Tive um sonho
Nele eu estudava japonês
Eu era bom em japonês
Escrevia ideogramas e kanjis como um nativo.
Numa madrugada enquanto estudava, adormeci.
Horas se passam
Meu relógio biológico me avisa que já é manhã
Ouço pássaros lá fora
"Que bonito ser acordado pelo som de pássaros", penso eu.
Mas de alguma forma ainda estou adormecido sobre os livros de japonês na mesa de estudos.
Um pássaro entra pela janela e aninha-se sobre minhas costas, pressiona-a
"Engraçado, quem deixou a janela aberta?", me pergunto de modo cômico.
Outro pássaro se aninha nos meus braços
É quente e ao mesmo tempo leve, suas penas fazem cócegas.
Ainda estou desacordado sobre meus braços.
De repente surgem mais pássaros, não consigo contá-los.
Eles pousam sobre mim
Ouço-os cantando e piando
Suas garras arranham meu corpo, me incomodam.
Seus carrapatos andam nas minhas costas e se entranham pelos meus cabelos.
"Droga! Quem deixou essa merda de janela aberta?", esbravejo para mim mesmo.
Tudo que consigo me preocupar são meus livros de japonês, os pássaros podem estraga-los.
Mais pássaros surgem
Seus cantos e pios não são mais agradáveis e o calor deles me apavora, me sufoca
Ainda assim continuo desacordado, paralisado.
"Tenho que me mexer, preciso expulsá-los".
Tento a primeira vez, não consigo.
O canto deles passa de desagradável, para ensurdecedor.
O barulho é extremo para meus ouvidos
O calor não é mais aconchegante, é sufocante!
Tento me mexer novamente, mas nenhum músculo obedece ao meu comando
Desespero-me, porque não consigo me movimentar.
Minha mente de alguma forma me diz que não estou respirando.
De repente tudo começa a se desfazer
Lembro-me que em meu quarto não há janelas
E recordo que não sei nada de japonês
Acordo, desperto
Tudo aquilo era uma ilusão, um sonho.
"Onde estou?", me pergunto.
"Não lembro", me respondo.
Tento me mexer uma terceira vez
Nenhuma das minhas fibras musculares responde