Crush 2

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Cenas do capítulo passado:

- Então? Conseguiu o que queria? - perguntou Theo confuso

- Pergunte isso novamente e irei enfiar sua cara numa privada e dar descarga!

Não pude evitar, era decepcionante. Será que nem com uma ajuda celestial eu conseguia pegar algum garoto que eu gosto? Será que era alguma maldição que vem há séculos em mim? Corrigindo, em minha família?. Enquanto seguia para fora, chutei uma lixeira que estava no corredor e uma dor angustiante espalhou-se, a lata era de ferro e, logo eu que tinha tanta raiva para machucar alguém, fui machucada literalmente por uma lata... que cômico.
Ouço a voz de Theo ao fundo, gritando por mim, será que ele sentiu pena de mim? Vinha para consolar-me pois senti algo em relação a mim?. Corri o mais rápido que pude, foi a única coisa que veio á minha cabeça, já tinha visto em milhares de séries e telenovelas que, quando a mocinha estava triste e corria, o mocinho gato gostoso vinha para seu consolo, e sempre o consolo era um beijo daqueles... Será que iria acontecer isso comigo? Poxa, eu seria a protagonista do meu filme? Acho que não, sempre haverá alguém para abafar meu brilho, que já não é tanto.

- Emily! - grita ele ofegante, seus olhos dourados brilham á luz do crepúsculo e tenho a leve sensação do que poderia acontecer se fosse mesmo o que estou pensando. Não o-respondo e contínuo correndo em direção ao ônibus - Emily espera por favor!

Recuso-me a perder a chance! Não posso deixar ele me alcançar tão rápido! Eu sei que não faz sentido mas é isso que dá ser uma viciada em LCSN ( Livros, Comidas, Sociais e Netflix). Uma pequena fila se estende na entrada do ônibus amarelo, minhas pernas tremem de cansaço, sinto gotas de suor escorrendo pela minha testa, ouço gritos e súplicas de um ser celestial.
Finalmente eu chego, peço licença e desculpo-me ofegante enquanto as pessoas resmungavam dos empurrões que eu dava, precisava entrar o mais rápido possível, aquele ônibus é o lugar perfeito para receber um beijo do Theo. Sei que pareço normal, não quero ser normal, ser diferente é bom, mas ser retardada é outra coisa. Com mais alguns empurrões, encontro um banco, um não, dois bancos vazios. P-e-r-f-e-i-t-o!
Abro a janela e algumas pessoas reclamam por estarem com frio, mas eu não me importo. Olho para a estrutura do colégio sendo iluminada ao pôr do sol e chego á pensar, por um segundo, que aquele lugar seria bom, mas realmente não é. Suspiro ofegante e olho para o pequeno grupinho de alunos ali embaixo, mas espera, cadê o Theo? Ele não estava correndo atrás de mim?. Entre eles, há uma garota sorridente, que manipula um mini-laser em sua mão, ela faz algumas manobras e eu fico admirada por seus reflexos rápidos, esboço um sorriso gentil e então, sua amiga aponta para mim e sussurra algo para a garota, que me encara com raiva. Então só vi o flash branco invadir minha visão e eu xingar baixo, a descarada apontou o laser no meu olho.
Esfrego meus olhos na tentativa de voltar a enxergar, se é que eu não tenha ficado cega, após uns minutos, eu ouço uma respiração ofegante, está próxima de mim e eu tento ver quem é o ser, se for o Harold chatinho? Eu não vou suportar o cheiro de suor misturado com cloro, ele é bonitinho e joga bem, mas seus odores impedem qualquer chances de entrar em minha lista de crushs.
Como ainda não tenho minha visão de volta, o único modo que encontro é apalpar. Com a mão esquerda, estico lentamente ao banco vizinho, primeiro sinto a pele macia e quente, acho que é o rosto, deslizo um pouco mais para o lado e sinto músculos, deve ser o braço, desço mais e mais, até que sinto pequenos pelinhos fazerem cócegas na minha mão. Franzi o cenho, Theo não usa barba, só se anjos terem o dobro de hormônios. Ouço uma respiração ofegante, quase como um gemido baixo, e então a visão volta, temo tirar a mão esquerda dos meus olhos, quem está no meu lado? Aonde eu estou acariciando?
Quando enfim eu arranjo coragem o suficiente, olho para o lado e vejo, o garoto alto e musculoso que estava sem camisa, ele tinha a cabeça inclinada para trás e a garota do banco ao lado fitava-me horrorizada, abaixo a cabeça lentamente e solto um gritinho, tiro a mão daquele lugar não consigo evitar a careta de nojo que fiz. Eu estava com minha mão, minha frágil e delicada mão, na VIRILHA do garoto!
Passo a mão no tecido do banco á minha frente e gemo de nojo, não consigo olhar sequer para aquela maldita mão. Quando dou-me conta que há pessoas encarando-me, principalmente o garoto que apesar de ainda sentir nojo, ele não era tão feio, tinha cabelos loiros e usava um boné azul, igual a sua bermuda jeans, e o cheiro de sabonete do colégio que ele exalava deixava as coisas um tanto menos nojentas.

S.O.S CupidoWhere stories live. Discover now