Aurea só tinha 13 anos, mas era tão a frente de sua idade.

—Eu sei, mas é uma mania.

— Enfim... Tente não chegar tarde hoje. Aqui é muito perigoso, principalmente depois das dez — Áurea falou com sua bela dicção. Ela tinha isso graças ao seu aparelho e à escola. Ela tinha uma bolsa de estudos integral na melhor escola de música de toda a cidade. Ela era talentosa, tocava seu violoncelo com tanta paixão.

—AI, MEU DEUS! — gritei ao lembrar do jantar.

— O que foi?! — ela falou, assustada.

Um sorriso se abriu em meu rosto.

— É um jantar super chique e vão pagar um extra. Juntando com algumas economias e as horas extras, vai dar para pagar o as contas do mês e sobrar um dinheiro. Então eu irei poder comprar o seu violoncelo! — Minhas expectativas aumentaram. Nossa situação financeira no momento não estava nada boa. Pelo contrário, estava péssima. Mas eu poderia dar um novo violoncelo para Áurea, o dela estava tão gasto, já o tinha há mais de oito anos.

— Sério?! — um sorriso se abriu em seu rosto, mas logo voltou à expressão séria de antes. — Mas, calma, são só algumas horas extras. Para quem é o jantar? — ela se levantou para lavar a louça que acabara de sujar.

— Não sei. Deve ser uma pessoa muito rica. Vão fechar o restaurante do hotel só para isso.

Eu estava animada. Só a possibilidade de conseguir comprar algo que ela realmente queria me deixava feliz. Ela sempre dizia que o que ela tinha era bom, mas eu sabia que ele já não fazia o mesmo som. Nem que eu não pagasse nada este mês, eu tinha que dar isso a ela. Eu tinha um jogo de cintura. Olhei para a pequena Aurora, me fitando com seus olhos grandes. Eu as amava tanto.

— Mas, se vão fechar o restaurante, você pode chegar mais tarde, né?

Olhei a hora. Não tínhamos mais tempo.

— Não. Eles querem que eu ajude a limpar e querem ensinar umas coisas para todos. Vamos ? — aquilo, sim,era estranho. Ter que nos treinar para servir. Coisa que já sabíamos fazer.

— Oi? Ensinar o quê? — ela sentira o mesmo que eu.

— Também achei estranho. Vão nos ensinar um jeito novo de servir, se portar... Essas coisas — falei casualmente.

— Mãe, o restaurante que você trabalha já é super chique. Se eles querem refinar ainda mais, só pode ser gente super importante!

Áurea falou em tom animado.

— Eu sei... Ei! E se lá for um jantar para um magnata riquíssimo e super lindo, no estilo Christian Grey sem todas aquelas psicopatias? Não o Christian Grey de verdade, pois ele é um personagem fictício, mas, enfim... Eu vou colar a frase gigante "Tô solteira"— começamos a rir. Áurea e Aurora eram realmente muito bonitas. Ambas tinham os cabelos castanho escuros que nem eu. Áurea com o cabelo longo e com cachos nas pontas, e Aurora, embora ainda pequena, tinha cabelos lisos na altura dos ombros. Embora irmãs, eu era a versão mais velha e feia delas. Eu era baixa, cabelos castanhos com franja, um pouco abaixo da cintura, com pernas grossas e pouco peito.

— Deixa de ser doida — ela me empurrou de leve.

— Está treinando para ser o Hulk, minha filha? — brinquei. — Não o Hulk de um jeito literal, pois ele não existe. Mas, se existisse, você com certeza não iria querer virar um monstro verde que destrói tudo que há pela frente. Temos que ir. Aurora, meu amor, vamos?

Peguei-a no braço e Áurea veio me acompanhando. Fui até o apartamento em frente ao meu, o da senhora Bustroff. Era uma senhora de idade, com cabelos pintados de vermelho, muito simpática, que sempre ficava com Aurora quando eu trabalhava. Áurea tinha aula à tarde. Bati na porta. Ela abriu.

Um Príncipe em Minha VidaWhere stories live. Discover now