CAPÍTULO UM

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SERÁ RETIRADO DIA 01/12/2018 E FICARÁ DISPONÍVEL NA AMAZON

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Isto não pode estar acontecendo. Não agora. Não comigo. Fico repetindo essas palavras na minha cabeça como se fosse um mantra enquanto espero pateticamente sentada no banco do aeroporto. São 10:35 e o sol já queima meus ombros, sem falar da baixa umidade que me faz querer enfiar a cara em um umidificador de ar e não sair nunca mais.

Quanta saudade de Nova Iorque. Saudade de caminhar no Central Park em um dia frio. Qualquer um me acharia louca, mas amo como a cidade fica após um dia de nevasca. O chão parece um tapete branco e limpo, e faz com que eu queira me deitar ali e encarar o céu para sempre. Não que lá seja sempre esse frio gostoso, afinal em julho e agosto parece que as portas do inferno foram abertas e o diabo fica soprando um bafo quente na nossa cara. Mas a principal diferença entre aqui e Nova Iorque é a maravilhosa neve de lá que compensa os meses de calor. 

O toque do celular interrompe meus devaneios e me lembro de onde estou. Não é em Nova Iorque. Estou de volta ao Brasil, mas especificamente no aeroporto de Brasília, capital onde nasci. Enquanto meus pensamentos egoístas me levavam para longe, eu me esqueci por um momento o porquê estou aqui. Apenas por um momento.

— Alô? — atendi ao telefone depois de mais de três toques.

Filha? Onde você está? — meu pai fala com um certo tom de impaciência na voz.

— Oi, pai. Estou te esperando no portão de desembarque. Onde o senhor está?

Me desculpa, querida. Me esqueci totalmente do horário do seu voo. Você pode pegar um táxi? O Gabriel ainda não chegou e não quero deixar sua mãe sozinha. Você sabe...

— Tudo bem, pai. Eu me viro. Daqui a pouco chego aí.

OK. Perdão novamente, meu anjo. Se você quiser ligar para o Gabriel ir aí te buscar, ele saiu e não sei onde ele está, mas...

— Não esquenta, pai. Sou crescidinha e consigo me virar. Até mais.

Está bem. Até daqui a pouco então — desligo o telefone e resmungo alto, irritada por ter ficado 45 minutos queimando no sol à toa.

Mudei-me do Brasil assim que terminei a escola, aos 17 anos de idade. Hoje já estou com 24 anos. Meus pais não aprovaram nada essa minha decisão, mas não adiantou muito as horas e horas de discussão que tivemos por causa disso. Apesar dos argumentos deles dizendo que eu era muito nova para me mudar sozinha para outro país, que não conseguia nem matar uma barata que dirá morar só. Acabei me mudando de qualquer forma. Sempre acabava conseguindo o que queria no final das contas. Bom, pelo menos meu pai sempre acabava fazendo minhas vontades.

Não que hoje me orgulhe disso, mas sempre tive tudo o que quis nas mãos pelo fato de ser a "caçulinha" do papai. Pelo menos relacionado a bens materiais, porque as outras coisas são outros quinhentos. Um dos motivos que quis mudar de país foi por isso, não estava gostando do tipo de pessoa que estava me tornando. Cada dia me tornava mais implicante, mais rancorosa e manipuladora que nunca. Precisava deixar tudo isso para trás e me reconstruir sozinha em outro lugar. Mas esse foi apenas o menor dos motivos para a mudança. Os outros motivos, ou melhor, o outro motivo, nem vale a pena ser citado. Só de pensar nisso meu coração se aperta. Vamos lá, Isadora! Já se passaram sete anos. Esqueça.

LIVRO 1 - Você me perdoa? [AMOSTRA]Where stories live. Discover now