Lucia – Taís pare de perturbar seu tio.

Daniel – Deixa, ela não perturba não. Vai ser minha enfermeira particular, não é mocinha?

Lucia – Daniel, liguei na seguradora e já rebocaram seu carro, também liguei no seu trabalho e avisei do ocorrido.

Daniel – Obrigado Lucia, mas mais tarde vou trabalhar.

Lucia – Disseram que não precisa.

Lucia – Só não entendi uma coisa. Não tinha boletim de ocorrência, quem te resgatou de lá?

Daniel – Também gostaria de saber, vai ver foi algum motorista que passava por ali.

Daniel – Queria mesmo saber, até pra poder agradecer.

Taís – Foi o anjo tio. Daniel riu, confirmando para a sobrinha.

Daniel – É verdade, deve ter sido um anjo.

Daniel ficou mais um tempo deitado com a sobrinha e no meio do dia saiu para resolver algumas coisas.

Henrique – E ai meu amigo, fiquei sabendo do acidente, que susto hein?

Daniel – Não foi nada demais, ainda não foi minha hora.

Henrique – Nem brinque com essas coisas.

Daniel – Fui ver meu carro, até que o estrago não foi dos maiores.

Henrique – Eu te falei que aquele lugar era o fim do mundo, mas você não me deu bola.

Daniel – Só passei mesmo pra dar uma satisfação.

Henrique – O chefe quer falar com você.

Daniel – Que droga hein, o que será que ele quer?

Daniel foi até a sala de Manoel que se mostrou preocupado até ter certeza que só tinha sido um susto. Daniel tentou argumentar, mas foi em vão, seu diretor direto o obrigou a tirar uns dias de licença até ficar completamente bem.

Daniel – Vou nessa, ganhei umas férias forçadas, que droga viu.

Henrique – Reclama não cara, aproveite pra curtir e cair na noite.

Daniel deu um sorriso e voltou pra casa, no fundo ainda estava um pouco contrariado de ter que ficar atoa, o trabalho pra ele era como uma válvula de escape, que servia para descarregar todas suas frustrações, problemas, medos. Mas nem tudo estava perdido, pelo menos tinha sua sobrinha, que iria alegrar seus dias.

No primeiro dia foi tranqüilo, Daniel acordou mais tarde, levou a sobrinha até a escola, depois foi ao supermercado para a mãe, já a tarde recebeu a visita de Pablo e Malu.

Malu – Você quer me matar do coração é, seu cachorro.

Daniel – Calma minha amiga, só foi um corte na testa, prometo que no próximo eu capoto o carro.

Malu – Se é pra achar graça, não funcionou.

Daniel – Calma gente, estou bem, só to injuriado de ficar aqui em casa atoa.

Pablo – Se ganhou uns dias de licença, vamos curtir todas, essa semana to cheio de shows pra fazer.

Pablo – Pode ir me fazer companhia.

Daniel – Sair à noite no meio da semana?

Malu – O que tem? Quem sabe seu príncipe encantado não irá aparecer numa quarta-feira. Daniel que até então parecia bem humorado, mudou sua expressão.

Daniel – Meu príncipe encantado já apareceu Malu, mas ele me deixou sozinho.

Malu percebendo o clima estranho que iria ficar, por ter feito mesmo que involuntariamente fazer Daniel recordar-se de Thiago, tratou logo de mudar o rumo da conversa.

Malu – Sim meu amor, seu príncipe te deixou, mas seus amigos estão aqui.

Malu – Mas saia sim, pelo menos pra conhecer novos amigos ou uma companhia agradável.

Daniel – Quem sabe.

Pablo – Só não entendi uma coisa? Como te acharam no mato, la naquele fim de mundo?

Daniel – Também nem imagino.

Malu – Hummm, você tem um salvador misterioso.

Daniel – A Taís, disse que foi o anjo. Tudo pra ela agora é anjo.

Malu – Que lindo, seu herói te resgatando entre as ferragens, te pegando entre os braços, fortes, sarados.

Daniel – Menos né Malu, foi só uma batidinha e um desmaio.

Daniel – Você consegue criar histórias mirabolantes em qualquer coisa hein.

Malu – Não é atoa que sou uma jornalista né, tenho que fazer a mente voar.

Daniel – Bom, seja quem for, não deixa de ser um anjo mesmo.

O resto do dia foi sem novidades, Daniel buscou Taís na escola e a noite ficou vendo TV, até esperar o sono chegar.

No segundo dia foi ainda pior, sua irritação já era visível, ficou o dia todo caçando alguma coisa pra fazer, mas só via as horas se arrastando devagar, quase parando.

No terceiro dia Daniel não agüentou, mesmo desrespeitando as ordens do patrão, resolveu voltar ao trabalho. Emprestou o carro da irmã e no primeiro horário já estava novamente no trabalho.

- Bom dia Daniel.

Como era de se esperar, logo que chegou foi o centro das atenções, explicando a todos como foi o acidente, contando detalhes e deixando claro que só tinha sido um susto mesmo.

Passado o momento de recreio, voltou para sua sala e retomou suas atividades, se interando do que tinha acontecido nos últimos dois dias, nem vendo o tempo passar.

Já era começo da tarde e circulava no meio da obra, quando deu de cara com seu patrão.

Daniel – Seu Manoel? O Senhor aqui?

Manoel – Achei que tinha lhe dado licença.

Daniel – Sim, desculpa, mas é que estou bem mesmo.

Manoel – Sei, olha lá hein.

Daniel – Fique tranqüilo, estou bem mesmo.

Manoel - Bom já que esta aqui, então vai trabalhar.

Daniel voltou para sua sala, ainda sem saber o porquê de o patrão estar ali, mas achou melhor nem perguntar.

Daniel estava em sua sala e de uma das janelas dava pra ter uma visão de todo o pátio, onde alguns funcionários estavam trabalhando, até que algo chamou sua atenção.

Daniel voltou olhar para baixo, vendo todo o pátio, não acreditando no que via.

Daniel – Isso não é possível.

Daniel se aproximou ainda mais olhando pelo vidro até ter certeza do que via.

Daniel – Mas isso é um abuso.

Imediatamente desceu pelas escadas, indo para o pátio, passando por alguns operários.

Daniel – Ei, você!!!

Aquele homem de branco levantou o rosto, olhando diretamente em seus olhos e no mesmo instante soltou aquele lindo sorriso.

Daniel – Qual parte do "me dei alta" que você ainda não entendeu?

- Se acalme Daniel.

Daniel – Respeite minha decisão, não vou voltar pra hospital algum.

Daniel – Vai embora daqui!!!!!!

Continua...

Além da Vida (Romance gay)Where stories live. Discover now