Jantar (Parte 2)

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-Então certo, lhe chamo assim quando estivermos a sós, mas diga-me, por que me olha desse jeito, não acha que isso provoca a todos principalmente Catarina?!

-Certamente, mas sua beleza é algo encantador e sua inteligência é fascinante, não tem como não observar_disse alisando meu rosto,me deixando sem palavras

-Err..Agradeço o elogio sinhô, quer dizer Carlos_digo um tanto envergonhada

-Tens quantos anos?

-16 e...vós?

-Tenho 17 e quando fizer 18 terei que assumir minhas responsabilidades de herdeiro único de meu pai

-Gostaria que fosse um dia em minha propriedade, para termos a oportunidade de nos conhecermos melhor..._me convidou com um riso de canto encantador

-Mas o que iria querer comigo?! No mundo de vocês eu não tenho importância alguma!!_indaguei com uma certa frustração

-Quero apenas conhecê-la, em meu mundo todas as pessoas são importantes, independente da cor, e o que vale é o interior, que no seu caso, vale a pena conhecer.

- Uau, quer dizer...é um bom pensamento, pena que as pessoas não pensam assim, não acha essa forma de pensar um tanto revolucionária demais?

-De certo mas, não significa que devo ter as mesmas opiniões que outrem, quem sabe até quanto tempo o Brasil aguenta ser um país escravista, e isso fora as questões econômicas ...

De repente uma voz invade o ambiente:

-Estou interrompendo algo Sr.Carlos?!_pergunta D.Ana com certa ironia

-De forma alguma D.Ana, estava apenas me limpando_diz este tentando se justificar

-Vejo que já está limpo, que tal voltarmos para o jantar?_fala D.Ana ao perceber suas intenções

-Certamente Sra, foi um prazer conhecê-la, espero vê-la novamente_diz este se despedindo de mim, me deixando a sós com Ana

-Fique longe do noivo da minha filha, sua escrava medíocre!!!_falou em um tom imperativo e completou:

-Esta dispensada por hoje e suma dá minha vista antes que eu te mande pro tronco_ e saiu me deixando a sós com meus pensamentos sobre o que eu vivi hoje

...

Chegando na senzala, Regina logo saiu de onde estava para vir me cumprimentar e perguntou como tinha sido o tal jantar e eu havia contado tudo o que havia acontecido e o modo como fui destratada pela aquela mocreia e ela:

-Menina!! Toma juízo!! Cuidado pra não se ferir, ele é rico e poderoso, talvez só queira usá-la e depois descarta-la, fora a confusão que isso vai gerar!

-Eu sei Regi, mas eu não entendo o que anda acontecendo comigo, por que eu sinto uma faísca quando estou perto dele ou perto de Luís?!

-Eu também não entendi essa confusão, mas em todo caso, seja cautelosa com as decisões que tomar, ele parece estar se apaixonando por você!

-Mas ele tem noiva!!

-Não estava falando do Conde...

-Estava falando de que então?!

-De Luís, ele está se apaixonando a cada dia mais por você.

-Como você sabe disso??

-Todo mundo ver isso até no olhar dele, me surpreendo você ainda não ter percebido!!_ fala como se fosse a coisa mais normal do mundo

-Estou sem palavras mediante esse argumento.

-Apenas deixa teu coração decidir por você.

-Mas, e se ele estiver errado?!

-Use sua sabedoria em sintonia com teus sentimentos, só assim irá saber o que fazer.

-Agradeço cada conselho minha amiga, mas a execução deste é bem mais difícil do que eu penso

-Disponha, mas nada na vida é fácil.

...

Mídia: Regina e Helena conversando






Carlos

Estava a caminho da propriedade do Sr.Gonçalves, para um jantar que direcionaria decisões importantes dá minha vida como: o casamento

Já era de conhecimento da parte de meu pai que não queria casar-me com Catarina, mas estava disposto a fazer sua vontade, apenas pelo bem de nossa família e principalmente de minha mãe.

Oh minha pobre e doce mãe!!

A vida toda fui ensinado a ser um rapaz cortês,honesto,corajoso e de honra, mas minha mãe, sempre foi a única que me apoiou a me enlaçar com uma mulher que realmente amasse, enquanto meu pai dizia que isto era sandice e que deveria arranjar alguém de boa família e não uma morta de fome

Como sempre meu pai pensando no dinheiro, de maneira que eu até então desconhecia.

Deus!!! Será que estou doente?!

Quando os anfitriões chegaram, começaram os mesmos assuntos rotineiros de todo o jantar, alianças comerciais e é claro o casamento, um assunto indispensável em uma ocasião como essa.

Por sorte a noiva ainda não havia chegado, as vezes me questiono como pode ter tantas pessoas insistindo em uma farsa tão podre quanto essa?! Confesso que sou tolerante, mas tem horas que esse assunto me sobe a cólera.

Mas o momento de tensão daquele jantar foi a hora em que a doce jovem estava servindo o jantar e Catarina resolveu colocar o pé para que esta tropeçasse, ao cair e derramar vinho em minha roupa, nossa... Até nervosa ela é linda!!!

Depois da cena, está me guiou até a cozinha dos fundos, tentei indaga-la, mas a princípio ela não cedeu, persistir até ouvir sua bela voz novamente, como queria tê-la em meus braços, se entregando para mim de corpo e alma...

A convidei para ir a minha propriedade, mas duvido que está vá, farei o máximo para que meus olhos tenham o prazer de vê-la novamente, acho que depois de nossa prosa ela deve ter sido dispensada, não a vi depois disso.

Deus livrai a vós de algum mal!!

- Jhon, o que farei amigo?! Não consigo parar de pensar nessa mulher!!_disse desesperado

-Ela é uma escrava primo, não há tanta possibilidade de ter algo certo entre vocês, entenda isso!

-Mas sabeis que não amo Catarina e muito menos gosto, ela pode ser linda ter uma boa família, mas é podre por dentro...

-Caro Primo, não entendeis que vós não pode mudar esse fato por simplesmente ser Conde?! Casar-se com uma escrava geraria grande escândalo e fora a péssima imagem que teria nossa família.

- Mas e se...Ela fosse uma liberta, haveria uma maneira de fazer com essa relação desse certo_ falei de um jeito esperançoso

- Porém não sabeis se esta vós quer do mesmo jeito que a queres_ disse Jhon

Ao ouvir estas palavras foi como se tivesse sentido uma faca entrando de leve na minha estrutura cardíaca, uma leve e dolorosa pontada.

Deus eu estou perdido!!!!
O que devo fazer?!
Será que isso é apenas algo dá minha mente para escapar de minhas obrigações?!
Será isto uma forma de me punir pelos meus pecados ?!
Prefero a morte do que essa dor exacerbada, que tenho em meu peito!!!
E de novo clamo
O que devo fazer?!

Escravo libertadorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora