CAPÍTULO QUATRO

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VINÍCIUS

Eu sabia que deveria ter dito "não", porque estava caindo de sono, mas a Anna sabia certinho o jeito de me dobrar e, para a sorte dela, eu também estava morto de fome. O problema era só um: qual era a possibilidade do Luís não amanhecer na porta dela, fazendo o maior escândalo pela manhã? Nenhuma!

— Tô saindo, volto amanhã cedo. — informei aos piás que moravam comigo e um deles tirou os olhos da tela da tevê para me encarar.

— Vai aonde com esse olho roxo?

— Casa da Anna.

— Casa da namoradinha... — o outro zombou e eu peguei uma almofada no sofá, lançando-a em sua direção.

— Ei, Vinícius? — o primeiro chamou outra vez. — Se a Anna estiver solteira, diz para ela que eu mandei um beijo.

— Vou dizer pra sua mãe. — avisei antes de fechar a porta e ainda pude ouvir os dois rindo.

Fiz o trajeto todo bem rápido, já que morar em cidade pequena significava que os nossos apartamentos não eram tão longe um do outro. No entanto, assim que entrei na rua da Anna eu pude ver o Luís discutindo com o porteiro, enquanto um taxista esperava que ele terminasse o show.

— Tá de brincadeira... — bufei, sacando o celular e ligando para o número da Cacau.

"Já chegou?", a Anna atendeu no terceiro toque.

"Já, e adivinhe? O seu namorado tá aqui embaixo fazendo escândalo"

"Luís? Eu não acredito! Ele te viu aí?"

"Ainda não"

"Não deixa ele te ver, Vini! Ele vai querer caçar briga outra vez e... Ai, eu vou ter que descer..."

"Anna, nã-", comecei a dizer qualquer coisa, mas ela já havia desligado. Tentei ligar mais duas vezes, porém não fui atendido. Xinguei sozinho e vi que o porteiro ainda batia boca com o inútil do Luís Gabriel. Não demorou para que a Anna aparecesse, usando pijama e pantufas.

Nesse momento, o foco do Luís saiu do porteiro e foi para a Anna. Ele se ajoelhou na frente dela e agarrou as suas pernas. Ah, pelo amor de Deus! Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta, porém, assim que a Anna me avistou, ela arregalou os olhos e fez um sinal para que eu entrasse no carro outra vez.

Eu até iria fazer isso, mas o porteiro também me viu e gritou:

— Seu Vinícius, que bom que você tá aqui! Ajuda a Anna, esse rapaz não quer ir embora!

O que, imediatamente, fez com que o Luís levantasse os olhos das pernas da Anna e procurasse por mim.

— Não acredito! O que esse cara tá fazendo aqui, Anna Júlia? — ele foi logo se irritando. Dane-se! Me aproximei e ele se colocou de pé, mas a Anna, mais do que rapidamente, se posicionou na sua frente.

— Luís, por favor, você já arranjou confusão demais por hoje! O Vinícius veio ver o meu irmão e já tá subindo, né, Vini?

Ri sem acreditar. De jeito nenhum que eu iria deixá-la sozinha com aquele boçal, ainda mais bêbado.

— Ah, é. Eu vim sim, mas acho que vou esperar. — eu disse.

— Vini... — ela começou, porém o Luís lhe interrompeu com uma gargalhada.

Dizem Por Aí I Degustação | Completo na AmazonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora