Prólogo

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Nunca tive um paradeiro. Nunca tive uma casa para chamar de minha. Nunca nem tive uma família. A vida sempre foi dura comigo, e aqui estou eu, olhando todas essas pessoas chapadas ao meu redor, caras passando suas mãos enormes pelo meu corpo.

Eles pensam que estou me divertindo, todos pensam que a velha Lana adora uma festa com álcool e drogas. Não posso negar que as vezes isso é bom, sabe. Esquecer os problemas, esquecer como foi ser rejeitada pelos pais, pelos amigos, por todos. Mas essas pessoas, essas pessoas tropeçando e rindo como se não houvesse o amanhã em minha frente, elas são minha família agora.

Pelo menos até agora. Assim que eu conseguir meu dinheiro com Tomas, vou para o México. Sozinha, andando pela estrada, sem malas, bolsas, nenhum tipo de bagagem, apenas com dinheiro no bolso do meu jeans, acompanhada somente pela sorte.

Agora estou na América do Sul, mais especificamente no Brasil. Estou aqui a quatro semanas, e já conheci muitas cidades. Meu último destino é Santos, uma boa cidade. Encontrei um grupo de Mochileiros em São Paulo a duas semanas atrás, eles me ensinaram algumas palavras mais essenciais para a comunicação aqui. São boas pessoas, principalmente Amanda. Ela fala minha língua, e vem me ajudado bastante. Amanda me contou a história de como largou tudo o que tinha para viver com Alejandro, apanhou de seu pai por ter largado a faculdade.

As vezes eu sinto que ela está arrependida, Alejandro olha para outras mulheres com desejo, é notável, quanto para Amanda, apenas selinhos e abraços. Me sinto culpada por um lado, antes de me juntar a eles, dormi com Alejandro, e então ele me convidou para se juntar a ele e seus amigos. Quando ele me apresentou a Amanda, fique surpresa, mas nem tanto, já conheci muitos caras como ele.

- Lana? - uma voz baixa me chama de dentro do carro no qual estava sentada no capô, me virei e vi Amanda com a cabeça do lado de fora. Sorri para ela e acenei com a cabeça para que continuasse.

-Pode vir aqui um instante? - estava falando minha língua, o assunto deve ser sério. Andei até lá e abri a porta traseira, entrei com minha garrafa de cerveja na mão e fechei a porta.

- Aconteceu algo? - disse um pouco apreensiva. Ela sentou-se de lado no banco do motorista e olhou para mim, depois para as mãos apoiadas na coxa.

- Eu sei o que aconteceu entre você é Alejandro antes de se juntar a nós- wow, isso foi rápido demais para mim. Antes que eu pudesse falar algo, ela prosseguiu. - Eu não te chamei aqui para brigar ou algo do tipo, nosso namoro já não é o mesmo a muito tempo, e você não foi a primeira com quem ele me traiu.

Mesmo estando um pouco escuro, eu conseguia ver as lágrimas banhando seu rosto, e seus pequenos soluços cortando a frase de vez em quando. Engoli em seco e esperei que ela continuasse.

- Eu não te culpo por nada disso, você ao menos sabia quem ele era. Ainda agradeço por ter me respeitado ao rejeitar as insinuações dele. Ao contrário de Jacy, que esfrega na minha cara que ainda dorme com ele, e eu consigo ouvir o gemido dos dois vindo da mata. Eu tentei revidar ontem a noite, com Bruno, mas ele nos viu e acabou fazendo isso. - Amanda puxa as mangas do seu casaco amarelo no qual era enorme nela. Peguei meu celular no bolso e liguei o flash, quando coloquei a luz sobre seu braço pude ver vários cortes, alguns eram bem profundos.

- Amanda, por que não chamou alguém para impedir? Poderia ter chamado a mim. Onde estávamos que não ouvimos nenhum tipo de gritaria? - perguntei indignada, aquilo não podia ser real.

- Ninguém podia impedir, Lana, nem mesmo você. Foi Alejandro quem juntou todas essas pessoas, quem as encorajou a largar tudo, assim como eu. Eles tratam ele como um líder, e fazem tudo o que ele manda. Eu disse que queria terminar, mas ele me ameaçou, ameaçou Bruno. - Cobriu seus cortes novamente e me olhou nos olhos.

- Agora eu preciso que você preste muita atenção, ok? - apenas concordei com a cabeça e a encarei de volta. - Eu achei dinheiro escondido nas coisas dele, muito dinheiro. Deve ser o que ele roubou de todos nós antes de vir pra cá, e eu quero que pegue um pouco desse dinheiro. - ela tira um saco plástico com três bolos de dinheiro do bolso do casaco e coloca nas minhas mãos.

- Eu peguei para mim também, amanhã bem cedo irei fugir com Bruno, não para ficarmos juntos, mas porque se continuarmos aqui, Alejandro pode nos matar. Eu te aconselho a fazer o mesmo, pois quando ele se der conta de que seu dinheiro sumiu, vai vasculhar as coisas de todo mundo. - aquilo era muita informação pra minha cabeça, mas tentei absorver o máximo que podia.

- Mas, Amanda, por que está fazendo isso por mim? - questionei.

- Por que você me ensinou a ser corajosa, Lana. Me ensinou a não ter medo de tentar, e tirar proveito de quem tira proveito de outras pessoas. - rimos e então Amanda se esticou para me dar um abraço. Agradeci e então escondi o dinheiro dentro da minha jaqueta.

Quando desci do carro, Jacy veio cambaleando até mim.

- O que as duas melhores amigas estão fazendo sozinhas dentro do carro? - ela se aproximou e pegou uma mecha do meu cabelo, fechei a cara só por sentir o cheiro forte de álcool.

- Não é da sua conta, cadela! - a empurrei e sai andando. Quando dei o terceiro passo, ouvi uma garrafa quebrando e senti ela puxar meu cabelo.

- Deixa eu te ensinar a nunca encostar em mim de novo! - disse me virando rapidamente e a derrubei.

- Ei, o que está havendo por aqui? - Alejandro apareceu do meu lado.

- Essa vagabunda me derrubou! - Jacy disse se fazendo de vítima. Serrei meus olhos e encarei ela, como pode ser tão cínica?

- Ok, então levanta e vai tomar um banho no lago, eu já levo uma toalha pra você. - a ajudou a levantar e ela saiu tropeçando até sua barraca. - Eu e você conversamos mais tarde, Del Rey. Só não comente nada com a Amanda, ela pode ficar com ciúmes e isso gera muitas brigas. - Alejandro pisca para mim e sai atrás daquela coisa.

Agora é só torcer para que ele não tente nada do que ele pode, qualquer paço em falso nosso plano pode ir por água abaixo.

Alou hauahauahau
Estava em dívida com vocês (quem lê BJ), então aqui está o primeiro capítulo de Ride!
Dessa vez sem promessas, espero que gostem pois tenho muitas ideias para essa fic szsz

RIDEWhere stories live. Discover now