Seus olhos estavam repletos de esperança e isso era reconfortante.

- Tudo bem. - Ela sorrir. - Já estou melhor, será que posso voltar para casa? Minha mãe deve estar preocupada comigo.

- Claro. - Ouço a porta abrir e logo avisto os cabelos grisalhos da Lúcia - Irei falar com o rei agora mesmo e já volto para lhe dizer.

- Obrigada. - Ela sorrir gentilmente.

Me despeço com um aceno e saio do quarto. Essa foi a conversa mais interessante que já tive com uma garota. Mirella não falava apenas de riquezas, de alianças ou de quanto tempo demorava para fazer o seu penteado. Ela era diferente e sinto que ela precisa da minha ajuda. Desço os degraus distraído. Minha mente não paravam quieta, não enquanto não achasse uma solução cabível para todos que passam necessidades. Ando pelo longo corredor e paro em frente as portas duplas de madeiras.

- Vossa alteza - O guarda se inclina em uma reverência e se afasta da porta.

Cumprimento o guarda com um aceno de cabeça e entro na sala. Meu pai estava sentado em seu lugar de sempre, seus olhos inteiramente vidrados nos diversos papéis que se espalhavam pela mesa. Ele parecia exausto. Faço um barulho na garganta, ele desvia o olhar dos papéis e olha para mim, sorrindo.

- Benjamin - Ele encosta na poltrona acolchoada e coça os olhos - Soube do ataque na floresta. Você está bem?

- Sim, estou bem. - Me sento próximo à ele - A garota que eu ajudei também está bem.

- Fico contente em ouvir isso. - Ele sorrir - O que o trás aqui? Precisa de algo?

- Na verdade, preciso. - Digo, inseguro.

- Diga-me! Se eu puder fazer algo a respeito, farei.

Apoio minhas mãos sobre a mesa e suspiro. Preciso falar com ele sobre a situação do nosso povo. Muitos estão morrendo por não terem comida em suas casas e isso é um assunto sério, visto que, a segurança e bem-estar do povo é responsabilidade do rei.

- Sei muito bem que não podemos resolver todos os problemas, apenas aqueles que estão ao nosso alcance. Tenho consciência também de que o número de pessoas que moram na Inglaterra aumenta a cada dia mais e mais e isso significa que a situação de vida está cada vez pior. Pessoas estão passando fome e isso é algo inadmissível. Não podemos admitir que situações como essa ocorra, visto que a segurança e o bem-estar do povo é nossa responsabilidade. - Sinto meu coração acelerar a cada palavra dita - Precisamos agir, pai. E precisamos fazer isso agora.

Diferentemente do que eu imaginava, meu pai não estava bravo. Ele parecia maravilhado.

- Você nunca me deixou tão orgulhoso quanto agora. - Ele pega um dos vários papéis espalhados pela mesa e me entrega - Essa é a sua primeira tarefa. Quero que pense com cautela sobre o assunto e o que você decidir, terá o meu apoio e eu prometo que farei de tudo para lhe ajudar.

- Pai... Eu nem sei o que dizer.

- Apenas fique satisfeito em saber que você tem a chance de mudar a vida de muitas pessoas. - Ele sorrir orgulhoso.

Olha para o papel animado e automaticamente várias ideias começam a rodar na minha cabeça. Enfim, uma chance de ajudar o meu povo.

- Obrigado... - Digo.

Ele abre a boca para responder, mas uma batida forte e precisa ecoa pela sala.

- Entre! - Ele diz em alto e bom som. Sem delongas, dois guardas entram na sala.

- Vossa majestade! - Os dois se inclinam em uma reverência, logo um deles começa a falar - Está havendo uma grande confusão na aldeia. Alguns camponeses estão na frente do castelo pedindo por ajuda.

- O que está esperando? Ajude-os imediatamente. - A voz do meu pai soa aflita, entretanto, os guardas continuavam intactos.

- O que estão esperando? - Indago.

- Não sabemos o que está havendo, mas seja o que for, não é nada bom. Algumas dessas pessoas que vieram para cá estão feridas. Há bastante bolhas de água em suas peles e algumas estão gravemente infectadas. - Diz o guarda. Seu rosto estava mais pálido do que o normal e ele parecia está prestes a desmaiar.

- Bolhas de água em todo o corpo? - Sua expressão muda por completo - Isso não pode estar acontecendo.

- Pai, o que está acontecendo? - Perguntou, aflito.

- Quero que vá na vila imediatamente e procure pela senhora Madalena Willians. - Ele se levanta - Vá agora.

Observo os guardas saírem da sala com rapidez, volto a olhar para o meu pai, ainda confuso com o que acabou de acontecer.

- O que está havendo? Pode me explicar, por favor? - Peço pela segunda vez.

- Algo ruim se aproxima, Ben. - Ele se apoia na mesa - E a única pessoa capaz de nos ajudar é a senhora Madalena.

- Mas por que? - Ingado.

- Ela é a única que sabia o que ia acontecer. - Vejo a tensão em seus ombros.

- O que? Está me dizendo que ela...

- Exatamente isso que eu estou dizendo. A senhora Madalena é uma vidente.

* * *

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