Por mil anos ❤❤ #capítulo 8

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Já eram quase cinco da tarde quando chegamos a casa o que significava que apenas nos restavam duas horas e um quarto para nos arranjarmos. Para mim isso não era um problema porque apenas precisava de tomar um duche e vestir o fato. A minha irmã é que dizia que este tempo era pouco e que iam chegar atrasados. Subiu a correr para quarto e não a vi durante as duas horas seguintes. 

Liguei a televisão mas não encontrei nada que estivesse a gostar. Subi as escadas lentamente e dirigi-me para o quarto. Preparei as coisas todas e decidi ir tomar um bom banho para relaxar antes de sair. 

- Já estou pronta - anunciou a Joana - Fecha os olhos.

Fiz como ela pediu e quando os abri fiquei boquiaberto. A minha pequena irmã parecia uma mulher. Com um vestido branco até aos joelhos, rodado na cinta e o cabelo preso num coque alto com a franja a cair-lhe sob o rosto. -

- Uau! - exclamei - Pareces uma princesa.

- Não estás nada mal também - e piscou o olho. 

A casa da Maria não ficava muito longe pelo que decidimos ir a pé. O tempo tinha aquecido mas não o suficiente para nos fazer transpirar enquanto caminhávamos. A verdade é que estava quente para a hora que era ou então eu é que sentia bastante quente.

- Estás nervoso? - perguntou a Joana

- Nem por isso e tu?

- Não percebo muito bem quais vão ser os assuntos a tratar... - e rimo-nos os dois  - mas espero que seja divertido. 

Fizemos o resto do caminho enquanto conversávamos acerca das expectativas sobre o jantar e quando demos por isso já estávamos na porta de casa da Maria. 

Todos os convidados estavam cá fora. Haviam luzes de várias cores penduradas entre as árvores, a churrasqueira estava cheia de empregados que usavam os seus uniformes impecavelmente engomados e a mesa estava toda decorada. Contavam-se cerca de cinquenta convidados. 

- João, boa tarde - cumprimentou o Manuel - como está?

- Bem obrigado, e você? - fingi querer saber

- Igualmente. - sorriu - Vou avisar a Maria que já chegaram. 

- Penso que não é preciso - retorqui - A minha irmã já foi ter com ela.

A verdade é que eu não queria que ele fosse chamar a Maria. Estava com medo da minha reação ao vê-la e do que iria sentir depois. O Manuel afastou-se e eu dirigi-me até ao alpendre para ir buscar  um copo de sumo de laranja. Achei que pedir algo com álcool não fosse muito apropriado para aquela ocasião porque, mesmo que não tivesse qualquer importância para aquela família, eu ia conhecê-los naquela noite e se queria impressionar tinha de dar o meu melhor. O problema é que eu não sabia se isso era o que eu queria realmente e, o porquê se duvidar sobre aquilo. 

O ar começava a esfriar e não havia sinais da Joana nem da Maria. Desci as escadas do alpendre e fui observar a vista. Quando olhei para trás vi a Joana descer as escadas com um rapaz e atrás dela vinha a Maria. O meu corpo ficou como que paralisado. Sustive a respiração e admirei-a boquiaberto. 

Ela trazia um vestido cor de rosa, justo até à cinta com um bordado floreado que depois caía até um pouco mais abaixo dos joelhos. O cabelo caía pelos ombros e usava um sapato da cor do vestido, com o mesmo bordado. 

Talvez se estejam a perguntar o porquê de alguém se sentir assim por uma pessoa que não conhece. A Maria é a rapariga mais bonita que eu já vi alguma vez. Tem cabelo loiro um pouco acastanhado e é bastante ondulado. Faz lembrar o mar nos dias em que está mais agitado. Os seus olhos são verdes cor esmeralda e são capazes de fazer com que alguém se perca neles. Os lábios finos, muito bem definidos. É alta e esguia mas não demasiado magra. 

Porém não consigo dizer que me sinto atraído apenas pelo seu físico. É a forma como nos olhos parecendo que traz muitas histórias consigo. A forma como sorri que indiretamente nos faz sorrir também. A forma suave como se move não deixando ninguém indiferente à sua presença. A sua calma ao falar mas que mostra ao mesmo tempo a sua determinação. É tudo aquilo que ela deixa transparecer sobre si sem que a conheçamos. 

- Maria - comecei - Estás muito bonita - não sabia mais o que dizer

- Obrigada, posso dizer o mesmo sobre ti - e, pela primeira vez, vi-a corar. 

- Filha - ouvi a mãe dela chamar - está na hora de fazeres o brinde. 

Ela assentiu e virou costas sem dizer mais uma palavra.  Subiu o alpendre e bateu com uma colher no copo de vidro. Começou a agradecer a presença de todos com o sorriso dela e a falar um pouco sobre o que os trazia ali. Manuel juntou-se a ela e começou a falar também. O sorriso desapareceu e apareceu-lhe uma expressão de desespero, mas, da mesma forma repentina que apareceu, desapareceu também. 

Fixei o meu olhar nela e tentei perceber o porquê daquela expressão. 


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