Capítulo 13 - Não me PROTEJA

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Depois de algum tempo — que pareceu uma eternidade, uma vez que estava sem seu telefone —, uma outra mulher entrou. Um sorriso gentil estampava seu rosto, ela soltou uma leve risada ao reparar que o acompanhante estava dormindo sentado e o modelo retribuiu de praxes. Não, não achava a situação engraçada.

Todavia, também não queria ser internado.

— Oi, eu sou a Elena, você é o Adams, acertei?

Não sei, confira na sua ficha. Foi a primeira coisa que passou por sua cabeça diante da pergunta — que julgou ser estúpida —, mesmo assim, assentiu, mostrando os dentes brancos de forma tímida.

Uma vez, um fotógrafo disse que ele conquistava a todos calado, por isso, deveria permanecer assim. A vida era um ensaio fotográfico — não permitiria que vissem além do que a câmera mostrasse. Se era necessário falar o mínimo para vencer, falaria.

— Bem, eu sou a psicoterapeuta. Nós podemos conversar um pouco?

Ela caminhou até Lucas e o cutucou, fazendo-o acordar em um susto — aquilo seria mais engraçado se não fosse a situação —, o mais velho saiu enquanto desejava boa sorte ao outro e, por dentro, rezava para que tudo desse certo.

— Eu já expliquei o que aconteceu à psiquiatra, foi apenas um acidente.

— Imagino que tenha sido... mas sabe, se você colaborar comigo, pode sair daqui mais rápido — O tom de voz era forçado e tentava ser simpático.

Ela está achando que eu tenho cinco anos? Por que está usando essa voz comigo? Não importava o quanto tentasse se manter calmo, aquela situação era estressante, sentia-se acuado, um pouco assustado. Novamente, tornou-se uma mistura de sentimentos — e nenhum deles eram bons.

Um, relaxou os ombros.

Dois, soltou o mesmo sorriso tímido.

Três, observou a moça.

Quatro, procurou um ponto fraco, precisava encontrar.

Cinco, odiou-se.

Seis, não encontrou.

Sete, desistiu de contar.

Os números foram passados com tanta velocidade que seus pensamentos não foram capazes de acompanhar. Sua mente chegou no vinte antes que conseguisse focar no oitavo item.

— Por que pensam que eu vou me matar ou algo assim? Eu gosto da minha vida, eu amo meu emprego e não tenho problemas quanto ao meu corpo. Eu só cometi um erro.

Mentira.

Mentira.

Mentira.

Mentira.

Mentira.

Mentira.

Mentira.

Mentira sete vezes, porque tem sete letras. Sua visão foi às mãos descobertas, o sangue fluía na seringa pela forma que uma delas estava posicionada, ajeitou enquanto tentava permanecer como uma pessoa normal. Tudo aquilo que ainda restava de consciente lutava, naquele exato momento, para permanecer existindo. Entre o certo e o cômodo, não importava o quanto parecesse errado, estava sempre escolhendo o cômodo. A expressão serena começa a ficar difícil de se manter.

— Eu serei sincera com você e espero que retribua, por favor, não me entenda mal. Eu preciso que você se ajude, Adams. Eu conversei com a equipe que te examinou na chegada, você aparenta ter irritações na pele decorrente de substâncias químicas, além de ser reincidente, também tem o fato do seu acompanhante falar algo sobre um costume obsessivo de usar luvas. Sabe, psicólogos não possuem recomendações para entrar tão afundo no paciente de forma tão precipitada, mas eu acredito que seu caso é uma emergência e necessito urgentemente que me diga o que passa na sua cabeça, só assim eu posso te ajudar.

Não me TOC [COMPLETO]Where stories live. Discover now