Capítulo 7

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Mel

Meu rosto queimava de ódio, ódio pelo meu pai me tratar como se eu fosse uma pessoa qualquer, ódio por ter conhecido esse garoto, ódio por sentir um instinto gigantesco de defendê-lo, ódio da minha mãe por ter se casado com Adam Sherwood, ódio por não agradá-los como queriam, e principalmente, ódio de mim por estar chorando no banheiro da escola.

O meu único sentimento naquele momento era ódio e vergonha, tudo o que eu queria era me enfiar em um buraco e nunca mais sair.

Olhei meu reflexo no espelho, e as lagrimas escorriam junto com o rímel, deixando minha aparência horrível . Limpei meu rosto com raiva e me ajeitei. Eles querem guerra? Guerra eles vão ter.

Saio do banheiro batendo porta e volto para sala, o professor de Ed. Física foi substituído pelo de inglês que era 1000x melhor e mais simpático.

- Com licença professor, posso entrar? – pergunto meiga

- Claro Melissa, entre – ele diz parando de passar matéria no quadro.

Vou ate o meu lugar pisando duro e me sento sem olhar para ninguém.

- Onde você se meteu? – pergunta Ester, claramente preocupada

- Tive que resolver uns problemas – Digo seria e sem olhar para ela

- Você chorou? – pergunta Ali

- Não Alison, eu estou bem! Dá para prestar atenção no professor? – digo grossa e rapidamente me arrependo. Elas não tem culpa do meu pai ser um babaca. – Desculpa, é só que eu estou estressada com tudo isso

Elas me dão um sorrisinho em compreensão e voltam a encarar o quadro, faço o mesmo que elas e 2 minutos depois eu sinto alguém, alguém não, o Tyler chutar minha cadeira. Ignoro para ver se ele age como aquelas crianças que param de chorar se não damos atenção, mas ele continua.

- O que foi? – viro a cabeça de leve e sussurro brava

- Você está bem? – ele pergunta

Algo em sua voz me parece familiar, como se ele tivesse preocupado, pois era o mesmo tom que Henry usa quando está preocupado comigo ou com as meninas.

Tyler não é Henry, ele não está preocupado! Só quer tirar sarro da sua cara por presenciar o momento vergonhoso com meu pai.

Meu consciente me lembra...

Tyler

Voltei para sala na mesma rapidez em que sai, mas minha mente estava na porta daquela merda de banheiro, onde a garota bonita de olhos castanhos claros se escondeu. Minha mente só pensa em como um pai pode tratar a filha como uma boneca, como se ela não fosse nada.

Eu realmente achei que ele iria bater nela bem ali na minha frente, ver como seus olhos estavam trasbordando vergonha me deu uma pontada de um sentimento que para mim até agora era desconhecido. Seria compaixão? Pena? Não sei dizer, mas me senti mal por ela, e queria, com toda a minha alma desajeitada, saber se ela estava bem.

- Para de fingir que se preocupa – murmurou ela.

- Não estou fingindo muito menos preocupado, mas não acho legal que ele tenha te tratado assim – Exclamo. Ela não diz mais nada, mas algo em mim exige que eu continue conversando com ela. – Me desculpa por ontem.

- Tá – ela responde sem fazer muito caso

- Não, é serio! Desculpa, eu fui um idiota. Você me ajudou, eu poderia estar bem pior agora – pego uma mexa de seu cabelo e dou uma leve puxada e ela se vira

- Você continua sendo um idiota, mas eu aceito suas desculpas – ela da um leve sorriso

- Você está realmente bem? –perguntei esperando uma resposta honesta

- Não, mas vou ficar – ela sorri e eu retribuo

Ela se vira para frente e eu continuo mexendo naquela pequena mexa preta de cabelos, que por um acaso tem cheiro de rosas. O que é que eu to fazendo? Solto seu cabelo ao mesmo tempo em que o sinal do intervalo bate.

Todos vão em direção ao refeitório, já eu vou direto para o lado de fora do refeitório, onde jogadores de basquete e futebol estão se exibindo para as mimadas e nojentas, quero dizer garotas... Sento-me encostado ao um muro bem distante de tudo e por ali fico.

Observo tudo com muita atenção, e não é que tem umas garotas bem gostosas? Um grupo de meninas passa por mim dando risadinhas e eu acompanho suas belas pernas até sumirem de minha vista. Até que essa escola não vai ser má ideia. 





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