Capitulo 7: "L" de Luxúria

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Capítulo Sete- “L” de Luxúria

Em passos acelerados, Lutus escondia-se por detrás da capa negra de sua irmã, já que só as capas femininas tinham capucho. Não queria ser encontrado por nenhum hélino e muito menos por um vampiro, pois em território humano a matança era livre. Facto que ele tinha intenções de mudar assim que substitui-se seu pai no Olho. Faria o contrário, as propriedades humanas seria justamente o lugar onde hélinos e vampiros não poderiam guerrear. Mas isto foi só um fio de pensamento no ninho de dúvidas e incertezas que se criava na cabeça de Lutus. Aquela …mulher… coisa… ser… o que será ela? Perguntas sem respostas que ecoavam em sua mente e que se calhar seriam respondidas esta noite.

- Será que, na verdade, isso é, nada mais e nada menos, do que uma emboscada? Não. Ela não faria isso. - ele permitia-se confiar numa criatura que apenas uma vez vira. Permitia-se ao mesmo tempo que temia esse futuro imediato tão imprevisível que o queimava por dentro. – Que tenho eu a perder? – “a vida” respondeu-lhe sua consciência mais pesada que uma bomba de canhão.

Seguiu pela “Avenida dos Prazeres” passando pelo “Grande Teatro”. Este que outrora embalou bailes maravilhosos e espetáculos esplendorosos, morria em sua própria decadência e perdia sua grandiosidade soalho abaixo a medida que se desmanchava no entorpecimento da arte moderna. Morria. Inundado em pó e esquecimento, a arquitetura gótica caía aos pedaços como grandes gotas de lágrimas tristes, frutos de pura negligência. Tal ar sombrio arrepiou a pele de Lutus. Não era só o teatro, as lojas fechadas ou a vizinhança, tudo parecia tão tristonho, vazio como a noite. Dobrou a esquina. Finalmente chegou a “Rua da Luxúria” o letreiro desfocado não foi de grande ajuda mas obviamente era aquele o lugar. A mocinha do outro lado da rua, cuja mini-saia, top sugestivo, saltos ultra altos e bolsinha giratória faziam parte de si, não conseguia esconder por detrás da maquiagem dramática, o olho enegrecido pela pancada. Lutus tinha obviamente chegado a área boémia da avenida. Onde o álcool, as drogas e o lenocínio passeavam de mãos dadas. Virgos postiços pareciam brotar no asfalto como ervas daninhas. Os passos já muito rápidos aceleravam na aflição de um lugar com o qual, Lutus não se identificava.

- Psiu! Bonitão! Hei! – a mocinha a ele se dirigia. Quando se aproximou o suficiente fez questão de se apresentar – Olá, eu sou a Laura e vejo que estás sozinho nestas ruas tão perigosas. Não pareces ser daqui – ela prosseguiu melíflua, com o seu “ganha pão”, acariciando e descobrindo o rosto por detrás do enorme capucho - …e já que estás sozinho… e eu estou sozinha… eu conheço um beco que até se pode considerar privado. E como tu até na escuridão és obviamente o meu tipo de galã, quem sabe te faço por menos…afinal o que são cinquentinha para um rosto tão perfeito como o teu…

- Ouve Maura, lamento mas não estou interessado. Até porque tenho um compromisso e estou atrasado, portanto, por favor, deixe-me seguir meu caminho. Aliás está tarde, porque é que não vais para casa. Tu pareces tão jovem, não tens porquê estar aqui nessa vida. Faz alguma coisa digna e já agora deixa-me passar, sim?

- Um compromisso? Estas horas? Por estas bandas? Traduzindo: mulher. E como a minha mãe era cigana tenho nos meus genes a doce perceção que me permite ver que se trata de uma paixão proibida que dará fruto a um amor impossível, que não acabará bem e tu sabes disso. Mas o que estou eu a dizer? – perguntou ela irónica - Sou apenas uma puta. Mas quando estiveres cansado de sofrer querido, eu vivo nas ruas, já sabes onde me encontrar. E o meu nome não é Maura. É Laura, com “l” de luxúria…

A prostituta afastou-se e deixou Lutus embasbacado com a sina que lhe foi escrita. Uma paixão proibida… um amor impossível… não acabará bem… As palavras ecoavam-lhe na cabeça, mas ele era um hélino decidido e não sairia dali sem cumprir o seu propósito. Seguiu rua adentro até encontrar o que procurava.

Allesis - Um novo comeco.Where stories live. Discover now