Ela já estava atrasada, a festa já estava acontecendo e, mesmo que tivesse marcado de só estar lá as 18h, ainda lhe faltava a pior parte de se arrumar que era: escolher a roupa.

Já estava sentada na cama de frente para o guarda-roupa por quase metade do álbum sem saber o que fazer e sem sentir vontade de ligar pra Sabrina – que além de estar bastante afastada dela há algum tempo, ainda poderia estar acompanhada -, quando abriram a porta do seu quarto sem mais nem menos.

Ela se virou, alarmada, apertando a toalha em volta do corpo, até perceber que era Marcos.

- Desde quando você é um invasor de privacidades alheias? – ela esganiçou, ainda com uma mão firme nos nós que seguravam a toalha no corpo, enquanto com a outra abaixava o som o suficiente para que eles pudessem se ouvir.

- A gente tem intimidade para isso e eu estava torcendo para te pegar pelada. – o engenheiro deu de ombros, se jogando na cama da menina em seguida, no maior conforto.

- Bom, eu sinto muito, engenheiro.

- Por superestimar nossa amizade ou por você estar vestida? – indagou, os olhos claros passeando sem restrição pelas pernas expostas dela. - Porque deixa eu te dizer, um pedaço de pano desse tamanho deixa pouco à imaginação. – ele passeou a ponta da língua pelo lábio inferior, conseguindo com sucesso deixá-la corada.

- Você é um tarado. – resmungando, Mariah achou um blusão masculino da faculdade que tinha comprado para dormir, e o vestiu por cima da toalha, que logo depois pôde ser descartada com segurança. Ela estava um pouco mais coberta agora, ao menos na parte do colo.

- E você adora. Escuta, porque você ainda não tá pronta e tá ouvindo música de fossa? Eu nem te dei um fora...

Não conseguindo conter o riso, a artista deixou um tapa no ombro do garoto que, agora ela percebia, estava impecável em uma calça jeans justa e cheia de rasgos e uma camiseta preta de gola em V. Ela se recusava a encarar Shawn Mendes como "música de fossa" então preferiu ignorar aquela parte do comentário.

- Eu me atrasei, a música me distraiu, e agora eu não sei que roupa usar. – explicou, voltando-se ao dilema tipicamente feminino do "eu não tenho roupa pra vestir".

Em um impulso rápido, Marcos estava de pé e analisando o armário aberto da mesma forma como ela fazia há segundos.

Quando os olhos azuis cravaram em algo que lhe chamou atenção, ele pescou a peça com os dedos e a estendeu à amiga, com um sorriso galante. Era uma saia preta e branca de desenhos fortes e abstratos que deixavam a bunda dela maior do que era realmente, e por isso mesmo ela só usava quando estava à caça.

- Eu não sei...

- Você vai ficar horrorosa em qualquer roupa. Essa aqui tá ótima. Anda, vai vestir.

Era engraçado como aquela heresia óbvia podia soar tanto como o melhor dos elogios quando proferido pela boca desenhada do loiro. Revirando os olhos em aceitação, ela tirou o pedaço de tecido de bandage da mão dele e agarrou uma blusa cropped preta que combinava, indo para o banheiro da suíte.

Enquanto se vestia e finalizava a maquiagem - que incluía seu inseparável batom vinho -, ouviu Marcos aumentar novamente a música e cantarolar desafinado de propósito para fazê-la rir e borrar o rímel.

Destrancou a porta até pra mostrar pra ele o estrago, rindo da própria desgraça, e ele foi até a amiga, ameaçando piorar a situação. Mas Mariah virou-se de costas para ele antes que corresse os dedos grandes pelas poucas manchas pretas, já embebendo um cotonete no demaquilante para consertar a bagunça.

[Degustação] Amigos com BenefíciosWhere stories live. Discover now