Homem interior

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Sobre aquele homem lá fora, 

Naquele final de tarde fria do dia,

Todos os seus rostos foram apagados, 

Pela branda chuva que do céu descia.


Da janela estreita do meu quarto eu o via,

Sem fusão de alegria, duvidas algozes me foram hospedes.

Inóspitas quando sobre ele a minha desconfiança inquiria,

Pondo-me em demasiado tempo a repensá-lo.


Era ele algum moderno forasteiro?

Aventureiro usando a chuva para se banhar?

Alguém recluso do meu limite imaginário,

Que excluso das minhas memórias atrevia me importunar?


Seria um personagem de outro conto,

Querendo neste meu, a liberdade de ali estar?

Permaneci inerte, pensando naqueles instantes o que acontecia,

Olhando-o da janela de onde o sol pouco aparecia.


__ Ele era a minha primeira novidade do dia.


De soslaio, brevemente eu anotei na agenda que ele me via.

De rosto, agora memorável, que aquela chuva o lambia.

Era ele, todo o sempre, o meu homem interior.

Sujeito enigmático que outrora eu desconhecia!


Lá fora... Protegendo com o guarda chuvas,

A minha doce vida num dia de agonias.

Literatura SazonalWhere stories live. Discover now