a prosperar e todas as tentativas de desmatar o lugar foram frustradas. Lenhadores desapareciam misteriosamente. Acidentes bizarros (existe uma história de que em 1833 um lenhador saiu de casa para buscar lenha e a família o encontrou dois dias depois com o machado nas mãos e a cabeça caída ao seu lado, como se ele mesmo tivesse se decapitado) aconteciam há todo momento. Em 1890 o prefeito decidiu transformar aquela área em um parque e não se falou mais em derrubar o bosque. Porém coisas estranhas continuavam a acontecer. Em 1922 um grande incêndio queimou cerca de 30 quarteirões naquele bairro. O bosque permaneceu intacto. Nenhuma planta foi encontrada queimada. Mas a história que mais havia chamado a atenção da menina foi quando em 1951 o famoso bebê Lindbergh desapareceu. Seu pai, Augusto Lindbergh, contratou um batalhão de detetives para encontrá-lo, somente os melhores que o dinheiro podia comprar. A polícia dedicou todos os seus esforços a encontrar o bebê do magnata. Após uma semana infrutífera de buscas, encontraram a criança engatinhando nos caminhos do Bosque com uma fralda feita de folhas, intacto. Ninguém descobriu como o bebê desapareceu, nem como sobreviveu aos 7 dias sem cuidado, mas o fato é que lá estava Joseph Lindbergh são e salvo. O bebê cresceu e foi prefeito da cidade duas vezes. Nos seus mandatos ele ampliou a área do parque, colocou balanços, gangorras, tanques de areia e um lago artificial para incentivar a população a visitar o Bosque.

Enquanto o professor tentava explicar para uma turma desatenta as complicadas regras de acentuação, Elisa só conseguia pensar que daqui a dois dias finalmente iria voltar ao lugar para desvendar seus mistérios. Durante toda a semana Ayla e suas amigas tentaram fazê-la chorar, mas não tiveram sucesso. Ela simplesmente não tinha tempo para aquelas meninas estúpidas. A falta de importância que Elisa deu para as garotas fez com que naquele dia, durante o recreio, enquanto ela tranquilamente comia seu lanche sozinha, o grupo de antagonistas se aproximou e sua líder disse, insolente:

- Você se acha melhor que nós? Acha que só porque você veio de outra cidade não precisa de ninguém?

- Não. Mas vocês não gostam de mim. Então eu não provoco ninguém e espero pela mesma cortesia.

- Sentar na frente não vai fazer os professores gostarem de você. Ninguém gosta de você!

- Eu não pedi para ninguém gostar.

Ao dizer isso Elisa foi se levantar e esbarrou na lata de refrigerante que sua nêmese segurava na mão direita e derramou o líquido na blusa da garota ruiva que ficou enfurecida e foi contar o que havia acontecido ao diretor. Elisa então foi convocada à diretoria no final da manhã.

- O que você fez foi muito errado mocinha. Ela só estava tentando fazer amizade com você.

- Senhor, eu não fiz nada, foi um acidente. Além disso ela não quer ser minha amiga. Ela só sabe implicar comigo.

- Não foi essa a história que eu ouvi. Eu chamei a sua mãe aqui. Falei que você ficará suspensa esses dois dias para pensar no que você fez.

- Mas eu não fiz nada! Ela que veio me perturbar, eu só queria ir para longe dela. O que aconteceu foi um acidente!

- Pode guardar as explicações para sua família mocinha. Nós nunca tivemos problemas com Ayla antes. Minha decisão já está tomada

O bosqueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora