XXVIII

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Heinz e Amélie partiram para Wurtzburgo assim que acabaram as festas em comemoração ao casamento deles. Esconderam o motivo do desmaio de Amélie para não surgirem fofocas sobre eles. Heinz faria de tudo para evitar aborrecimentos a sua mulher, ela merecia toda calma do mundo naquele momento.

Ficaram no palácio do primo dele, que tinha um belo jardim. Todas as tardes caminhavam e conversavam sobre qualquer coisa andando naquele jardim que Amélie havia se apegado completamente. Algumas vezes passeavam pela cidade, quando ela desejava conhecer e ver pessoas novas.

— Quanto tempo nos resta ainda?

— Alguns dias. Mas não fique pensando sobre isso, meine Liebe.

— Aqui é tão bom! — apertou o braço dele.

— Não gosta de Berlim?

— Sim, eu gosto. Mas...

— Existe alguma coisa que a incomoda.

— Sua mãe, para ser mais exata.

— Não precisará ficar convivendo com ela sempre, o palácio é grande.

— Será que ela vai me deixar em paz? — sorriu para ele. — Ela começou a falar do nosso filho como se fosse propriedade dela. Não posso negar para você o quão isso me deixou bastante incomodada.

— Ela não fará nada.

— Assim espero.

Uma senhora acompanhada de uma jovem começou a se aproximar deles lentamente. A senhora era cega, e provavelmente era uma cigana, pelos trajes que vestia. A jovem provavelmente era sua neta, pois os traços eram parecidos, principalmente a região dos olhos.

— Pare Lisa. — a mão enrugada apertou o braço da jovem. — Preciso falar com essa jovem.

Heinz olhou para Amélie meio assustado. Perguntou-se como aquela senhora cega poderia saber que sua esposa era jovem e estava tão perto dela. Já tinha ouvido falar que pessoas sem visão sentiam a presença de outra pessoa facilmente, mas não deixava de ser assustador ela afirmar que Amélie era jovem.

Oma, não deveria invadir o caminho das pessoas dessa forma.

— Cale-se, Lisa. — virou-se para Amélie. — Minha jovem. — andou até Amélie. — Posso ler a sua mão?

— Pode. — retirou a luva da mão e ofereceu para ela.

Heinz observou os dedos enrugados daquela senhora passando pelas linhas da mão de Amélie com delicadeza. Percebeu que a expressão de Amélie era tranquila, mas em seus olhos continham uma grande curiosa.

— A senhora é uma mulher muito amada por seu esposo, não existe nada mais poderoso do que o amor entre vocês dois. Porém, eu percebo que existem pessoas com uma péssima energia sobre vocês. Cuidado com aqueles que possuem o mesmo sangue, essa pode ser a pior inveja.

Heinz continuou olhando para Amélie.

— A criança que carrega no ventre será muito amada por todos, será abençoado.

— Abençoado? — Heinz arqueou sobrancelha.

— Oh, sim. Será um belo menino saudável. — fechou a mão de Amélie. — Seja feliz em seu caminho, minha querida. — puxou o braço da neta. — Vamos, Lisa.

Começaram a andar para longe deles. Ainda estava impressionado com as palavras daquela mulher. Não sabia se deveria acreditar sobre a criança ser um homem, mas depois de tudo que ela havia falado sobre o seu amor por Amélie, e as coisas que estavam acontecendo em sua família, era difícil não acreditar em suas palavras.

O destino de AmélieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora