Grande Dia!

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— Anaaaa!

— Calma, amor, eu já estou indo.

— Amor, a Faith está chegando.

Eu sei disso, mas me atrasei arrumando as meninas. Ninguém nunca pensa no quanto é difícil arrumar quatro meninas. Todos as pegam quando já estão limpas, cheirosas, usando vestidinhos com lacinhos e tudo mais, porém, ninguém pensa no trabalho que dá banhar quatro bebês, trocá-las, passar pomada, colocar vestidinhos e no final das contas, deixá-las prontas para um passeio.

Mosés teve que ir a Handerson, então hoje fomos apenas eu, elas e a Lupe. Dulce teve que faxinar a casa, e como Lupe foi quem organizou o almoço em família, acabou que sobrou apenas para mim.

Não me importo de ficar com as minhas meninas. Elas já começam a engatinhar e dar de mamar é a tarefa mais difícil. Ayla disse que daqui a alguns meses terei que tirá-las do peito.

Tenho pena. Só de pensar, sinto meu coração acelerando.

Enfim, chegou o grande dia.

Hoje conheceremos o pai de Mosés. Ele está daquele jeito, uma pilha de nervos. Acho que faz umas três noites que não consegue dormir direito. Está ansioso, nervoso, e isso me deixa agitada, também. É óbvio que não me agrado muito com a situação, mas prefiro passar por todas essas fases com ele.

Mosés reuniu coragem durante toda a semana para conversar com Phill, mas não conseguiu. Nem por telefone tampouco pessoalmente. Quando ele veio nos visitar e ver Safi, Mosés desistiu. Disse que queria ter a certeza de que era mesmo filho dos Silver, para então poder contar ao pai que o criou.

Claro que eu entendo suas inseguranças e receios. De uma semana pra cá, ele anda muito agitado. Mas tudo isso se dá pelo fato de ele querer muito conseguir compreender suas origens, e, principalmente, reencontrar a mãe.

Isso é muito mais que importante para ele. É fundamental.

Mosés tem dado passos importantes depois que Faith o aceitou como irmão, e é claro, ele a ela, que vem nos visitar sempre que pode. Confesso que nunca pensei que iria me identificar tanto com alguém, mas ele... ele é grudado nela.

Conversam por mensagem, por telefone, por chat, e não há uma noite que Faith ou Mosés não liguem um para o outro a fim de falarem sobre como foi o dia do outro. Mosés falando de fraudas, enquanto Faith conta seus momentos com Cameron. Eles dois estão juntos. Ainda que ela não admita, acho que ainda está na fase de aceitação. Parece que ele gosta muito dela, mas a minha nova cunhada é um pouco travada nesse sentido.

O meu marido me conta tudo. Fala sobre o que conversa com Faith e se entusiasma com a amizade de sua irmã. Acho que ele nunca teve, de fato, alguém com quem conversar, além de mim. Sinto-me feliz de vê-lo tão bem, mantendo contato com sua irmã biológica.

Safi tem se recuperado conforme o esperado. Ela faz fisioterapia e tem sessões com a fonoaudióloga. Inclusive, já está reaprendendo a mastigar sua própria comida. Em breve esperamos tirar a sonda. Ela faz parte de praticamente todo nosso dia. Nos acompanha nas refeições e, durante a tarde, sempre que ficamos com as gêmeas na sala, Safi permanece conosco, brincando com as minhas pequeninas.

Ela as adora.

— Amooooor!

Meu Deus do céu.

— Moisés Hallan Handerson, eu estou me maquiando! — grito.

Fico tão brava quando ele se torna insistente. É muito cansativo.

O invasor entra no banheiro, seu olhar refletido diante do espelho demonstra tanto medo que me sinto culpada. Suspiro e deixo a máscara para cílios de lado.

— Desculpe, bebê, estou nervoso.

Dá pra ver de longe seu nervosismo.

Mosés se aproxima e me viro para ele. Seguro sua mão e o puxo para mim, lhe dando um selinho. Meu esposo coloca os braços em volta de mim e me aperta com força.

— E se ele não gostar de mim, amor? E se ele me achar estranho?

­— Ele te achará incrível, um homem e tanto.

Quando ele fica inseguro, me sinto impotente, porque sempre vejo Mosés com sua imagem intocável. Ele me dá tanta força com relação às minhas inseguranças desde que nos conhecemos, que é meio complicado entrar em minha cabeça que ele se sinta assim consigo mesmo.

Mosés é tão forte em muitos sentidos. É estranho pensar que algo o fere e isso me atinge diretamente, de um jeito tão rápido e voraz, que me faz sentir medo, bem como tristeza. Estamos conectados de uma forma que acho que jamais saberei explicar.

— Ele vai te adorar, amor — incentivo, mas é sincero.

— Fique por perto, está bem? — ele pede, um pouco manhoso.

— Se você cair, eu caio junto, para que quando você se levante, eu esteja ao seu lado levantando também, meu bem.

Ele sorri, cola a testa na minha e me beija, carinhoso.

— Vou conhecer o meu pai, Ana — diz, como se precisasse de uma autoconfirmação.

— E vai dar tudo certo.

— Mosés...

É a voz da Faith.

Mosés se afasta um pouco e me dá um beijo leve.

— Vai lá, eu já estou indo.

— Não demora, amor. — O pedido sai como uma súplica.

­ — Não vou demorar, meu amor — prometo.

Então ele sai do banheiro com um olhar esperançoso. Respiro fundo e finalizo minha maquiagem rapidamente.

Hora de conhecer o sogro número 2, Ana, digo para mim mesma.




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Garota G.G V - DEGUSTAÇÃODonde viven las historias. Descúbrelo ahora