II - Mudanças

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SOLARIS

ÁUREA LUMINOS.


O dia amanheceu diferente em Solaris, um pouco frio, se me permito dizer.

Andei pelo meu quarto assim que acordei e fiquei chocada com a quantidade de coisas que haviam ficado na minha cama quando adormeci ontem. Diversos livros abertos, cadernos, tiaras, luvas, até mesmo camisolas e joias mais simples estavam sobre a minha cama.

Tirei algumas das coisas enquanto tentava me lembrar porque havia caído no sono assim tão de repente, não era feito meu fazer coisas como essa, mas eu deveria acreditar que coisas assim acontecem.

Antes de ir para o banheiro e tomar o merecido banho, fui até a minha mesa de cabeceira onde se encontrava minha imagem da Deusa Aine e uma pintura da rainha Aristela. Fiz um sinal de respeito para ambas e segui para meu banheiro, a água gelada parecia mais grossa hoje, talvez fosse meu eu ainda sonolento, mas eu tinha certeza que as bolhas estavam se formando sozinhas, sem vento ou qualquer coisa auxiliando.

Me despi e entrei na banheira sendo rapidamente envolta pelo meu longo cabelo negro que ficava como um raio na banheira. Por um tempo não fiz nada além de ficar sentada na banheira olhando o tempo passar lentamente, até que fiquei totalmente imersa na banheira para lavar meu rosto completamente. Quando simplesmente aquele escuro normal se tornou palpável como se fosse um lugar em que eu estivesse presente, eu tentei abrir os olhos e sair daquilo mas não conseguia e aquilo foi me fazendo perder o controle, eu sacudia os meus braços de um lado para o outro – ou pelo menos eu acredito ter feito isso – quando simplesmente uma calma totalmente estranha me envolveu. Naquela escuridão toda eu avistei pontos dourados e ouvi uma doce voz.

- Você deve cumprir o seu dever! Deve cumprir o seu dever! Eles estão chegando e você tem pouco tempo para ir para o local certo scintillam!

Fui puxada para fora daquilo rapidamente e notei a extrema necessidade que os meus pulmões estavam de ar quando Margareth – minha criada e dama de companhia – me olhava com os olhos esbugalhados e o rosto vermelho e eu não conseguia fazer nada além de arfar procurando desesperadamente por ar.

- Princesa! – ela falou depois de recobrir sua voz – o que houve? Está acontecendo algo? A Senhorita nunca faz isso – ela falava rapidamente enquanto andava de um lado para o outro organizando as coisas em meus aposentos – Estranhei desde que entrei em seus aposentos e eles estão bagunçados como uma feira de Hapipt em dias especiais!

- Margareth – falei a olhando – estou bem, de verdade. Eu devo ter caído no sono agora porque estudei até tarde, se você bem notou, e acredito que a mesma coisa tenha acontecido em minha cama. E não compare minha cama a feira de Hapipt! – falei com o rosto sério mas logo desatei a rir quando vi a cara dela apreensiva.

A feira de Hapipt – ou feira da luz vermelha como muitos chamavam – é uma das coisas mais famosas de Solaris. A feira acontece durante o ano todo e vende de tudo o que se pode imaginar, peles, frutas, móveis, tapeçarias. Mas na semana de comemoração da profecia – mais conhecido como semana de comemoração do meu aniversário –, nas festividades da Deusa Aine e dos festejos da 1° Rainha, a feira tinha mais variedades do que nunca. A única coisa que proibimos de vender na feira Hapipt é escravos, não apoiamos isso em nosso reino, então os que desejam fazer compra vão em outros lugares. Mas nessas épocas do ano, a feira e a própria Solaris ferve com uma luz própria, por isso o outro nome e por isso atraem pessoas dos mais variados lugares do mundo.

- Princesa Áurea, sinto pelo o que falei – Margareth falou rapidamente – mas é o que me parece!

Continuei a rir até que cheguei mais perto da moça em minha frente – Eu sei minha querida Margareth, desculpe meus modos.

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