ESCURO

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A chuva cai,
Mas logo deixa de ser chuva
Para tornar - se música:
Canção da vida,
Canto de fantasmas que eu insisto em aprisionar.

Em meu quarto escuro
Nenhuma luz é capaz de me alcançar.

Lá fora a música parou,
E o som legítimo
Foi substituído pelo estridente canto bastardo dos pássaros,
Os quais voam desengonçados
Em uma harmoniosa confusão.

Não me chamem de poeta,
Me chame de pássaro
Me chame de louco.
Não me chamem para ver o dia
Quando tudo que desejo é estar só.

Logo irei dormir,
Ao passo de que os fantasmas
Deixam de ser fantasmas
E tornam - se lembranças
E as mesmas me guiem
A doce escuridão,
Ao doce nada.

Victor Pacheco.

Lúgubre Where stories live. Discover now