Sem Vida - Cinco

8.6K 1.5K 495
                                    

— Então você serviu de babá para o cara, é isso?

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.


— Então você serviu de babá para o cara, é isso?

— Não, não é isso. Eu não fui babá de ninguém, foi uma espécie de boa ação, ajudar ao próximo.

Eli ergue uma sobrancelha, enquanto ouve-me contar como achei e ajudei Oberon durante sua bebedeira.

— Sei.

— Não sabe nada. Se você o tivesse visto teria feito a mesma coisa, agora me surpreende é seu namorado, que se diz amigo dele e mesmo assim deixá-lo à mingua daquela maneira. Mancada do Roger, Eli.

— Roger disse que ele não quer visitas.

— E, por que?

— O pouco que Roger disse é que ele está num tipo de luto eterno, desde que a mulher morreu. Quando comecei a namorar, ele já estava por aí perdido no mundo, nunca conheci nem ele e nem a mulher.

— Coitado, isso é triste. Então aquelas fotos... — murmuro.

— Que fotos?

— Nada, umas fotos que vi na casa dele, devem ser de sua mulher. Eli, pelo amor de Deus, Oberon não pode saber que entrei na casa dele, avisa seu namorido para ficar de bico calado. Roger disse que se ele não se lembrasse de mim, eu teria chance de manter o emprego.

— Agatha, você acha mesmo que ele não vai lembrar? Por favor, amiga... isso é impossível.

— Claro que não, é muito possível. Você mesma já se esqueceu de várias coisas, ou então sua memória é seletiva.

— Lá vem você de novo, faz muito tempo que não bebo assim, por que sempre tem de lembrar?

— Porque eu sempre estou sóbria e tenho que aguentar os shows do seu namorado e os seus.

— Que engraçadinha! É só você deixar de ser tão santinha, e beber com a gente. Agora, vá logo para essa entrevista, e volte empregada, tempo é dinheiro. — Ela sopra um beijo para mim e sai do meu quarto.

Eu havia escolhido usar a mesma roupa de ontem, mas achei melhor não, é mais fácil não ser reconhecida se eu estiver diferente de ontem. De qualquer forma, minhas roupas são uma variação do mesmo, por fim, só mudo a cor do conjunto social que vou usar.

Recolho minha pasta com todo o material de desenho e sigo para a garagem.

— Você está tão camarada comigo, que estou me surpreendendo, hein? Muito obrigada, merece até um beijinho.

Converso com meu carro e beijo o volante, agradecendo por ele estar há três semanas consecutivas sem apresentar nenhum tipo de problema. Sem dúvida é seu novo recorde.

Dirijo pela cidade com o som ligado num volume bem alto, e canto acompanhando a voz de Adele no rádio. Quando paro no sinal vermelho, vejo algumas cabeças virando em minha direção e percebo que minha tentativa de alcançar as mesmas notas de Adele são ridículas. Mas, isso não me impede de tentar e me divertir com seus maiores hits.

Sem Vida - (Amazon e Físico no www.daniassis.com.br)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora