Capítulo 57: Ranna

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A CHAVE PARA A SALVAÇÃO


Como pediu Mirian, vou começar pelo começo.

Depois que consegui um semiacordo com a ruiva d'Os Treze, no meio do campo de batalha, Iorran abriu um portal para que voltássemos à ilha. Aqui, Lya e Mirian conversaram sobre os novos e recém-chegados moradores do nosso refúgio. A ruiva não pareceu gostar. Por isso, resolveu que buscaria Natanael em São Paulo. A negra foi com ela, sem nem pedir.

Mais tarde fiquei sabendo que, assim que Rita deu uma curada superficial no ferimento de Carlo, este fez Day lhe transportar para a capital a fim de trazer o marido de volta. A notícia de que Nate ficou para trás pegou todos nós de surpresa e encheu os mais próximos de tristeza. O ruivo, assim que atravessou a dobra espacial nos braços da estadunidense, chorava copiosamente. Abracei-o, ciente de que, independente do que fizesse, não seria suficiente para aplacar sua aflição.

Mas a preocupação não se findou quando Carlo foi levado de volta à ala hospitalar. Lya e Mirian não tinham voltado antes de as bombas caírem do céu. Nossa esperança na ilha foram os Cipriano. No fim, depois que a poeira baixou, fiquei sabendo que Bernardo e Eric conseguiram notícias das duas e as buscaram no meio do nada que se tornou a Cidade Federal de Estudos In-Humanos.

Então, os dias foram passando. Bernardo tomou conta do Centro de Controle, já que soube que Sandra faleceu pelas mãos de Danilo e Lya ainda estava em observação. O uso de seus poderes a fez ficar esgotada, mas nenhum sinal de degeneração celular. Diferente do meu caso.

Como a Ilha do Arco-íris ficou abarrotada de gente nova e de renegados antes presos, muitos ainda não compreendiam o que estava acontecendo, nem porque estavam aqui. Alguns até tinham memórias confusas, que ajudei a decifrá-las com uso da minha habilidade. O que tornou o avanço da minha degeneração possível. Resolvi não pensar nisso. Minha vida não era mais importante do que a daquelas pessoas. A única coisa que eu pedia era para que sobrevivesse o suficiente para conversar com Lya e Carlo, assim que ambos estivessem bons.

Mesmo quando a ruiva voltou ao trabalho, juntando-se a Bernardo, resolvi que só abriria o bico quando o irmão saísse de seu martírio. Cheguei a visitá-lo uma vez, mas ele pediu para que eu não voltasse lá enquanto ele mesmo não encontrasse forças para retornar à superfície por conta própria. Achei por bem respeitar seu pedido.

Na época, Mirian também não estava lá muito bem. Mas graças aos céus e às mãos de Rita ela está melhor agora.

Durante o mês cheio de visitas em uma salinha, que arrumaram para eu atender as pessoas novas, tive a surpresa de receber a sumida Irina, que vi poucas vezes depois da Última Batalha, como andam dizendo por aí.

— Irina? — surpreendi-me, enquanto ela fechava a porta. — Bom te ver aqui.

Ela se sentou à minha frente, mascando um chiclete.

— Como você está? — indagou.

— Bem, e você?

A loira deu de ombros.

— Ah, fui promovida.

Arqueei as sobrancelhas.

— Sério? Me conta essa história direito!

— Enquanto vocês estavam fazendo baderna na capital, eu estava liderando os guardas que ficaram do nosso lado. Os que reportaram Os Treze foram derrubados. Também, ajudei a manter as coisas no lugar quando os novos residentes chegaram. Por isso, Lya achou que eu sou ótima para o posto de Chefe de Segurança — e indicou a farda preta com listras vermelhas, que mal percebera se tratar de um uniforme.

Futuro Conquistado #2 (Ficção LGBT)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora