— Não tenho o dia todo — bufou o diretor, alternando o olhar entre os dois garotos, parando por fim em Tyler — você, me explique. Anda!
Os olhos do garoto se arregalaram, ele sequer tinha culpa, o que falaria? Estava desconfortável com tudo aquilo, já havia estralado todos os dedos das mãos, nervoso.
— Eu — começou, incerto — não sei...
— Como não sabe? — questionou incrédulo — eu não estou para brincadeiras, garoto. Vamos, diga — bufou, apoiando as mãos juntas na mesa.
— Tsc, é verdade — olhou para Dylan, ele estava longe, fazendo um bico inusitado com os lábios enquanto olhava para todos os lados, notou o batucar de seus pés e a gota de suor escorrendo da testa dele — eu, eu — gaguejou, pensando no que falar — eu tava saindo do colégio e esse garoto me atacou — desdenhou, apontando para ele, que o encarou de volta, fechando o cenho.
— Tua mochila, quero ela, — Dylan pediu, com a voz enrouquecida e grossa, enquanto esticava os braços, pronto para puxar a mochila de Tyler para si, em um momento de confusão mental — Me dá.
Tyler a puxou para o lado, lançando um olhar intimidador no garoto, estava sendo complacente demais, mas sua paciência estava acabando.
— Para com isso, retardado — disse por fim, afastando-a de Dylan.
O diretor olhou a cena, estranhando as reações de ambos os lados. Após poucos segundos pensando, levantou-se da mesa, calmamente, rodeando os garotos, analisando-os, até que, inesperadamente, puxou a mochila da mão de Tyler. Este arregalou os olhos e sentiu falhar uma batida, quando o objeto foi posto sobre a mesa, fora de seu domínio. O homem a pegou, encarando-a, averiguando seu exterior. Em seguida, a pousou no móvel, abrindo o zíper do bolso maior. A cada ação alheia Tyler ficava mais apreensivo, desejando internamente que aquilo acabasse logo. De lá foi retirado um caderno, um estojo, e visto ao fundo alguns papéis de bala amassados. O caderno foi pego em mãos, balançando suas folhas, mas de lá nada saiu; seguiu para o estojo, abrindo os dois zíperes que haviam, constatou que ali só tinha duas canetas, uma borracha, uma tesoura e um lápis. Mais nada. Largou então o objeto sobre a mesa, seguindo para o bolso menor, da frente.
Não havia nada lá dentro.
O coração de Tyler voltou a pulsar normalmente, relaxou os ombros, por fim. O olhar do diretor era de pura confusão. focando-o em Dylan agora.
— Tome — entregou a mochila para Tyler, com o material dentro — você tá liberado — sorriu para ele, por fim, voltando a fechar a feição ao encarar Dylan — já você está bem encrencado.
Ao sair, as últimas palavras que Tyler ouvido foram: você será expulso. Proferidas à Dylan.
[Gabriel]
Seu sorriso metálico, devido ao aparelho odontológico, vinha fácil. Encarava nostálgico as notas sortidas de luna em suas mãos, depois de aguardar o tempo que já estava acostumado, teve sua mesada depositada em mãos, pelo seu pai, Evan; o homem comumente ocupado tinha pouco tempo para dedicar à sua família, deixando a casa então, responsável para a sua mulher cuidar, tendo o seu tempo para focar em sua empresa em ascensão, lutando para subir mais na vida e ganhar a estabilidade de seu amigo Jerome, pai de Jake.
Gabriel havia herdado os traços do rosto de seu pai, tendo os cabelos claros revoltos, as sobrancelhas loiras escuras grossas e os olhos como o mar: azuis; apenas a fisionomia da boca, que era média e delineada e o nariz arrebitado, que não se pareciam com o de seu progenitor.
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Delitos (Romance Gay)
Teen FictionDe um lado, Tyler, seus problemas em casa e sua falta de aceitação pessoal o fazem cometer o ilícito para ajudar sua família e não ser um estorvo. De outro, Gabriel, que após uma negação passou a expor sua arte da maneira que quisesse, de forma impe...
Capítulo VII - Complicações
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