- Qual é a lição? - Pergunto, abrindo um meio sorriso.

- Não faça nada, pensando em como teria sido se não tivesse feito. Você deve confiar nas suas decisões e seguir apenas o seu coração.

- Meu coração deseja encontrar aquela garota. - Admito, desviando o olhar para o chão.

- Então, encontre ela. - Ele sorrir.

- Encontre quem? - Minha mãe pergunta, ao adentrar na sala.

- Assunto confidencial. - Meu pai responde e ela automaticamente sorrir.

- Adoraria descobrir o que tanto falavam, mas a nossa visita chegou. - Ela diz, fazendo a tensão em meus ombros aumentarem.

- Você está bem? - Ele pergunta, deixando nítido a sua preocupação.

- Estou sim, meu amor. - Ela sorrir para ele.

- Devemos começar o quanto antes essa reunião. - Assinto e me levanto - Ben, está preparado?

- Como nunca estive. - Respondo, confiante.

A sala fica em absoluto silêncio, antes da porta dupla de madeira ser aberta por completo. Observo Gaspar dar passos lentos até a cadeira mais próxima, ele faz uma reverência e se senta. Ele parecia calmo, a prova disso, era o sorriso convencido que não saia de seu rosto.

- Espero que tenha sido bem recebido na pensão. - Meu pai começa, após se sentar.

- Admito que aquele lugar é bem acolhedor. - Ele diz, analisando um de cada vez.

- Disso eu tenho certeza. - As portas se abrem novamente - Meu irmão merece o melhor tratamento. - Meu vô diz com ironia.

- Vejo que leu o diário do nosso pai. - Gaspar provoca o irmão.

- Sim, li cada palavra daquele diário. - Ele sorrir - E fico feliz em saber que você não tem direito ao trono.

O clima fica tenso. A expressão de Gaspar muda completamente, e agora, a única coisa que seus olhos transmitiam, eram raiva e ódio.

- Como pode ter tanta certeza? - Gaspar indaga.

- Eu sou o filho mais velho, Gaspar. - Meu vô diz, tranquilamente - Sinto muito em lhe dizer, mas o direito ao trono pertence ao filho mais velho, neste caso, pertence a mim.

Gaspar se cala. Ele parecia que ia explodir a qualquer momento.

- Está me dizendo que não tenho direito a nada? - Ele pergunta com sua voz levemente altera, em uma tentativa falha de intimidar o meu avô.

- O que você deseja? - Meu vô retruca - Terras? Comércios? Saco de moedas de ouro? Diga-me o que deseja e eu lhe darei.

As palavras ditas pelo meu avô, parecem ser uma sentença de morte para Gaspar. Suas íris castanhas estavam escurecidas e com certeza, não era por estar satisfeito. Algo me dizia que ele não deseja nada daquilo e me agoniza saber que ele não desistiria fácil.

- O que te leva a pensar que eu abrirei mão do trono? - Sua expressão muda por completo - Pensei que entraríamos em um acordo, mas vejo que isso não vai acontecer.

Desvio o olhar para o meu pai. Ele permanecia calado, embora o rubor de seu rosto deixasse claro o quão enraivecido ele estava.

- Permita-me dizer, senhor Gaspar - Meu pai toma iniciativa - O senhor não irá conseguir o que deseja. A regra da linha de sucessão é bem clara, e sejamos sinceros, o senhor não daria conta de tanto trabalho.

Em um movimento rápido, Gaspar se levanta, batendo suas mãos na mesa com força.

- Como se atreve? - Ele eleva sua voz - Acha mesmo que vou me intimidar por sua causa? - Ele rir maliciosamente - Você ainda é uma criança, não sabe o que diz, então não venha me dizer o que eu posso ou não fazer.

- Guardas! - Meu pai chama por eles e se levanta - Gaspar, deixa eu lhe explicar uma coisa... Ser rei é muito mais do que aproveitar as riquezas e as fartas refeições. Ser rei é ter a capacidade de cuidar de todas as pessoas do seu reino, é ser educado e saber tomar as decisões certas.

Um dos guardas se aproxima, pegando no braço do Gaspar firmemente. O homem bufa ao se sentir incapaz, mas não tenta escapar.

- Para sentar no trono e assumir todas essas responsabilidades, você precisa primeiramente, ser altruísta, e bem, isso é uma característica que você não tem.

- O que fazemos com ele, vossa majestade? - Um dos guardas, pergunta.

- Tirem-no daqui. - Meu pai responde, seriamente.

Observamos seriamente, enquanto os guardas tiravam-no, com gentileza, da sala.
Assim que as portas se fecham, todos soltam um suspiro de alívio, inclusive meu avô.

- Ele não irá desistir tão facilmente. - Digo, atraindo a atenção de todos.

- Com certeza não. - Meu pai diz - Não podemos esperar que ele ataque. Devemos nos preparar para o pior das hipóteses.

- Qual seria o pior? - Minha mãe pergunta.

- Uma vingança, Marlee. - De longe, eu poderia notar o quão tensa ela ficou após ouvir essas palavras.

- Não podemos ficar a mercê dessa ameaça novamente. - Ela diz, aflita.

- Providenciarei que nada nos atinja. - Ele diz, pegando na mão da minha mãe - Iremos nos preparar, e eu não vou parar até descobrir o que ele pretende fazer.

Encosto minha cabeça na cadeira acolchoada e suspiro. O reino viveu em paz por muitos anos. A última guerra que aconteceu foi um pouco antes do casamento dos meus pais. Pelo o que eu sei, a guerra matou muitas pessoas e quase matou a minha mãe, mas ela foi mais forte do que todos pensavam. Agora, pensar na hipótese de uma possível guerra, parecia aterroriza-lá. Apesar de não ter nenhuma experiência com guerras, ou com qualquer outro tipo de luta, eu faria o impossível para aprender. Isso não é um assunto que possa ser deixado de lado. Gaspar estava mechendo com a minha família e eu não deixarei que ele a destrua.

* * *

Espero que estejam gostando! ❤

O Herdeiro Where stories live. Discover now