Então deduzi que era algo sério. E vi uma oportunidade para ser seu amigo, e não apenas seu professor.

—O que há de errado? Você ficou calado a aula todinha... E eu sei que essa é sua matéria favorita, você é sempre o primeiro a falar. — o garoto chorava. E agora eu me levanto, falando mais sério. —Caio, eu me importo com você, e quero que saiba que se quiser conversar estou aqui como amigo para te ouvir.

De repente ele me abraça. Um abraço muito forte.

—Obrigado... — sussura com o rosto ainda em meu peito. —Obrigado... Pedro!

—Não precisa agradecer garoto. — falei sorrindo enquanto bagunçava seus cabelos. —Estou aqui para isso!

Ele ficou mais um tempo ali chorando e depois se afastou do meu abraço.

—Mas não quer mesmo conversar comigo sobre isso? — insisti.

—Talvez um dia... — agora ele sorria, um sorriso travesso. Deu as costas e foi embora. Tão rápido que nem pude falar nada.

Estava feliz em ter ajudado. Bom, pego minhas coisas e sigo para a próxima turma. Agora vou para a turma do ensino fundamental... Que os jogos comecem.

***

Bate o último horário da tarde. Estou na outra escola e já são quase 19:30h. Me despeço da turma, pego minhas coisas e saio. Estou entrando no carro para ir embora quando o celular toca.

—Alô?

—Onde você se meteu Pedro? — era Fabrício, um professor colega meu da escola de que eu saíra pela manhã.

—Ué, como assim? Tô na Liberty, acabei de sair do último horário. — falo com um tom de "tá louco?". —Que pergunta.

—Ah, e por acaso esqueceu que hoje é a reunião de pais do ensino médio!? — ele fala irritado, pois eu estava errado e ainda assim o fiz de bocó.

—Caramba! — exclamo.

—Pois é, já tem uma fila de pais acumulada aqui esperando pra te ver. E já já o horário da reunião termina.

—Eu chego aí em um minuto, segura eles por favor! — falo desesperado, metendo a chave pra ligar o carro. —Ah, e Fabrício!?

—O quê?

—Obrigado, te devo uma! — falo e desligo.

A essa altura do campeonato, estou super atrasado. E aposto que ao chegar na escola vou me deparar com uma multidão de pais furiosos esperando para me matar. Nossa, como eu pude esquecer dessa reunião?

Dez minutos e eu cheguei na escola. Subi a escadaria da frente tão depressa que tropecei e caí de cara num dos degraus. Ainda bem que a essa hora ninguém passa por ali, ou seja, ninguém testemunhou minha vergonha.

Continuei, passei pela recepção da entrada, pelo pátio e finalmente subi as escadas que levavam aos andares das salas de aula.

Quando chego em cima, encontro um monte de pessoas. Estranho, aqui já deveria estar quase vazio.

Corri para a sala em que Fabrício atenderia os pais. Quando ele me viu, o vi pedir licença para a mãe com quem estava conversando e veio em direção a mim, que estava na porta.

Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now