Ele é complicado.
E ela está toda enrolada.
Quando o empresário Luiz Miguel Santinelli volta para o Brasil após longas férias na Austrália, percebe que tudo o que mais quer é afrontar o pai, o magnata Angelo Santinelli, que é dono da cadeia internac...
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SABRINA
— ENTÃO, CONSEGUIU O EMPREGO? — Minha vizinha e amiga perguntou assim que me viu chegar na porta do meu apê.
— Consegui. Vem, entra, rápido. — Eu não podia ficar de bobeira no corredor do prédio por causa do senhor Gomes. Toda vez que me via, não perdia a oportunidade de me jogar na cara que eu estava devendo. E era chato ficar ouvindo gracinha todo dia.
— Tá fugindo do senhor Gomes, não é? — riu, entrando na sala.
— Ele anda feito carrapicho no meu pé.
— Também pudera, você deve ao homem três meses!
— São dois, na verdade. Mas agora que arrumei emprego, vou pagar tudinho a ele. Você vai ver.
— Você fala isso desde o mês passado, Sabrina, e só fica embromando.
— Ah, não vai dar uma do senhor Gomes agora, né? Não sabe o quanto tô cansada... peguei metrô cheio, sol escaldante capaz de derreter tijolo e não tinha grana nem pra comprar uma garrafinha d'água. E meus pés estão formigando. — Me joguei no sofá e balancei os sapatos que saíram por livre e espontânea vontade. Deitei no sofá antes de perceber que estava deitada sobre o controle remoto. Eu não me lembrava de onde tinha o deixado na noite anterior.
— Ah, aqui está você, meu amorzinho... — Eu o beijei. Ele era o meu companheiro em quase todas as tardes.
— Então arranjou o emprego ou não? — falou e só então me lembrei que ela ainda estava ali parada na minha frente.
— Graças ao anjo que surgiu na minha vida. Se ele tivesse asas, eu me pendurava nelas e nunca mais me soltaria.
— Ah, sem essa, não começa com novela mexicana.
Eu estava acessando a Maria do Bairro na tevê na hora em que ela falou isso.
— Não tô falando de novela mexicana, sua mula! Tô falando do cara que me ajudou com o trabalho. Não contei pra você antes, mas ele apareceu no meu caminho. Bonito, alto, cheiroso... estava perdido, precisando de ajuda pra ir pra empresa, então eu o ajudei.
— Tá dizendo que levou o cara pro trabalho?! — Se sentou diante de mim, os olhos esbugalhados.
— Ele estava de carro. Só guiei o bonitão por quase uma hora e quando chegamos na Santinelli ele me ofereceu dinheiro.
— E vai me dizer que aceitou?
— É claro que aceitei! Eu tô precisando! Olha o seu redor. Minha geladeira tá vazia e estou almoçando biscoito há dias. Bem que eu tentei recusar, mas quando lembrei que não tinha nada pra comer... enfim, hoje eu voltei na empresa e consegui falar com ele. E adivinha só.
