—Não, tudo bem Caio, continue.

—Então. Quando ouvi tudo aquilo não pude deixar de ficar chateado e irritado, e tantas coisas. Você é o melhor professor que alguém poderia ter, o melhor professor que já tive e te vejo como meu... — ele ia falar algo, mas desistiu. —Meu amigo, meu melhor amigo, mesmo que você talvez não me veja assim. E quando fiquei sabendo do que você fez... —dessa vez eu que olhei para baixo e quase comecei a chorar. "Deveria fazer de novo", minha mente dizia. —Eu sinto muito Pedro. Eu só queria ajudar.

Eu não sabia o que falar e eu não esperava por essa. Há um segundo eu tinha tantas perguntas, tipo, como ele me perseguiu sem eu ver? Aquilo era macabro, mas agora eu esqueci tudo. Eu só via diante de mim meu aluno, meu amigo, preocupado comigo. Tenho certeza de que se eu não tivesse vivido o que vivi, eu teria sido um adolescente idêntico a ele.

—Caio... Eu só... Obrigado. — chorei, e depois sorri em questão de segundos. —Cara, você não faz ideia de como me assustou durante esse tempo? — ele sorriu junto comigo. —Bom, agora me fala o porquê de nos encontrarmos hoje. Tenho apenas alguns minutos até ir para a próxima escola.

—Certo. — assumiu um semblante mais sério, o que me deixou um pouco desconfortável. —Eu usei alguns apetrechos tecnológicos que tenho para... Bem, invadir os dispositivos na casa dos Garcez. — ele parou como que esperando uma reprovação, que claro que eu não daria. "Uau, continue!", minha mente torcia. —E encontrei alguns fatos preocupantes, mas que podem ajudá-lo a destronar o pai de Taylor antes que ele o faça.

—Que fatos? — perguntei, e meu faro já me avisava que coisa boa não vinha aí.

—Aparentemente... Conrad tem envolvimento com algumas facções anti-governamentais, basicamente se fez amigo para unir-se aos inimigos de seus inimigos. Tem desviado dinheiro para muitos deles, na garantia de que ano que vem será eleito a governador, prometeu privilégios para eles se o apoiarem, privilégios inclusive que já está dando, tem os isentado de impostos, de taxas, de certas burocracias que um cidadão comum passa. Não me pergunte como, apenas... Um político, independente de sua posição, sempre parece ser mais poderoso para fazer o mal fora do Senado, do que o bem dentro dele, exercendo sua profissão.

A essa altura eu estava impressionado, não com as informações em si, mas com Caio.

—Caio, me desculpe, mas ainda não vi nada demais que um político não faça.

—Tem mais. — ele sorriu enquanto vasculhava o tablet e me mostrava. —Acontece que muito mais que desviar dinheiro do governo, ele tem roubado instituições como asilos, hospitais... Toda fonte de lucro pra ele é viável. Além do que, o mais louco de tudo isso é que coincidentemente, um dos maiores concorrentes de Conrad, está internado no Santa Cruz, com graves hematomas, sua ficha diz que foi abordado e agredido por dois homens em uma noite, levando várias pancadas na cabeça.

—E?

—E aí, que pense comigo! Ele estava em um lugar aleatório, a noite, perigoso? Sim. Mas perceba que esses homens, não queriam roubá-lo, partiram com a intenção de matar. — Caio me olhava vidrado, jogando cada informação com muita esperteza. —Eu também investiguei um pouco mais e descobri que esse dois homens fazem parte de uma dessas organizações financiadas por Conrad. A Scorpion Org.

—Continue. — era tudo que eu conseguia dizer diante de tudo que ouvia, e meu queixo já devia estar no chão há muito tempo.

—Um cidadão de bem, um político aparentemente sincero, e amado pelo povo, está curiosamente no hospital em estado grave, agredido por dois homens que "trabalham" para Conrad. Isso são mais do que provas do seu envolvimento. Pedro... — chamou minha atenção. —Conrad estava falindo antes de tudo isso, pesquisei suas faturas, que a mulher não tem acesso, e a maioria delas eram depravantes, esse homem quase colocou a família na rua se divertindo com as prostitutas mais requisitadas, bebendo, se drogando e jogando em cassinos... Eles vivem do dinheiro que ele desvia, por isso quero que entenda que se o entregarmos estaremos condenando sua família também.

—Jesus... Caio, são muitas informações. Eu... Eu não sei o que falar, o que fazer com tudo isso.

—Bom, nós iremos saber. Apenas fiz meu papel em lhe informar. — disse ele menos tenso depois de falar tudo e se levantou com o tablet em mãos. —Pense e me avise o que iremos fazer. Agora preciso ir pra casa, que minha mãe deve estar preocupada.

—Certo, certo. Mande um abraço para a Ester.

—Mandarei sim! — sorriu e se virou correndo para fora do shopping.

Me deixando ali naquele banco sem saber onde estava, quem era, o que fazia, o que faria, na verdade. Decidi continuar digerindo aquilo no carro em caminho ao trabalho.

Será que valia a pena sacrificar uma mãe e uma filha inocentes por causa dos atos do pai? Eu não tinha a resposta.

E o tempo estava esgotando.

***

P.O.V Caio

Finalmente, foi melhor do que imaginei, ignorando o fato da lerdeza inicial de Pedro, o que até me rendeu umas boas risadas. O encontro havia sido tranquilo, e eu me sentia confiante com Pedro agora. Muito mais estava envolvido nisso tudo, eu estava, estou, feliz.

—Mãe!!! Cheguei! — gritei animado ao abrir a porta de casa.

—Aqui! — ela deu um grito vindo da direção do seu quarto lá em cima, subi para vê-la.

Corro desesperado pelas escadas e ao entrar no quarto quase tombo pra trás. Não acreditava no que estava vendo.

—Querido? — ela perguntou preocupada, estava sentada na cama.

Mas eu nem consegui prestar atenção nela. Corri em meio as lágrimas ultrapassando-a e abraçando a pessoa que estava deitada do seu lado.

—Pai! Oh meu Deus, pai, que saudades! — eu abraçava-o forte quando lembrei que ele estava fraco e não podia sentir dor. Fiquei feliz por mesmo assim ele não ter me parado.

—Filho... — ele me olhou chorando. —Me desculpe por não estar aqui pra você, em casa, do seu lado. Desculpa por deixar essa doença estúpida nos atrapalhar. — eu não sabia o que falar. Estávamos os três chorando àquela altura.

Meu pai descobriu há alguns meses seu câncer de próstata, já em estágio IV, ou seja, ele já tinha se disseminado para outros órgãos, como linfonodos, bexiga, etc. Tudo porque meu pai tivera orgulho em reconhecer que estava ruim no início, eu o culpava um pouco, mas meu medo de perdê-lo era maior. Então ele estava internado há algum tempo já e nós só o víamos quando íamos ao hospital visitá-lo. A casa ficava extremamente vazia sem ele, ele era o que tornava aquele lugar colorido e divertido. Não acredito que ele finalmente está aqui de novo.

Enquanto matávamos a saudade, vi minha mãe ir em direção a cabeceira perto do espelho e pegar um papel. Veio em nossa direção e entregou ao meu pai.

Era a foto de um homem só.

Logo vi meu pai congelar e começar a chorar mais ainda e sem parar em cima daquela foto.

—Eu o conheci Carlos, eu conheci seu filho. — disse minha mãe, chorando, mas de alegria.

E agora eu via juntamente com meu pai aquela foto de meu irmão, e chorava junto com ele ao ver a sua felicidade.

—Conte-me, conte-me sobre ele! Quero saber tudo! — pediu me olhando.

Então sentei de frente pra ele e comecei a pensar nas milhares de coisas que poderia descrever sobre Pedro.

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Eaiii genteeee, desculpa a demora pra postar (sim, pra mim três dias sem postar já é muito tempo kkkkk)

Eu só estava totalmente sem inspiração pra esse capítulo tão especial e importante pra história.

Mas acabei conseguindo bolar algo legal, e eu gostei e vcs? Me digam e digam o que acharam dessa reviravolta. Alguém ja desconfiava?

Hahahaha bjooos bjosss









Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now