Capitulo Único

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Eu era apenas uma criança, entre tantas outras, no parquinho da pré-escola. Ali todos brincávamos, sem distinção: não havia gênero, não havia raça, nem classe social, nem religião. Não havia direita, nem esquerda. Não havia problemas, discursos, complicações. As brigas eram resolvidas em minutos, sem tribunal, sem lei, sem intermediação.

Mas eu queria crescer, como toda criança. E quanto mais eu crescia, mais crescer eu queria. Ser dono do meu nariz, da minha independência. E então cresci. Criei opinião, ideologia. Queria mudar o mundo. Queria mudar todo mundo. Já não era mais simples. Eu era complexo, adulto, confuso, incerto.

E então encontrei alguém, que me disse algo que nunca saiu das minhas lembranças: "Você quer ser completo? Então volte a ser criança!". Agora estou aqui, debruçado em minhas doces memórias, de tempos simples, onde nada importava. Andei tanto para descobrir que tenho que renunciar tudo, e fazer o caminho de volta. Mas, como João e Maria, alguém comeu as migalhas que deixei no caminho, e eu não sei mais qual é a trilha pro paraíso. E tudo o que restou foi essa doce lembrança: a arte que se resume na simplicidade de ser criança.

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