"Se eu for ficar tão feia velha, prefiro morrer antes de tudo cair" pensava todas as vezes que a via.

Eu tinha que me concentrar agora para que ela me liberasse, nada de respostas estranhas, nada de pensamentos loucos,

nada de desenhos obscuros.

E começou a tortura...

- Olá Allison? Como você está?

- Estou bem! respondi sorrindo.

- E a relação com seus pai? Esta melhor?

- Sim senhora. Já o chamo de pai, já o aceito como pai.

E aí se sucede diversas perguntas,

ela me pede para desenhar o que sinto,

desenhei uma casa com três bonecos que representavam minha família.

Nem usei a cor preta dessa vez!

- Muito bem, Allison! Realmente percebi uma grande melhora em você, mas ainda não terminamos, preciso ver se as melhoras continuarão. Desgraçada!

Eu queria enterrar a cara dela na mesa.

Reagi com um sorriso de lado e respondi...

- Por mim tudo bem. Adoro nossas conversas. Você é a única pessoa que converso. Disse ingênua.

- Você sabe que pode contar comigo!

Ela de despediu de mim, eu fui embora.

Quando sai da sala, soltei um sorriso

de alívio.

Entrei no carro, fui para casa.

Minha mãe perguntou tudo o que a Sura tinha falado e eu respondia por alto.

Quando eu cheguei, almocei e corri para o quarto.

"Querido diário, hoje o dia está lindo mas o meu dia está uma merda.

A escola foi um saco, a professora Julia precisará de mais estímulos para agir,

e eu de novas ideias..."

Droga! O cachorro da vizinha não parava de latir, o dia todo. Odiava aquele animal.

Minha mãe abriu a porta, e perguntou se eu gostaria de ir ao supermercado,

mesmo adorando sair com minha mãe,

eu tinha outros planos.

- Certo querida! Vá descasar. Amo você.

- Também te amo mamãe.

Estava desconcentrada, fechei e guardei o diário, fiquei na cama pensando,

pensei em várias maneiras de nunca mais ver meu pai, de não ver a psiquiatra,

de não ouvir os latidos desse animal infernal, em várias coisas.

Meu pai chegou com minha mãe,

ela trouxe o jantar, desci calada,

comi e depois subi, só falei um

"Boa noite!" e fui desabafar mais com meu diário.

"Voltei, o resto do dia foi bom.

Tive ideias excelentes, as vezes esqueço que tenho só 7 anos. A Julia precisará de evidências de que meu pai fez algo contra mim, eu darei a ela o que ela quer..."

- Cachorro maldito! Eu gritei.

A criatura não parava de latir.

Olhei pela janela, tinha ninguém na rua,

tinha que esperar meus pais dormirem,

fingi que estava dormindo quando minha mãe foi até o meu quarto, vi que as luzes apagaram, levantei.

Eu estava de pijama, desci as escadas lentamente e abri a porta.

Fui até a casa da vizinha, tudo calmo,

o nome do cão era Heros, um poodle branco bem pequeno, ele me conhecia

e eu o chamei...

- Vem cachorrinho, vem brincar Heros!

Ele veio correndo, o peguei nos braços

e fui para o quintal dos fundos da minha casa.

- Você adora latir não é? Sabia que isso incomoda? Eu fico louca e não consigo me concentrar. Eu falava e ele tentava me lamber.

Eu o segurei forte, ele se movia tentando me morder e escapar, eu apertei mais forte segurando seu pescoço, ele grunhiu, e eu ouvi um estalo, ele parou de ser mover, os olhinhos negros deles ficaram brilhando, estava morto.

- Agora não late mais não é?

Fiz uma obra de arte com o cão

e fui dormir.

Era sábado, não precisava ir à escola!

Peguei o diário.

"Olá diário? Hoje tenho boas notícias.

Achei um jeito de me livrar dos latidos para sempre, tenho uma ideia para usar contra meu pai, a morte realmente resolveu um dos meus problemas..."

Gritos! Gritos altos! A vizinha estava gritando.

"Acho que ela não gostou da minha surpresa." Eu pensei e sorri.

Inocência.Where stories live. Discover now