Procurou pela porta da frente o mais rápido possível, saindo de lá e esquecendo totalmente de Gabe, que provavelmente não iria voltar tão cedo para casa. As lágrimas começavam a sair em mais quantidade e velocidade, e Castiel só queria entender o por quê.

O final de semana passou lento e arrastado, mas finalmente lá estava Castiel, faltando a terceira aula de história para que pudesse ter a sala de dança inteira só para si. As grandes janelas que ocupavam a largura superior de uma das paredes era a única iluminação ali, e os ecos dos passos de Castiel eram os únicos sons emitidos no silêncio que poderia perfurar uma alma inquieta.

All That Jazz, número de abertura do musical Chicago acompanhava os leves e delicados passos que o jovem dava pela sala, até ficarem mais violentos e fortes, com os ecos que o atrito entre a palma da mão e as coxas fartas do garoto faziam, ou os passos fortes e carregados. Chicago era um de seus musicais favoritos, e atingir o talento de Catherine - Velma, na película - era um de seus sonhos. Velma era, aliás, sua personagem favorita. Sua personalidade, sua história. Eram fortes, uma das coisas que Castiel mais gostaria de ser.

Seus movimentos eram perfeitos, uma mistura do próprio número do musical com a adaptação do seriado
Glee - uma de suas series favoritas - interpretado por Kate Hudson e Lea Michele.

Hold on, hon, we're gonna bunny hug – Uma voz tipicamente rouca se fez presente, e Castiel não precisou se virar orar reconhecer o loiro. – I bought some aspirin down at United Drug

O moreno ignorou o outro encostado na batente da porta, e mesmo que tivesse que admitir que sua voz era inebriante, não foi uma tarefa difícil. Bem, não estava sendo uma tarefa difícil até os passos pesados do outro se fazerem presente cada vez mais próximos de onde o moreno ensaiava.

Come on, babe, we're gonna brush the sky – E não foi possível resistir quando a mão do loiro tocou em sua cintura enquanto o mesmo continuava a música, puxando Castiel pelo salão e o girando até acabar preso em seus braços, de costas para si para deixar que sua boca encostasse suavemente na nuca do moreno e fizeste um curto caminho até perto de sua orelha. –How could he lend an ear to all that Jazz?

Castiel se soltou em um movimento brusco, se afastando do outro ali. Sua expressão era de raiva, porém suas bochechas coradas deixavam rastros de dúvidas. Quem diria, seria Dean Winchester um fã de Chicago?

– Uma vez eu transei com uma garota no carro e essa música tocou. Fiquei com ela na cabeça por semanas. Tanto a música, quanto a garota. – Não, não era. O loiro finalizou a frase com um pequeno sorriso de lado enquanto cruzava os braços, como se esperasse alguma reação exagerada por parte do mais novo ali. – Aliás, belos movimentos, suas pernas se abrindo e os tapas na região da coxa são realmente uma coisa que eu me interessei, princesa.

Dean Winchester era inacreditável, e Castiel já tinha alcançado seu limite com ele. Primeiro as piadas com o time de rugby, e agora invasões aos ensaios e apelidos? Não era como se tudo que Castiel sentisse por Dean tivesse sido apagado e mandado para o espaço -e como o moreno queria - mas era mais como se tudo ainda estivesse lá, porém coberto por uma camada de ódio e uma vontade enorme de arrastar aquele rosto perfeito no asfalto. Ele odiava Dean, e odiava ainda mais o fato de seu corpo ter estremecido a cada toque anterior dele, esperando que suas bocas de colassem mais uma vez.

– Olha, sobre a loira na festa, foi mal. É isso não é? Por isso ignorou minhas mensagens e está me ignorando agora. Desculpa princesa, eu não tava pensando direito. – O tom na voz de Dean parecia ter algum resquício de sinceridade, mas não era como se Castiel fosse engolir uma frase tão mal formulada. Ele ainda estava machucado, e Dean percebeu isso. Foi assim que, com um "me liga" e um pequeno aceno de mão, Dean saiu da sala deixando Castiel mais uma vez sozinho, dessa vez com o último refrão da música.

Foi até a barra, apoiou em uma mão e suspirou.

And all.

Fez um fondu.

That.

Seguido de um adagio.

Jazz.

E finalizou com um grand battement.

Fondu.
O fondu é uma flexão da perna de base, enquanto a outra recolhe ao mesmo tempo. É como se fosse um pilé mas em uma perna.

Adagio.
Este nome é atribuído aos passos em que se utilize a sustentação das pernas no ar. São normalmente movimentos suaves e lentos.


eae man kkj att da madrugada como sempre

Eu não acredito q tive q ouvir 38292 versões de All Thar Jazz diferentes pra conseguir inspiração pra esse capítulo + ouvir em loop Girls Your Age by Transviolet (OUÇAM ESSE MUSICÃO DA PORRA)

mas espero q tenha ficado top e aí eh nois

Fragile •Donde viven las historias. Descúbrelo ahora