Um ano pode mudar muita coisa na vida de alguém, que o diga Rebekah Campbell.
No espaço de um ano, descobriu coisas sobre si mesma que pensava serem impossíveis.
Ela conseguiu abrir o portal e agora tem todo um novo mundo para descobrir. O problem...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Volto a inclinar-me para o lado sob o colchão branco e pouso o telemóvel em cima da mesinha. Logo após dirijo o meu olhar para o Thomas. Ele continua em frente à porta de madeira. Esta é a primeira vez que o vejo desde que acordei - desde que saímos daquela cave - e é impossível não reparar no seu braço que, e como o médico já me tinha dito, se encontra ao peito. O seu rosto, apesar de estar tão sorridente quanto me lembro, apresenta alguns arranhões e um fino penso branco adorna a zona logo a cima da sua sobrancelha.
- Estás com melhor aspeto. - ele fala, aproximando-se da minha cama.
Sorrio.
- É bom saber que já não pareço a Morticia Adamms.
Ele sorri com a minha resposta, mesmo que o nome da mãe de uma das famílias mais peculiares do cinema lhe seja completamente desconhecido. Nunca me irei habituar à ideia de estar num mundo completamente diferente do qual eu cresci e onde as pessoas não entendem mais de metade das minhas referências.
- Não tens dormido muito, pois não? - pergunta, após algum tempo a encarar-me.
É complicado dormir quando, de cada vez que fecho os olhos, sou atingida por imagens assustadoras de Volks a atacarem-me, penso.
Suspiro e encolho os ombros.
- Eu só quero sair daqui.
Ele assinte e senta-se no cadeirão ao lado da cama. Ele parece um pouco desconfortável e pensativo, como se estivesse a travar uma batalha interna.
- A minha mãe veio falar comigo. - confessa.
- A sério? - pergunto, surpresa. A mãe do Thomas abandonou-o. Deixou-o com o pai e fez questão de deixar bem claro que não queria ter qualquer tipo de relação com o filho. Quando eu roubei o seu processo do hospital e ele a procurou, ela voltou a afirmar que não queria que ele a voltasse a procurar, porque é que ela agora mudou de ideias?
Ele assinte.
- Ela pediu-me desculpa e disse que quer começar de novo. Que está arrependida do que fez e que só quando soube que eu poderia morrer é que percebeu do quão estúpida foi a sua atitude. - ele solta um sorriso nervoso. - Ela disse que não quer mais esconder que teve um filho com um Guardião e que está disposta a fazer de tudo para obter a minha confiança.
Enquanto fala o Thomas não deixa transparecer qualquer tipo de emoção. É impossível saber se ele está feliz por ter a oportunidade de conhecer a sua mãe ou se, por outro lado, não está minimamente interessado em criar laços com ela.
- Isso é bom, certo?
É a vez dele encolher os ombros.
- É, acho que sim.
O silêncio toma conta do quarto. Tanto eu como o Thomas mantê-mo-nos calados, coisa que nunca tinha acontecido antes. Sempre que estávamos juntos arranjávamos tema de conversa, e nunca tínhamos sido apanhados por estes silêncios constrangedores. No entanto hoje paira uma tensão no ar e eu não sei como a desfazer.