Único

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Maria o amava, mesmo sem querer, mesmo lutando contra, mesmo não admitindo, ela o amava. Não queria e não podia se apaixonar por Toni. Se sentia uma tola por deixar que isso acontecesse. Se sentia humilhada todas as vezes em que ele atendia o telefone e, quando ela perguntava, ele dizia que era sua esposa.
Talvez a maior humilhação de todas fosse o papel que ela estava prestando. A outra. E, mesmo assim, lá estava ela pronta para sair e se encontrar com o loiro.

-Onde você vai? -Annlu pergunta, ainda entretida com o celular. Já sabia a resposta, mas queria ouvir a confirmação.

-Toni me ligou, vou me encontrar com ele. -dá de ombros, esperando pelo sermão da melhor amiga, que mal podia acreditar naquilo.

-Ah, não, Maria. -larga o celular e a encara indignada. -Você vai mesmo se encontrar com esse cara? Eu não acredito nisso! Será que tudo o que eu falo entra por um ouvido e sai por outro?

-Sinceramente? Eu nem me dou ao trabalho de dar atenção. Anna, cuida do seu jogador e eu cuido do meu.

-Acontece, Maria, que Marco não é meu, e Toni também não é seu. A única diferença é que o cara que eu pego é desimpedido.

Maria ficou quieta. Por vezes, Anna Luísa conseguia ser mais seca que o Saara. Mas, apesar da brutalidade de suas palavras, Annlu não mentia. Dizia o que tinha pra dizer, doa a quem doer. Isso era algo até legal, mas completamente desnecessário, na visão de Maria.

-Olha, quer saber, Maria? Ignora. Finge que não ouviu, continua nessa sua vida medíocre de amante! -tinha a impressão de que havia sido extremamente rude, mas não se importava. -Torno a dizer: para Toni, você nunca passará de amante! Sai dessa, Maria! Esse é o mundo real, e no mundo real você está fazendo merda! Como você acha que a mulher dele se sente, Maria? Acha que ela se sente alegre ao sentir o seu perfume impregnado na roupa do marido dela? Eu quase posso ouvir o choro silencioso e carregado de tristeza enquanto você e Toni transam tranquilamente na cama de um motel luxuoso...

-Para! Cala a boca, Anna Luísa! -Maria a interrompe, sentindo um aperto no coração. Havia imaginado toda a cena. Se sentia quebrada, se sentia um monstro! -Você acha que eu sou uma pessoa horrível, não é? Eu não sou, Anna! Não sou!

-Claro que não. Você é fantástica, Maria! E é por isso que eu te digo essas coisas! Você merece coisa melhor! Você merece alguém que queira mais que alguns orgasmos, você merece alguém que te diga o quão linda você é, e não alguém que só diga o quão gostosa você está na sua nova lingerie. Alguém que pegue na sua mão em público, que não te esconda, que não te faça sofrer. Alguém que olha não só seus peitos e sua bunda. Alguém que seja capaz de te enxergar por dentro, e dar valor ao que você sente aqui, -aponta para o seu coração, e logo depois para o seu ventre. -não somente aqui. Alguém que seja capaz de te amar e de mover céu e terra por você. Esse alguém, definitivamente, não é o Kroos.

A sala fica silenciosa, Annlu olhando pesarosa para Maria que tenta segurar o choro, e quando não consegue, é acolhida pelos braços da amiga.

-Por favor, meu amor, sai dessa enrascada. -murmura, acariciando seus cabelos.

-Eu o amo tanto, Ann! Chega a doer! -choraminga.

-Eu sei que sim, amiga. Mas antes de qualquer coisa, se ame!

-Eu... Eu vou dar um jeito nisso. -diz após um tempo. A voz firme e confiante, mas ficava apenas nisso. Por dentro, estava completamente quebrada.

-Toni? -ouve a voz doce de sua mulher. Suspira, se virando para encará-la. -Você vai sair de novo?

-Não enche, Jessica. -resmunga, revirando os olhos.

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