Prólogo

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Eu já estava muito atrasado para a festa da minha amiga, e na pressa acabo esbarrando em uma caixa de coisas para doação que a muito tempo eu não mexia. Rapidamente vou apanhando um monte de papel velho e encontro um caderninho cheio de figurinhas do RBD.

Ri com um pouco de vergonha, pois eu tinha em minhas mãos um diário de uns 11 anos atrás. Sentei na cama olhei umas páginas e parei quando encontrei algumas folhas dobradas entre as páginas, abri elas e li.

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  Páginas em branco, sinto que estou traindo o meu diário escrevendo em simples páginas A4. Mas ah, eu não quero que ninguém veja o veja, então estarei escrevendo nelas mesmo. Um dia fora a parte, sem a proteção de um cadeado.

  Hoje fazem 3 meses que os meus pais descobriram que sou gay, o meu irmão Yadel, é o único que se importa comigo. E também alguns dias que as últimas feridas em minha costa se fecharam, mas o que são chicotadas de cipó comparado ao meu coração quebrado?

  Me assumir para os meus pais foi a pior coisa que eu fiz na minha vida. Eu sabia que ia ser difícil, já que o meu pai é pastor, minha mãe é fanática e meu irmão... simplesmente teleguiado pelas coisas faladas pelo homem da casa.

Mas pra começar tudo isso:

  Eu tenho 12 anos e fiz coisas com o meu vizinho... bom, coisas bem quentes! Mas o meu irmão descobriu e iria contar para  nossos pais, não tinha escapatória, então eu mesmo decidi contar. Não contei a parte das coisas com o meu vizinho, claro, então contei que eu gostava de meninos. Eu achava isso normal. Mamãe sempre falou que o amor se manifesta de muitas formas.

Quando eu contei, meu pai primeiro pôs as mãos na cabeça, perguntando o porquê disso para Deus, minha mãe chorava, dizia que eu ia para o inferno e que era culpa dela, etc... logo depois meu pai se juntou a ela e proferiu um monte de palavrões e palavras que machucavam. Meu irmão ficava ímpar na situação.

Meu pai disse que eu havia cravado uma faca no seu peito tão profundamente que o matara instantaneamente, e disse que nunca mais ia confiar em mim e pediu para Deus escolher, ou ele ou eu, quem deveria morrer, assustador! 

Disse que eu não era mais filho dele, uma aberração, que eu estava doente, com algum demônio no corpo, ou melhor, eu era o próprio demônio, que eu ia para o inferno queimar eternamente e Deus esqueceria lá todas as pessoas doentes como eu...

  Depois de um tempo, mais um dia de castigo no meu quarto, meus pais brigavam, papai gritava e mamãe chorava, o motivo: um homem apareceu dizendo que iria levar o filho dele. 

Que filho? 

Aí aconteceu uma briga entre papai e ele por esse tal garoto. Tudo aconteceu de madrugada, então, sem conseguir dormir Yadel veio falar comigo sobre o ocorrido.

Esse homem e garoto, ambos desconhecidos ficaram em nossas mentes por uns dias.

Yadel se arrependeu no mesmo dia que me assumi e meu irmão viu as barbaridades que eu passei.

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Com o tempo a tecnologia evoluiu e diários escritos a mão se tornam obsoletos. E primeiramente: eu nem deveria ter aberto aquela velharia, pois só me fez arder os olhos e chorar por conta da poeira (a quem estou enganando?).

Mas lendo isso percebi o quanto eu era dramático. Nem precisava escrever tudo aquilo!

- Vamos! - Yadel disse entrando no quarto sem aviso. Ele olhou para o que estava nas minhas mãos. - Você tem que jogar isso fora.

- Eu vou queimar isso.

Meu irmão era a única pessoa que leu esse diário, depois disso eu só tinha duas opções: odia-lo por isso ou fazer dele meu melhor amigo.

Que Praga De Amor! (Romance Gay) EM PAUSAHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin