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Você me chama de feminista
Enquanto eu defendo meu ponto de vista
Quando seu argumento falho
É reprimido pela quantidade de fatos

Que eu levo presos na garganta
Como choro de criança
Que pra mãe não apanhar mais
Finge não ouvir nada
Finge viver em paz

É quando eu solto o grito preso na garganta
Que você diz que eu sou feminista
E isso não me espanta
Isso pra mim não é vergonha

Se você me chama de feminista na intenção de me ofender
Invente novas ofensas
Porque essa só quer dizer
Que eu tô defendendo tão bem aquilo que acredito
Que você me identificou só pelo que tenho a dizer

Então cara, acorda
Não prega a discórdia na minha frente
A tua mulher tá lavando roupa em casa,
Mas isso não diz que não posso ser diferente

Da Maria que apanhou calada,
Porque não teve como impedir o marido de sair, brigar e quebrar o dente
Da Ana que saiu de casa pra viver sendo xingada de vadia
Por não depender de marido
E criar sozinha a filha

Eu posso ser diferente
Porque a minha geração luta pra ser vista
Respeitada
E aceitada escolhendo o tipo que quer ser de gente

Então na hora de me chamar de feminista
Pense em um jeito de realmente me ofender
Porque feminista eu sou por escolha
E continuo escolhendo ser.

PonteirosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora