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Minha cabeça dói de ouvir tantas vezes juntas em um pequeno espaço de uma van, que nos leva até a clínica de reabilitação na qual Renée decidiu que deveríamos ir. Eu não queria ir, ver pessoas que já utilizaram vários tipos de drogas, eu pelo menos fiquei apenas no álcool, sei que isso não é grande coisa por quê o álcool é ruim também, não me orgulho disso, já estou sem beber à mais de 1 ano.

-Iris, fiquei sabendo que hoje terá uma comemoração lá na clínica, um paciente vai sair hoje e vão comemorar já que ele está cem por cento limpo de drogas e tal. - Emma fala ao meu lado.

Emma é uma garota de 19 anos que sempre via seus pais brigarem, ela entrou em um tipo de depressão aos 12 anos e aos 14 decidiu esconder sua dor com o álcool, ela está no grupo de Alcoólicos anônimos há 2 anos junto comigo, ela é uma das poucas pessoas com quem me comunico, ela é uma boa garota.

-E como você ficou sabendo disso? - perguntei, Emma é como um jornal ou algo assim, ela está sempre atualizada, sempre sabe das coisas que acontecem ao nosso redor, enquanto eu sou mais desligada, totalmente o oposto dela, ela gosta de atenção, eu odeio que me olhem por mais de dois segundos, ela anima a todos, eu nem falo com as pessoas, imagina anima-las.

-Ouvi Renée falando para a Aurora. - ela responde.

Depois disso ficamos em silêncio, bom eu fiquei, já Emma conversou com algumas pessoas que estavam sentados na nossa frente na van.

Eu estava olhando para a rua através da janela quando percebo que a van parou, a porta foi aberta e todos desceram, eu fui a última a sair e como eu demorei um pouco todos já haviam entrado, fechei a porta da van e o motorista foi embora, ele iria voltar para nos buscar no horário combinado.

Estava subindo as escadas da clínica quando um homem alto de cabelos cor de chocolate até o ombro e alguns cachos passou por mim, trocamos um curto olhar e ele desviou seus olhos dos meus, entrei na clínica sem olhar para trás. Assim que entrei Emma veio até mim.

-Acho que chegamos atrasados. - ela falou com decepção em sua voz

-Por que? - perguntei, sou mais de fazer perguntas do que responde-las.

-Porque o paciente acabou de sair e a comemoração foi mais cedo. - ela falou e olhou para o chão. Não respondi, apenas fui até o grupo que estava reunido em um círculo, só que maior que o normal já que haviam mais pessoas misturadas ali. Sentei em uma cadeira e fiquei o resto da tarde ouvindo sobre histórias de superação.

Na verdade nem cheguei a ouvir tanto, meus pensamentos e atenção estavam naquele homem que passou por mim, ele é o tal paciente? Deve ser né, Emma havia dito que ele saiu assim que eu entrei, então com toda certeza que é ele.

Será que ele tem um lugar para ficar?

Será que ele tem o que comer? Já que ele ficou um longo período de tempo aqui dentro ele não deve ter um emprego, será que a família dele aceitará ele?

Perguntas e mais perguntas passaram pela minha cabeça no resto da tarde.

Nenhuma com resposta.

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