Capítulo TRÊS

Começar do início
                                    

– Aqui está seu cronograma. Wagner é nosso fotógrafo principal e ele ficará encarregado de passar suas tarefas e você o auxiliará em tudo que ele precisar.

Afirmo com a cabeça.

– Você realmente me entendeu? Porque não parece.

Cada vez mais difícil não bater nele.

– Sim. Onde posso encontrar Wagner?

– Ele estará aqui em instantes.

Como se tivesse calculado um homem passou pela porta do elevador. Ele era lindo, lembrava um pouco o Lenny Kravitz. Ele usava uma blusa bem justa ao corpo e eu consegui ver logo seus braços malhados. Meu Deus, como eu me segurei para não tirar a minha câmera da bolsa e começar a tirar fotos daquele homem. Será que só tinham homens bonitos trabalhando nessa empresa?

– Bom dia, e quem é minha nova ajudante?

Ele era bastante simpático e animado, sua voz era grossa e, nossa, que sorriso lindo! Fiquei imediatamente encantada.

– Bom dia Wagner, esta é Jennifer Torres, ela estará encarregada de te ajudar no estúdio.

Victor estava me olhando de um jeito esquisito, mas ele foi estranho todas as poucas vezes que nos encontramos então eu simplesmente ignorei. Abri um enorme sorriso e cumprimentei meu novo chefe.

– Espero te ajudar da melhor maneira possível.

Ele sorri e responde.

– Todos esperamos.

Eu sorri largamente. Ele era tão mais legal que Victor que fiquei mais relaxada perto dele. Dois patrões bipolares não seriam de boa ajuda para mim.

Mas agora Victor estava com uma careta e quando eu estava me virando para seguir Wagner ouvi sua voz.

– Srta. Torres, pode entrar só um minuto em minha sala?

Agora eu podia entrar na sala? Não gostei muito da ideia, mas eu precisava aprender a seguir suas ordens e entrei. Sua voz era fria quando falou.

O que eu fiz agora? Ele fechou a porta atrás de mim e sentou em sua cadeira. Sua sala era ainda maior que a sala que eu fui entrevistada.

– Na empresa não aceitamos relacionamento entre nossos funcionários então espero que você se atenha a seu trabalho.

Oi? Porque isso agora? Ele novamente tinha conseguido me estressar num piscar de olhos. Nem cheguei a sentar na cadeira que ele me indicou.

– Lembrando que foi o senhor que me perguntou se eu queria transar com você há alguns dias. – Eu novamente estava fervendo de raiva. Bipolar idiota. – Não sei de onde você tirou essa ideia, mas pode ficar sossegado que ninguém dessa empresa irá transar comigo. Ninguém. – Quis deixar a parte do "ninguém" tão evidente que quase falei uma terceira vez. - Agora se me der licença eu tenho que começar meu dia de trabalho.

– Senhorita Torres, eu não terminei.

Mas eu sim.

- Tenha um bom dia, Senhor Rodrigues.

Sai batendo o pé de sua sala e fechei a porta com um pouco mais de força que o necessário.

– Desculpe, podemos ir? – Disse para Wagner enquanto ele me olhava um pouco confuso.

– Aconteceu alguma coisa lá dentro?

– Só seu chefe sendo um idiota. – As palavras saíram sem que eu percebesse e me arrependi na mesma hora que disse. Já ia me desculpar um milhão de vezes quando Wagner soltou uma gargalhada. Fiquei um pouco confusa.

– Menina, vamos nos dar muito bem.

Durante meu primeiro dia de trabalho descobri que Wagner era casado, tinha duas filhas gêmeas de 4 anos e um menino de 7 meses que ele falava com brilho nos olhos. Ele me mostrou várias fotos enquanto algumas modelos se maquiavam no estúdio. Quando começamos mesmo a trabalhar ele sempre arrumava um tempo para me explicar e mostrar alguns equipamentos que eram mais usados para as fotos internas.

Explicou-me que alguns dias nosso trabalho será externo, em praias, jardins e que algumas edições precisavam ser feitas muito antes da publicação. Eu não tirei nenhuma foto, mas ele me advertiu que eu sempre carregasse a câmera comigo. Não precisava falar outra vez, difícil era lembrar um dia que eu saí sem ela.

Quando olhei para o relógio, ele já estava marcando quinze para as cinco.

Meu Deus, a hora voou depois do almoço. Após muita insistência comi numa pensão próxima ao prédio da Revista com Wagner. A comida era boa e barata. Tudo bem limpinho e assim pude conhecê-lo um pouco melhor. Ele estava sendo um fofo comigo, percebi que ele raramente saia para almoçar, mas ele queria que eu ficasse confortável e me enturmasse. Contei também a ele do meu irmão e de como o Victor foi até a minha casa para me pedir que aceitasse o emprego.

– Ele fez mesmo isso? Você deve ter causado uma impressão e tanto na sua entrevista.

– Bom, acho que o tapa que dei em seu rosto ajudou um pouco.

Ele riu, riu e riu.

Eu vi que poderia encontrar uma boa amizade ali.

Às cinco da tarde desci para esperar meu irmão no hall do prédio. Victor passou por mim e eu desviei o rosto para que ele não me visse. Tarde demais.

– Como foi seu primeiro dia de trabalho, Jennifer?

– Ótimo, estou muito feliz por ter aceitado o emprego, Wagner é um chefe excelente.

– Creio que sim. Está esperando alguém?

– Sim, Luke vem me buscar.

– Ah sim. – Sua voz saiu mais baixa, lembrei que eu "tenho namorado" – Bom, então te vejo amanhã. Ah, e Jennifer, se você algum dia virar as costas para mim novamente e me deixar falando sozinho irá arcar com as consequências.

– Até amanhã, Senhor. – Ignorei seu aviso e isso o deixou irritado. Vi seus olhos escureceram, mas ele apenas se virou e saiu do prédio.

Quinze minutos depois Luke estacionou próximo ao prédio e entrei no nosso carro com um sorriso largo.

– E como foi o trabalho?

– No início um pouco estranho, mas eu adorei meu novo chefe.

Comecei a falar de Wagner e das coisas que havia me mostrado, das dicas que havia me dado...

– Ele disse que por vezes terei que fazer alguma viagem, nada muito longe, Minas, São Paulo, mas também há algumas poucas vezes que ele teve que ir a Argentina, Estados Unidos.

– Poxa, que bom!

Ele falou um pouco do seu dia no trabalho. Luke trabalha numa empresa de Propaganda e a cada dia ele é mais necessário para a empresa. Meu irmão sempre foi muito competente em tudo o que fazia. No caminho de casa compramos comida já que eu não estava com disposição para fazer nada. Passamos um bom tempo comendo e conversando no Drive-Tru do Fast-food sobre nada em especial enquanto enchíamos o painel do carro com as caixas do lanche.

– Agora eu irei ajudar de novo com as contas então não se preocupe com isso. Vamos dividir as coisas de forma mais justa. – Eu dizia enquanto me empanturrava de batata frita.

– Eu não ligo se eu preciso trabalhar mais para ficar com você, eu te amo e viveria assim pra sempre.

– Ok e nunca mais se livrar da sua irmãzinha pentelha quando você quiser casar e ter sua privacidade.

– Relaxa que quando isso acontecer eu compro uma casinha de cachorro para você morar.

Rimos e o resto da noite foi ainda mais agradável.w

Retratos de Uma Vida (degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora